quinta-feira, 23 de dezembro de 2021


Conselhos para novos escritores, que desejam participar dessa estrada maravilhosa, que é a literatura.

1) Marilina Baccarat de Almeida Leão, escritora brasileira, escreve pela madrugada adentro, até as 4h00... Quando o sol desponta no horizonte, ela já escreveu e, dorme até ao meio dia. Escrever pela madrugada, ou, pela manhã o rendimento é melhor...

2) As redes sociais e o celular, são os maiores aliados da procrastinação, por isso, Marilina Baccarat desconecta-se de todas as suas redes sociais durante as horas em que se dedica a escrita.... É claro que, a vontade de checar as novidades do facebook, do twitter, do Instagram, as fotos de nossos amigos é uma vontade, mas, se o escritor quiser realmente ser um escritor de sucesso, o autocontrole, a disciplina e o compromisso com o trabalho, devem vir em primeiro lugar.

3) Cobrir-se de doses diárias de novas ideias, este é um dos segredos da escritora brasileira Marilina Baccarat, manter um fluxo constante de pensamentos...

4) A escritora aconselha que todos os escritores iniciantes, separem alguns minutos do dia para um relaxamento, antes de começar o trabalho. Uns minutos de reflexão, onde devemos rever tudo o que está a nossa volta e, aliado à sua criatividade e imaginação. Construir um universo que será posteriormente materializado pelas suas palavras...

5) Escrever todos os dias, mesmo quando não tiver veleidade para escrever.... Não deixe de exercitar constantemente a sua escrita.... Pois, a cada escrita, surgem novas nuances, novas perspectivas e passamos a enxergar com os olhos da alma...

Pensamento do escritor Russo Tolstói:
“Devo escrever a cada dia sem falhas, não tanto pelo sucesso do meu trabalho, mas para não sair da minha rotina”
Tolstói (escritor Russo, que distribuía seus livros de graça para o povo Russo)

Marilina Baccarat de Almeida Leão escritora brasileira



quinta-feira, 16 de dezembro de 2021


Seguindo contra o vento 

Um dia seremos alados, 
Voando seguindo o vento, 
Então, ficaremos calados, 
Indo contra o sentimento. 
    Marilina Baccarat 

 Passamos a vida toda enfrentando o vento, quando viramos uma curva e vamos contra ele... Mas, há pessoas que não sabem enfrentar o vento, só andam a favor de qualquer rajada... Olhamos, em volta, notamos que só se veem pessoas desanimadas, que nunca abarbaram uma ventania, pois, nem passado elas o têm... Enfrentamos rajadas, tempestades e nos acostumamos com elas, ficamos dias e noites relembrando os caminhos por onde passamos, afrontando o vento... Caminhando contra o vento, incluímos flores nas passagens, que o vento faz, enquanto muitos não as consegue vivenciá-las... Acostumamo-nos, desde pequeno, a ultrajar os vendavais e vamos introjetando, na gente mesma, a coragem para defrontar-se com eles... Quando estamos tristes, ou os nossos dias estão sem sentido, como se tudo estivesse cinza, vem, sempre, o favônio, com a melhor das intenções, dizer-nos para continuarmos... 

Mas, como consolo, para tanto ventar de tristeza, que cai sobre a gente, ele nos arenga, interiormente, como se estivéssemos insensibilizados: – pare de reclamar, é só seguir em frente que há muitos caminhos floridos, pela frente, onde há vento e pode-se seguir contra ele, ou a favor dele... 

Então seguimos essas ventanias e encontramos gente, que se acha o máximo por ter ventos de alegrias, e nós, com tantas esfinges, nos achamos ineficazes... Achamo-nos infelizes, mas, se voltarem as rajadas, que arrancam as grades das janelas, para trazer a felicidade, a gente vai ver que somos é muito venturoso, pois, temos o direito de sentir o vento e viajar com ele, pelas recordações... 

Sentimos que os sopros dos ares, que são prósperos, permanecem em nossas mentes para serem sentidos, por isso, eles afloram em nós... Precisamos dar vazão às aragens, deixar que elas se manifestem em nós. Se precisar chorar, a gente chora, se necessitar espernear, a gente esperneia, se carecermos de gritar, a gente grita...

