terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

      A MENINA QUE GOSTARIA DE VOAR



Mariana era uma menina, que não tinha asas,

mas, gostaria muito de voar, de poder ter asas...


Tal qual os pássaros, gostaria de voar, para po-

der, no infinito, voar e saber o que haveria atrás das 

nuvens, que ela avistava como, se algodão fossem...


A menina, sem asas, morava em uma casa ama-

rela, cujo portão e as janelas eram pintados de azul...


A casa de Mariana tinha duas janelas, que da-

vam para a rua e duas que, através delas, podia se 

avistar o quintal da casa e os pássaros, que, lá, davam

rasantes, para pegar algumas sementes...


Ali, em uma das janelas, ela avistava o quintal, 

onde os pássaros pousavam... Gostaria muito de con-

versar com eles, perguntar como faria, para que pu-

desse ter asas e poder, ao infinito, chegar. Voando...


Nessa casa amarela, em que Mariana morava, 

havia um lindo jardim, onde pássaros, sempre, vi-

nham visitá-lo, principalmente, o beija-flor, para tirar


o néctar das flores, que sua mãe havia semeado...

Certo dia, enquanto sua mãe aguava o jardim,

com a mangueira, Mariana tinha, em suas mãozinhas, 

um pequeno regador, para ajudar a mãe colocar água

nas flores, que estavam lindas e perfumadas...


A casa era pintada de amarelo, mas, Mariana ti-

nha a pele cor de rosa, como todas as meninas, com 

asas ou sem elas, aliás, seus cabelos loiros realçavam

com sua pele rosada... Seus olhos azuis combinavam 

com o azul do portão e das janelas, onde, vez ou ou-

tra, algum passarinho resolvia fazer seu ninho...


Como ela gostaria muito de ter asas, resolveu,

certo dia, conversar com um lindo pássaro azul, que

pousou em sua janela e, olhando para ela, ficou...


Mariana se aproximou e logo puxou conver-

sa com o lindo passarinho: – Olá amiguinho, como 

posso fazer para ter asas como você as têm, para que

eu possa voar também, como você?


E não é que o passarinho entendeu o que Ma-

riana  perguntou e lhe disse que, asas, a gente nas-

ce com elas... Não seria possível colocá-las e, muito

menos, comprá-las, a não ser que ela arrumasse um 

anjo como seu amiguinho, quem sabe ele consegui-

ria, para ela, um lindo par de asas...


Mariana pensou, pensou, mas não foi trouxa,

logo bolou um meio de poder conversar com algum

anjo: – Quem sabe se eu subir em uma roda gigante

bem alta, conseguirei me encontrar com algum anjo,

que me dará um par de asas...


Certo dia, foi ao parque de diversão e, com mui-

ta vontade de se encontrar com um anjo, subiu na 

roda gigante... Lá, em cima, a roda parou e Mariana,

com tanta vontade de poder encontrar um anjo, até

teve a impressão de que havia visto sua asa.. Mas, era

uma parte das nuvens que envolvia a roda gigante...


Havia uma mangueira frondosa, na frente da

casa amarela, a casa onde a Mariana morava...

E por ser mangueira, mangas davam, não peras

ou ameixas, mas mangas, amarelas, alaranjadas... 

As mangas eram suculentas, lacrimosas, pin-

gando mel, eram tão perfumadas e doces...


Quem por, ali, passava, ficava adocicada com o

mel, que pingava das suculentas mangas... 

Ficaria sumarenta, perfumada com o doce perfu-

me, que exalava das mangas alaranjadas, amareladas...


E, por não ter asas, a menina voava como po-

dia... Abria livros e viajava pelo mundo, através das 

estórias, que lia em uma coleção vermelha, de capa


dura, com lindas estórias, de meninas, que consegui-

ram ganhar um par de asas e voar para o infinito, 

para poder, por detrás das nuvens, conversar com os

anjinhos, que se tornaram seus amiguinhos...


Virando as páginas desses livros, Mariana ob-

servava lindas figuras e se deslumbrava com aquilo...


Sentia como se estivesse voando e, pelo cami-

nho, encontrando-se com um anjo, de asas longas, que 

sorria para ela... Como ela gostaria de ter aquelas asas...


Quando parava de virar as páginas do livro, que 

estava lendo, parecia que tinha, em suas mãos, peda-

ços da asa do anjo, que ela houvera encontrado pelo 

caminho da sua imaginação. Nas páginas daquele li-

vro, que ela acabara de folhear e lê-lo...


Ela quisera poder voar até a frondosa mangueira 

e, de lá, poder avistar, de cima, da mangueira, os pas-

sarinhos pousarem no chão, para ciscar as pequenas 

sementes, que sua mãe jogava por lá, para que eles 

pudessem se alimentar... Ali, também, eram coloca-

dos pequenos pedaços de frutas, que sua mãe, cuida-

dosamente,  partia e lá deixava, para os pássaros...


Assim, a menina, da pele cor de rosa, seguia so-

nhando, em um dia, poder ter as asas de um anjo e 

poder voar até às alturas, onde nasce o arco-íris...


Quem passasse em frente à casa amarela, de ja-

nelas e portão azul, jamais saberia, que, ali, morava 

uma menina, com a pele cor de rosa, que gostaria de

ter asas, mas, não as tinha, possuía o imaginar de cada

página soberana, de um livro... Mesmo sentada em

sua cama, olhando para o céu, se achava senhora de

si, coroada de estrelinhas, tinha certeza...


Mariana, a menina rosa, sabia que, em seu mundo

imaginário, era rainha. E, em sua casa, entre seus 

livros, alada era e asas tinha...


Marilina Leão no livro "Pérolas Cultivadas" página 237









Nenhum comentário: