sábado, 19 de fevereiro de 2022


Nossas Mentes...


Nossas mentes são imaginárias. Elas são feitas de verdadeiras quedas de água, de  onde só transitam nossos anseios, tanto de alegrias, como de tristezas..        

Corre, como um rio, que desce pelas cordilheiras, lavando as pedras. Assim, elas estão com seus  umbrais sempre enfeitados, com rosas, que, agarradas às paredes, dão a volta na porta, enfeitando-a...                               

Tal qual o rio, a nossa imaginativa voa longe, como se tivéssemos um barco a navegar em nossas águas serenas...Ali, como um rio calmo, vai correndo a paz, diante dos raios de sol, que refletem   em nós...          

Dentro, da nossa inventiva, há toda a beleza do mundo...Ali, o nosso barco navega em águas tranquilas...

Os ventos ateiam uma suave brisa, acalentando as sombras de amarguras, que poderão aparecer, vez ou outra...Quando a vaga tormentosa, desse mundo nos aturdir, não nos importaremos, pois estaremos descendo rio abaixo, sempre a favor do vento...                                 

Em certas curvas, que o rio faz, parece-nos que estamos em um labirinto, onde os sentimentos se perdem, mas, logo adiante,  se encontram, para abarcarem  a nossa ventura,  sempre decaindo rio abaixo, atrás das alegrias, que a vida nos oferece...                                                

Quando paramos o igarité, deparamo-nos com avenidas coloridas, onde, ali, moram as alacridades e os regozijos...                                               

Nessas alamedas, encontramo-nos com nós mesmos, em meio às flores, que brotaram de tubérculos, que estavam intumescidos, onde o céu é bem azul e nós passamos o tempo todo cantando as nossas prosperidades...,assim, como o rio, que canta, quando desce as serras, batendo em suas pedras...                                              

Dentro de nossa essência, ali, prendemos todas as nossas satisfações... Porque o rio é assim, corre desde o alto das montanhas, até o vale da ribeira, até desembocar no mar...                                    

E esse mar, que nos traz veloz a nossa serenidade...Ali, não há dor, somente amor...  

Esse  rio sabe ser doce como mel...Ele é feito de esperas, é um botão, que floriu em plena primavera...   

Pequeno grande rio, que sabe espalhar encanto, por suas águas abrandas, distribuindo afagos, com os raios derramados pelo sol do amanhecer...                                                                     

 

          Marilina  Baccarat de Almeida Leão no livro "Corre Como um Rio"                                     

 


 

 

 

 

 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

 


A FELICIDADE EM NÓS 


Minha felicidade é incurável,

Guardo em mim e não nos outros,

Nunca está reunida em um único lugar,

Mas em tudo o que vivo.


Minha felicidade é incurável.

Nem os pesares da vida a levou,

Nem a perda dos mais próximos,

Nem o adeus de quem, deliciosamente, ocupou meus espaços e depois partiu sem volta certa...


Minha felicidade contraria diagnósticos e medos, supera fobias e traumas.

Minha felicidade é imbatível.

Não se acanha com a gripe ou a enxaqueca.

Não se diminui perante o pessimismo dos outros.

Possui anticorpos de leveza para se prevenir do contágio da ingratidão.

Recusa a chantagem do ressentimento.

E é soberana sobre os conflitos da vida...


Minha felicidade não tem motivo, nem justificativa, nem explicação...

A felicidade tem entrada livre em minha alma...


Sou feliz por ninharia...

Sou feliz por muito pouco – e só será pouco pra quem não valoriza o simples.

Minha risada é insistente e imprevisível, absolutamente mal-educada, interrompe o choro, o bocejo, o soluço.


A alegria não vem...

Já estava me esperando na carona de um som familiar ou de um cheiro precioso, 

Surgindo de uma lembrança ou de uma fantasia,

Se reafirmando num abraço apertado... num beijo esfuziante... num encontro enlouquecedor... em momentos de amor inesquecíveis...


A felicidade existe comigo ou apesar de mim, sozinha ou acompanhada.

Porque, se tudo der errado, ainda estou viva e tenho a chance de fazer diferente.


Sou feliz por aquilo que foi e me amadureceu,

Por aquilo que é e sustenta a minha vontade,

Por aquilo que será e me mantém curiosa.


É aquela felicidade que fica ali quietinha,

Que tem o seu lugar no peito e faz morada no coração.

Aquela felicidade com gostinho de café quente, cheiro de boas lembranças e uma colher de recomeços.

Aquela felicidade que tem o seu lugar marcado embaixo de uma árvore, numa presença inesperada, nas letras de uma música e nas linhas de uma poesia.


