domingo, 28 de agosto de 2022

Seja feliz do seu jeito 


 As nossas escolhas, muitas vezes, se baseiam em puras fantasias. Acreditamos que a felicidade, por exemplo, está na balada da moda, na batida pesada da música, na turma bacana, que nos faz companhia, sempre que saímos na noite...
E, assim, deixamos de fazer o que, realmente, gostamos para agir como marionetes, frequentando, sempre, os mesmos lugares, que milhares de pessoas visitam... E lá vamos nós, também... Ora, as pessoas são diferentes umas das outras, cada uma tem um gosto, o gostar não é igual para todos! Se formos a um evento, que esteja lotado, nos faz bem, para outros, pode fazer o contrário... 
Não podemos nos divertir de acordo com as convicções alheias. Como diz o ditado: “Fulano dança conforme a música”... 
Agirmos, por nossa própria vontade, é o que devemos fazer, sempre. Nunca seguir contra o nosso desejo... Se tivermos anseio de irmos à uma festa, vamos, pois, vai nos fazer bem, é sinal de que estamos afim de curtir aquela festa e isso nos fará bem... 
Quando a pretensão de dançar aparecer, vamos dançar, tal qual as borboletas, que dançam ao bel- -prazer do vento, por livre volição...
Nosso anseio, se for de irmos a uma balada, vamos sem culpa e sem medo, afinal, quem paga nossas contas somos nós e não os baleeiros de plantão... Se, acaso, quisermos ficar em casa, assistindo à um bom filme, vamos ficar. Devemos fazer a nossa vontade e sermos felizes do nosso jeito..
Temos que viver as nossas vidas, tal qual as flores... As flores nascem no excremento, entretanto são puras e perfumadas. Cada uma com um perfume diferente e cores variadas, parecem estar alegres, apesar de terem nascido no estrumo... Elas extraem do adubo fétido tudo aquilo que lhes é importante, útil e saudável, mas, não permitem que o azedume da terra, mal cheirosa, manche o frescor de suas pétalas, lindas e perfumadas... 
Assim, como as flores, devemos extrair, dos nossos momentos, a chance de aprendermos a ser bem-sucedidos, do nosso jeito e rejeitar o que não temos vontade... Não devemos deixar que tirem o nosso perfume, transformando-o em ópio... Sejamos ditosos com o nosso jeito de ser, vamos seguir o exemplo das flores, deixemos que os outros vivam como espinhos, mas, nós, vamos ser venturosos, do nosso jeito, seguindo o nosso querer, almejando, somente, o que nosso Eu desejar... e Assim, seremos, sempre, prósperos com a nossa habilidade de sermos felizes, como as flores o são...

Marilina Baccarat de Almeida Leão (escritora brasileira) no livro "Musicalidade Colorida" pg.26

               


domingo, 21 de agosto de 2022

Só há frio

      SÓ HÁ FRIO

       Chegando mais perto,  atravessando essa direção... Ali, as vozes se calam, a beleza é deslumbrante, só há flores e tudo está colorido...

Os raios do sol iluminam o caminho. O céu está azul e, do outro lado, da trilha, só vamos encontrar belezas da natureza, encontraremos paz e alegria. Aqui, o silêncio é necessário, palavras não surgem...  Caminhamos, por entre essas flores e sentimos a bruma, que envolve o ar, como um cortinado de tule, fino e transparente...                               

Quando a brisa nos envolve, a pele se arrepia e fica úmida com o cálido vento, que vem do mar...    As nuvens abrolham, seguimos. Do outro lado dessa vereda, a mesa está posta, xícaras e um bule de chá, esperando por nós...Não nos detemos, não temos receio do frio...

 Ouvimos, no murmúrio do vento gélido, a suavidade com que os ramos balançam, exalando um exótico perfume da terra, que está úmida...  Continuamos  a passos lentos, com cuidado, para que possamos sentir a fragrância, que exala das pétalas de flores, que se espalharam pela passagem...                    

   Há pequenos bulbos intumescidos, debaixo da terra fértil, esperando a primavera, para que possam finalmente brotar...  Ainda faz frio, é cedo, embora o sol já tenha despontado... Fechamos nossos casacos e nos achegamos...     

  Aqui é o nosso  esconderijo, para cá viemos sentir o perfume da terra molhada, das pétalas, que estão espalhadas sobre a trilha...

Quando tudo parece feio, tórrido, seco, ao subir e pular as pedras, que estão no caminho, é como se eu saísse de mim e adentrasse em um mundo encantado..., sem lugar para a tristeza, para o desalento ou para o desamor...

Esse jardim, que fica do outro lado dessa alameda, é só meu, a mim pertence. Mas, hoje o compartilho com todos, que só veem uma parte ínfima de mim...

Atingindo mais perto, percebemos a brisa cálida, tal qual o sereno, como aragem falsa...Atravessem, venham, estou esperando. Quando chegarem, sentem-se, fiquem à vontade. Segurem as chávenas de chá, cuidado, estão quentes...Beberiquem, em pequenos goles, sorvam delicadamente...

 


Conheçam-me, olhando em volta, não nos meus olhos, mas, ao meu redor, pois, sem palavras, hoje, agora, aqui, eis o melhor de mim...Fora, daqui, só há frio...Só o frio...

Marilina Baccarat de Almeida Leão, escritora brasileira