quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A Vida é um grande Jogo



                                                   
                                             A vida é um grande jogo,
                                             Na qual fazemos acontecer,
                                            Pois os momentos passam logo,
                                             E a derrota  vai suceder.
                                                    Marilina Baccarat                                                        
                                                           


A vida em suas circunflexas, folheia as páginas do tempo, mostrando-nos, que ela  é um jogo de momentos...As nossas atitudes, os nossos sentimentos, são como pétalas de um mal-me-quer...             
Quando permanecíamos com uma margarida em nossas mãos, que fora extraída do jardim, lá íamos nós,  desfolhamdo-a arrancando pétala por pétala, e cada uma que tirávamos, dizíamos: mal-me-quer, bem-me-quer, até chegarmos ao final, onde ficava somente o miolo da flor...                                            
A cada novo dia, surgem novos desafios, cabe somente a nós, transpô-los...Ninguém fará isso por nós...
 A vida é como um jogo de momentos. É impossível ser jogada sozinha...
Todos somos jogadores e cabe a nós sermos adversários  ou companheiros, nesse jogo de momentos, onde não se pode perder a calma...
Todos os dias, aprendemos algo diferente, que funciona como regra desse jogo. As nossas palavras, os nossos experimentares, fazem parte do jogo...
São como pétalas de um mal-me-quer, ora vão com o vento, ora vêm com a chuva e murcham com o sol...Mas, quando a noite chega, se refrescam com o orvalho, que cai sobre elas...
Precisamos decidir se queremos, ou não, respeitar e seguir as regras desse jogo de momentos...
A sensação de saudade do que já se viveu, saudade de  brincar com uma simples flor, na brincadeira do mal-me-quer, bem-me-quer, gira em nossa memoria constantemente, num vaivém sem parar...
Saudade da canção que o tempo prometeu e não tocou para nós... Saudade dos outros tantos risos, que a brincadeira do mal-me-quer nos arrancou, quando o pôr do sol surgia no horizonte...
A vida, como um jogo, um dia se acaba...Mas, tanto nela, quanto em um jogo, é a forma como agimos, que vai determinar a conquista, por muito pouco, ou quase  nada...Nós é quem  determinaremos...
Como numa parábola, tal como a do mal-me-quer, seremos desfolhados se não nos encorajarmos, para vencermos o jogo...Pois do oposto, desfolharemos...





A  vida  desfolhar-nos-á,  pétala  a  pétala... Mas, ficaremos na expectativa, de que conseguiremos vencer o jogo do mal-me-quer, quando a última pétala for a do bem-me-quer...
                       
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Nas Curvas do Tempo" página 55



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Prêmio em Portugal para Marilina Baccarat

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Marilina Baccarat de Almeida Leão, será premiada em Portugal.
Por sua contribuição a cultura Lusófona.
Feliz pelo reconhecimento.

Falaram-me...

                      Falaram-me das esquinas

                                   Indiferente as falas, prossigo,
                                             Ainda que as arestas derrapem,
                                            Meus passos são firmes então, sigo,
                                             Sem jamais permitir que escapem.
                                                  Marilina Baccarat



