Inicia mais uma semana
Sinto-me como se estivesse
caminhando por entre lírios, íris, glicínias lilases, rumo ao caminho das
minhas lembranças... Sentindo um aroma de mel, abelhas voando, levando, nas
suas asas translúcidas, perfumes, cheiros, aromas dessa doce manhã, que dá
início a uma nova semana...
Preparei tela, cavalete, pincéis,
aquarela... Mas, a magnífica alvorada trazia pinceladas rápidas, com gotas de
tintas, que a natureza pintou, antes de mim.
A tela da vida, que eu via, ali, era
pura magia! Amanhecia, no meu jardim, dando um colorido todo especial... As
flores balançavam com o vento e eu me sentia como uma menina, estragando o jardim, arrancando as flores, que davam cor e beleza ao jardim...
Eu era uma criança e não sabia o
valor e o encanto, que há em um jardim, vivia estragando as flores... À
véspera do início da semana, pensávamos que poderíamos colher todas as flores,
até que a repreensão da mãe vinha: - Flor é para enfeitar o jardim e não para ser
arrancada...
As flores devem ter uma constituição
entre elas, pois não é possível existir tanta beleza em um jardim florido!
Flores, com espinhos, não deveriam se misturar, pois, uma
hora, as melífluas iriam se ferir... A rainha de todas elas, que é a rosa,
certamente, acabaria por machucar as outras coitadas...
E, assim, me senti como uma menina,
que gostava de estragar o jardim da mãe, sem saber que aquilo não era
correto. Arrancava uma margarida e esfarelava o miolo dela e espalhava pelo
jardim, adorava fazer isso.
Depois de alguns dias, lá estavam as
margaridas brotando e enfeitando o jardim. Não deixava nem uma margarida com o
miolo, coitada, pois dizem que as flores, também, sentem dores... E, assim,
sentindo dores ou não, se curavam e logo estavam lindas e formosas. Um verdadeiro
milagre!
Continuei nas viagens por minhas
lembranças e veio-me, à mente, a vida dos girassóis... Como era interessante,
poder acompanhá-los, no percurso, que eles faziam, acompanhando o sol...
Em minhas lembranças, sinto-me como
uma menina, que adorava o amanhecer, estando no jardim, observando as flores...
O sol começava a despontar e parecia
que as flores tinham luz própria... Quando a noite chegava, vinha o sereno e
elas brilhavam, também, mas, sem aquele brilho do sol, que lhes dava luz própria...
E eu, continuando a caminhar pelas minhas
lembranças, relembrando de um passado, que está bem distante, mas, dentro de
minha memória, é como se estivesse no presente, colhendo
flores e desprezando os espinhos.