É o meu sentir e o meu buscar...


Sou feliz atenta, sou feliz distraída, sou feliz cedo, sou feliz tarde...

Sou feliz por arrumar a cama ajudada pelas mãos do sol.

Feliz como se houvesse uma música que sempre gosto de ouvir, tocando em meu sangue.

Há em mim mais esperança do que expectativas,

Contentamento mesmo quando reina o silêncio do outro ou a incômoda ausência de alguém querido... afinal, o que me torna feliz são os momentos realmente vividos e não promessas...


Sou feliz porque o sol brilha mesmo em dias nublados, escondido entre as nuvens.


Minha felicidade às vezes me assusta...

Minha felicidade não tem cura...

Não tem como evitar...

Minha felicidade reside dentro de mim e não depende de fatos e circunstâncias... apenas das minhas próprias escolhas... e eu escolhi ser feliz...


Sou feliz, pois o sofrimento cansa e reclamar somente atrai os chatos.

Sou feliz porque posso escolher a alegria ao invés da lamúria, basta coragem pra virar a mesa quando preciso for.

Sou feliz por uma questão de justiça pessoal.

Nada adoece a minha felicidade.


Sou feliz porque não fiquei amarga com o tempo e nem com os dissabores vividos,

Fiquei apenas mais pura e fortalecida...

Bebo a vida sem açúcar (não preciso mais dele)...


Simples assim...

TEXTO DE MARILINA BACCARAT DE ALMEIDA LEÃO,..NO LIVRO 📖 A BELEZA DA FELICIDADE PG,185



sábado, 12 de fevereiro de 2022

Sei Que Nada Sei

 
Na vida, tudo é mágico, vivê-la, em suas andanças, é poético, dizem os poetas... 
Mas, é contraditória, bela na sua essência e perigosa nos voos, que, muitas vezes, damos. Viver é saber que nada sabemos, pois, viver é um ato de coragem, é um mistério! Mas, mesmo sabendo que nada sabemos, temos todas as possibilidades, diante de nós...
Pelo fato de não saber tudo a respeito da vida, todo um leque de novas janelas se abre ao nosso não saber. Na ignorância, de não se saber tudo, a vida é para ser vivida, o calor do sol, a brisa morna, o vento frio, a chuva fininha e cheiros de flores, cada uma com sua fragrância. Tudo, na vida, tem suas marcas e seus sentidos... 
Cheiro do café, cheiro do mar e suas algas, cheiro de chuva, cheiro da saudade da mãe... Contudo, tem seus odores também, suor, chulé, esgoto, peixe estragado...
Nada sabemos, mas, tudo sentimos. E ainda, assim, nos restam os sentimentos. Encher os pulmões de ar e sentir a vida e o cheiro do amor, que sentimos por ela, mesmo sabendo que nada sabemos. Nada sabemos, mas, na nossa rebeldia, prazer e alucinação, música e silêncio, tudo é liberdade, para que, por nossas andanças, possamos entender o que nada sabemos da vida. Tudo pulsa na vida, tudo bate descompassadamente. Como os trovões, que, em dias de chuva, estrondam bem perto do nosso ouvido. O assovio do vento e o canto do bem-te-vi...
Vida e mais vida, pulsando e fazendo-nos entender que tudo sabemos... 
go e ficar sem aro Um mar calmo nunca formou um bom marinheiro. E isso se aplica muito bem à arte de viver e entender a vida. Quem busca a eterna calmaria, dificilmente, encontra felicidade pelas andanças da vida. Quem reluta, em aceitar os desafios da vida, não pode saber o quanto eles nos fortalecem..
Desbravar o desconhecido, procurar saber que tudo sabemos da vida, é não viver na mesmice. A tranquilidade nos conforta, claro, desde que possamos saber e conhecer tudo da vida. Não podemos deixar que a vida se acomode, por nenhum período sequer. Porque, depois de um tempo, ela nos torna acomodados e nos impede de galgar um degrau acima, ou seja, saber que tudo sabemos a respeito dela. Saber que tudo sabemos é viver e enfrentar os altos e baixos, que a vida traz. Decepções, fracassos e dificuldades permeiam nossas andanças, em nossas jornadas e são, justamente, elas, as adversidades, que nos impulsionam a buscar tudo o que sabemos e alcançar o sucesso. Porque, quando tudo sabemos da vida, caem fácil as oportunidades, em nossas mãos. E poderemos dizer: Sei que tudo sei...!

