EM
ALGUM LUGAR...
Em cada janela, uma sombra, um vulto,
nas noites escuras... Serenatas, que encantam a vida, quando há luar... Cada
veneziana guarda um segredo, cada cortina, uma sedução e, em cada janela suada,
um choro... Esse lugar, não está em destaque no mapa, e, mesmo que estivesse,
ninguém iria se preocupar em saber a respeito de todas as pessoas, que ali
vivem...
Nas ruas e nas esquinas, sempre
passa alguém e, seus passos, ecoam bem fortes, enquanto o silêncio está profundo...
O vento, vez ou outra, traz o aroma do perfume de uma mulher, que por ali passa...
Mas, o silêncio é profundo.
Ao amanhecer, tudo fica diferente, o
movimento das pessoas, na rua, as crianças a caminho da escola, pessoas
apressadas, como se estivessem sempre atrasadas..
Inicia-se o barulho, buzinas, motos,
fumaça, uma desordem, um caos...
Esse lugar morre todas as noites e renasce
ao amanhecer, transborda vida, esperança... Esse lugar é a cidade, a
metrópole... Muitas coisas acontecem tristes ou alegres e tudo vai para os
jornais, onde, muitas vezes, as noticias nunca são animadoras.
Ignorar o que se chama de
realidade, nem sempre é ser inteligente, mesmo que nossa realidade seja outra, nosso
lugar seja também o de outros... Mas, entre tantos acontecimentos, sempre
existe uma praça e, nela, crianças chegam para espalhar sorrisos...
Parada no sinal vermelho, ergo os
olhos e vejo uma pipa, lá no alto, colorida, dançando com o seu dono, o vento...
Na calçada, uma mãe de mãos dadas com sua filhinha, a mulher espera para
atravessar a rua e, junto a elas, um cachorrinho de estimação... São essas as
realidades de cada um, sua alegria, sua preocupação e, quiça, sua tristeza...
Assim o dia caminha pela cidade,
escondido atrás da janela ou caminhando despretensiosamente, caminhando por
onde mais gosta de ir, sem se importar com o que irá enfrentar para chegar lá,
onde a noite o espera para que ele possa descansar e trazer, com ele, o
silêncio, que vai começar.