Falaram-me das esquinas, falaram-me ontem e hoje novamente. Disseram-me para que tomasse cuidado ao dobrá-las...
Mas eu as encurvo com a alma completamente aberta, para receber a preciosa brisa, que acalenta os meus passos, nas curvas que enfrentarei...
E continuam a falar de uma maneira tão sarcástica, que chego a ter a impressão, de que proferem lealmente...Será, que me falam sinceramente, ou sarcasticamente, pois sempre mantive meus passos firmes, ao entrar nos vértices do tempo...
Não há tristezas em seus olhares, falam-me festivamente, a parecer desejar, que eu escorregue nas curvas da vida afora...
Falam-me e não se calam. Mas, suas palavras saem de suas bocas, completamente despidas de desejos ávidos, que ao longe, quem escuta, saberá que são cruas...
Frases amenas não é para qualquer um, há de haver modéstia e compostura ao proferir...
Sei que dialogar não é fácil, e para alguns ela se mostra como um breu, a escurecer os seus olhares...
Jamais se chega ao dialogo tendo a inveja impregnada em seu ser...É evidente que me alertam pelo desejo, de me ver escorregar nas esquinas do tempo...
Falam-me de modo burlesco, como o palhaço a enganar o público, quando está em seu picadeiro...
Conversam detalhadamente, afirmando que posso chocar-me com o vento, quando a curva eu dobrar...
Falam, falam e eu nada sinto, pois, sou transparente como um espelho de cristal. Conheço todas as curvas, e os desvios, também...
E nesse caminho de falatórios, o meu calar, permite que eles falem, como se fosse uma armadilha a prender os seus falares...
E assim, com o meu emudecer, suas falas voam pelo infinito afora, a poder sentir o silenciar de seus dizeres, a sumir no céu, como uma ave migratória...
Falam do passado e do presente..., certamente que no futuro continuarão falando, para que eu tenha cuidado, com as aduncas do momento, somente para me intimidar, como sempre...


E nesse ensejo todo, tento fazer as curvas com desvelo, como sempre as faço..., pois devagar, enfrentarei os falatórios quentes, como um pianista, que se concentra na música, indiferente as falas...   


Marilina Baccarat no livro "Nas Curvas do Tempo" do passado 51 



terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Lembranças venenosas

Lembranças venenosas

Lembranças têm uma certa rudeza, que assusta,própria das viagens, que a mente faz... Parece até que,dentro delas, corre veneno...
Espantam alguns, magoam a outros e acabam,muitas vezes, trazendo tristezas e afastando alegrias...
Lembranças nos cansam, às vezes, pois, vêm carregadas de péssimas recordações, que não deveriam nunca existir...É, lembranças saem num turbilhão, dizem a verdade, que não queremos lembrar e, no entanto, não nos machucam, só nos fazem recordar. Embora, às vezes, elas surjam sem que desejemos que elas aflorem...
A sinceridade das lembranças assusta, não estamos esperando e, sem ter hora para aparecer, lá vem ela, achando que está sempre certa... Mas, muitas vezes,não seria necessário aparecer, pois, não queremos, naquele momento, relembrar...
Certas lembranças não gostam da gente, mas, pessoas gostam de ouvir, de saber de nossas reminiscências...
Mas, algumas aparecem em hora errada, por isso que digo que elas não nos querem bem.
Quando as lembranças não são boas, preferimos tapar os olhos, fechar as cortinas e viver no nosso mundinho irretocável. Mas, o que ganhamos com isso?
Claro que, às vezes, elas surgem como um veneno, envenenando nossa mente e nos deixando tristes... Mas, quem não tem lembranças, sejam elas tristes ou alegres, é sinal de que não teve passado...
As nossas lembranças são absolutas. Pode ter sido péssima para mim e ser ótima para outros.
Por isso, às vezes, as lembranças nos cansam e preferimos não as ter, preferimos a solidão como companheira, sem lembranças, sem recordações...
Assim, não temos que confrontar ninguém com nossas lembranças, pois, cada um tem as suas... Cada um as relembra como quer.
Cada um faz o que quer com as lembranças, a relembra ou a camufla, ou, simplesmente, as deixa lá, quietas, sem as incomodar.
Existem lembranças, que nos fazem afastar um pouco do mundo real, lembramos de sonhos realizados,objetivos alcançados e voamos com os nossos pensamentos, pois, eles fazem com que a gente voe,e bem alto, até às alturas alcandoradas, lembrando-
-nos de coisas belas, que nos aconteceram.
Outras lembranças nos trazem solidão, o mundo se torna cinza, quando elas surgem, que pena!
Lembranças poderiam ser, somente, boas, jamais as lembranças ruins deveriam surgir em nossos pensamentos.
Muitas vezes, é melhor preferir o silêncio, que nos envenena e a solidão, que nos completa e nos mata aos poucos,a ter que conviver com lembranças, que não foram boas...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Viajando nas Lembranças" página 33