Marilina Baccarat no livro "Andanças Pela Vida"

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

HÁ ESPERANÇA

        G
ostaria de somente falar de esperança, mas, daquela esperança no sentido mais amplo, mais abrangente, que transforma a dor em alegria.
            Quando a dor física é insuportável, um abraço muito apertado, poderá aliviar essa dor...
            Gostaria de poder abraçar cada um que estivesse sofrendo agora. Gostaria de acarinhar cada cabeça e encostá-la em meu ombro e abraçar, apertado cada corpo, para que se tornassem pessoas mais felizes...
            Gostaria de ver todos que sofrem, não perdessem a esperança, que lutassem e enfrentassem, todos os problemas, se por de saúde, que lutem, quem sabe a cura será rápida e surpreendente.

            Sempre haverá esperança, eu, por exemplo, não tenho medo da morte em si, só tenho pena de ter que deixar a vida, não conseguir fazer tudo o que desejo...Mas, enfim, isso não está nas minhas mãos. O que me cabe é ter esperança, enxergar um caminho que possa ser percorrido com a esperança que há em mim.
          Não podemos desistir, enquanto há vida, há esperança... Os caminhos tortuosos, que muitas vezes temos que percorrer, temos que entregá-los a esperança. A esperança por si mesma, principalmente, e deixar vir, entrar, tomar conta de todos os espaços, esperança por nós e pelos outros.
       Tem-me chamado a atenção, algo recente que está acontecendo, pois as pessoas estão vivendo sem esperança.      
       Tenho tentado entender como essas pessoas organizam suas emoções para considerarem os valores que justificam a esperança em suas vidas, que seria a alegria de viver.

      Percebo que a fatuidade inebriou as mentes dessas pessoas. Talvez tenha sido pela necessidade de construir uma esperança particular, dentro de uma realidade onde não  há esperança.
     Precisamos rever o que é esperança, pois ela foi subvertida pelos humores da vaidade.
        Se a esperança tem como base a conquista pessoal, o esforço, devemos chamá-la de recompensa e não de esperança. Pois, é a esperança que sustenta a vida e a esperança que é vivida em nosso interior, deve ser sustentada pelo nosso exterior.
        O mundo moderno está sedento para realizações de seus desejos, que é um vazio da verdadeira esperança... Se entrarmos em uma loja, vamos observar que cada um quer um tipo de roupa, o que um gosta, o outro não gosta...Assim podemos comparar a esperança, não podemos confundi-la com desejos.

       Não poderemos, jamais, medir nossa esperança, se assim o fosse, a vida teria contaminado a razão, sem percebermos que, quando a vida se for, se encerrará nossa esperança.
       Todas as manhãs, temos a oportunidade de renovar nossa esperança dentro de nossos corações, para que possamos renascer todos os dias, para nossos melhores sentimentos...
       Se ontem o dia foi sem esperança, não significa que vai ser igualmente hoje... Os dias chegam para que renasçam em nós, novas esperanças e novos sentimentos.

      Contemplar a beleza do amanhecer e pensar que esse dia vai ser igual a todos os dias, é um engano, porque nenhuma manhã é igual a outra.
      Temos que viver a emoção da esperança, porque essa nunca acabará, nunca devemos deixar que o desânimo tome conta do lugar de nossa esperança, porque ela é o impulso que temos para caminhar a cada dia, buscando a esperança... Não devemos perder tempo com o desanimo.
      Renovar todas as manhãs nossa esperança, é o que devemos fazer, para renascermos todos os dias
      Oportunidade nós temos, de mudar a cada amanhecer. Só depende de fazermos acontecer.            

          

    


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      A MENINA QUE GOSTARIA DE VOAR



Mariana era uma menina, que não tinha asas,

mas, gostaria muito de voar, de poder ter asas...


Tal qual os pássaros, gostaria de voar, para po-

der, no infinito, voar e saber o que haveria atrás das 

nuvens, que ela avistava como, se algodão fossem...


A menina, sem asas, morava em uma casa ama-

rela, cujo portão e as janelas eram pintados de azul...


A casa de Mariana tinha duas janelas, que da-

vam para a rua e duas que, através delas, podia se 

avistar o quintal da casa e os pássaros, que, lá, davam

rasantes, para pegar algumas sementes...


Ali, em uma das janelas, ela avistava o quintal, 

onde os pássaros pousavam... Gostaria muito de con-

versar com eles, perguntar como faria, para que pu-

desse ter asas e poder, ao infinito, chegar. Voando...


Nessa casa amarela, em que Mariana morava, 

havia um lindo jardim, onde pássaros, sempre, vi-

nham visitá-lo, principalmente, o beija-flor, para tirar


o néctar das flores, que sua mãe havia semeado...

Certo dia, enquanto sua mãe aguava o jardim,

com a mangueira, Mariana tinha, em suas mãozinhas, 

um pequeno regador, para ajudar a mãe colocar água

nas flores, que estavam lindas e perfumadas...


A casa era pintada de amarelo, mas, Mariana ti-

nha a pele cor de rosa, como todas as meninas, com 

asas ou sem elas, aliás, seus cabelos loiros realçavam

com sua pele rosada... Seus olhos azuis combinavam 

com o azul do portão e das janelas, onde, vez ou ou-

tra, algum passarinho resolvia fazer seu ninho...


Como ela gostaria muito de ter asas, resolveu,

certo dia, conversar com um lindo pássaro azul, que

pousou em sua janela e, olhando para ela, ficou...


Mariana se aproximou e logo puxou conver-

sa com o lindo passarinho: – Olá amiguinho, como 

posso fazer para ter asas como você as têm, para que

eu possa voar também, como você?


E não é que o passarinho entendeu o que Ma-

riana  perguntou e lhe disse que, asas, a gente nas-

ce com elas... Não seria possível colocá-las e, muito

menos, comprá-las, a não ser que ela arrumasse um 

anjo como seu amiguinho, quem sabe ele consegui-

ria, para ela, um lindo par de asas...


Mariana pensou, pensou, mas não foi trouxa,

logo bolou um meio de poder conversar com algum

anjo: – Quem sabe se eu subir em uma roda gigante

bem alta, conseguirei me encontrar com algum anjo,

que me dará um par de asas...


Certo dia, foi ao parque de diversão e, com mui-

ta vontade de se encontrar com um anjo, subiu na 

roda gigante... Lá, em cima, a roda parou e Mariana,

com tanta vontade de poder encontrar um anjo, até

teve a impressão de que havia visto sua asa.. Mas, era

uma parte das nuvens que envolvia a roda gigante...


Havia uma mangueira frondosa, na frente da

casa amarela, a casa onde a Mariana morava...

E por ser mangueira, mangas davam, não peras

ou ameixas, mas mangas, amarelas, alaranjadas... 

As mangas eram suculentas, lacrimosas, pin-

gando mel, eram tão perfumadas e doces...


Quem por, ali, passava, ficava adocicada com o

mel, que pingava das suculentas mangas... 

Ficaria sumarenta, perfumada com o doce perfu-

me, que exalava das mangas alaranjadas, amareladas...


E, por não ter asas, a menina voava como po-

dia... Abria livros e viajava pelo mundo, através das 

estórias, que lia em uma coleção vermelha, de capa


dura, com lindas estórias, de meninas, que consegui-

ram ganhar um par de asas e voar para o infinito, 

para poder, por detrás das nuvens, conversar com os

anjinhos, que se tornaram seus amiguinhos...


Virando as páginas desses livros, Mariana ob-

servava lindas figuras e se deslumbrava com aquilo...


Sentia como se estivesse voando e, pelo cami-

nho, encontrando-se com um anjo, de asas longas, que 

sorria para ela... Como ela gostaria de ter aquelas asas...


Quando parava de virar as páginas do livro, que 

estava lendo, parecia que tinha, em suas mãos, peda-

ços da asa do anjo, que ela houvera encontrado pelo 

caminho da sua imaginação. Nas páginas daquele li-

vro, que ela acabara de folhear e lê-lo...


Ela quisera poder voar até a frondosa mangueira 

e, de lá, poder avistar, de cima, da mangueira, os pas-

sarinhos pousarem no chão, para ciscar as pequenas 

sementes, que sua mãe jogava por lá, para que eles 

pudessem se alimentar... Ali, também, eram coloca-

dos pequenos pedaços de frutas, que sua mãe, cuida-

dosamente,  partia e lá deixava, para os pássaros...


Assim, a menina, da pele cor de rosa, seguia so-

nhando, em um dia, poder ter as asas de um anjo e 

poder voar até às alturas, onde nasce o arco-íris...


Quem passasse em frente à casa amarela, de ja-

nelas e portão azul, jamais saberia, que, ali, morava 

uma menina, com a pele cor de rosa, que gostaria de

ter asas, mas, não as tinha, possuía o imaginar de cada

página soberana, de um livro... Mesmo sentada em

sua cama, olhando para o céu, se achava senhora de

si, coroada de estrelinhas, tinha certeza...


Mariana, a menina rosa, sabia que, em seu mundo

imaginário, era rainha. E, em sua casa, entre seus 

livros, alada era e asas tinha...


Marilina Leão no livro "Pérolas Cultivadas" página 237