 Sentimos raiva, experimentamos a dor, mas, percebemos a alegria..., mas, em nós, a compaixão tem seu lugar, quando sentimos tudo isso... Subestimamos as brisas, que trazem a felicidade, tornando-as pequenas, fingindo não as perceber... 

Regozijamo-nos com pequenas passagens das refegas, mas, esquecemos dos grandes vendavais, que já passaram pela gente...  Sentimos setembro aproximando-se, é o mês em que a primavera traz, de volta, pequenos tesouros, que estavam guardados, intumescidos na terra... Deslembramos de que algo de bom acontece para a gente, na primavera... Temos flores e perfumes, que exalam das floradas... 

E ficamos sumarentos, perfumados, continuando a caminhar contra o vento... Existe, sempre, um dia para vivenciarmos reminiscências de uma época da nossa vida, em que foi possível sonhar, fazer planos e realizá-los, mesmo com as dificuldades que as ventanias colocaram à nossa frente... 

Um dia, para encantar a vida e viver seguindo as brisas, com toda a intensidade, sem medo de sentir, nos alvitres da vida, a tristeza, que, vez ou outra, aparece... Nesse dia, tudo vai parecer cinzento, mas, poderemos recriá-lo, vesti-lo com todas as cores do arco-íris, entregar-nos a todas as fugacidades, como se estivéssemos voando com uma roupa feita sob medida, caindo muito bem em nosso corpo. Voaremos até às alturas alcandoradas, sempre junto às lufas, que nos levarão...

 Seria um dia para termos coragem de enfrentar todos os desafios, que as refegas tristes nos trouxeram e teremos disposição para tentar fazer das tristezas, que, até nós, chegaram, algo, que nos eleve, nos transporte a voar alegres, felizes, com o sopro... Seria maravilhoso ter um dia somente para nos tornarmos alados, juntos com as rajadas... 

Sentaríamos na varanda e, olhando as flores do jardim, imaginaríamos momentos felizes, outros, menos, mas, todos com suas maneiras de ser, que nos dariam uma alegria imensa, como se pássaros fossemos... Abandonaríamos o presente e volveríamos ao passado, onde, outrora, andamos seguindo, muitas vezes, para os caminhos tortuosos, mas, ao chegarmos ao fim, ali, encontraríamos o descanso, que tanto desejamos...

 Caminhar contra o vento são caminhos estranhos mesmo. Ora nos levam juntos, a dançar e faz-nos lembrar do pregresso, até da valsa, que dançamos aos quinze anos, com o pai... Levam-nos a lembrar as alegrias, do passado, o sorriso das pessoas, a porta da rua por onde passamos um dia, seguindo caminhos tão diferentes... 

Quando caminhamos contra o vento, ele tem a duração do instante em que passam em um segundo... Um dia, em que é fugaz em nossa vida, mas é um dia especial, que reservamos para, junto ao vento, relembrar o passado...

 Um dia, para voarmos contra o vento, seria o presente e poderia ter a duração da eternidade. Afinal, gostaríamos que o vento nos levasse a voar. Todos somos assim, queremos ter um dia para voejar, contra, ou a favor, não importa. O essencial é poder sermos alados e, com o vento, voarmos...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Vértices do Tempo" Página 96

 

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

O mar dentro dos sonhos


 Sei bem quem fico, Por certo oposta No qual me perco Onde se nota, Nesse riacho, Que esta sou eu... Talvez, quem sabe? 
Quando o vento fica lufando, por vários dias, sobre o rio, é sinal de que suas tiorgas vão mudar o seu curso... Elas vão desembocar no mar, por outro trajeto... Contudo, ele tem horror ao vazio, então, procura contornar as pedras, que, pelo caminho, estão, e, ao passar, consegue seguir o mesmo percurso, que sempre fez, até que suas águas cheguem ao mar e se tornem salgadas... O que deveria brotar, naquele momento, deveria ser eu mesma... Estar, ali, naquela hora e poder assistir ao entrosamento do rio com o mar... Mirando aquele oceano, o meu céu estava vazio, eu não era uma pedra e, portanto, o sol podia me  esquentar... Mas, o que resultava desse aquecimento do sol, parecia-me ser um circuito elétrico. As minhas veias, os meus nervos eram a fiação, através da qual a eletricidade corria veloz, soltando faíscas... Nada parecia interessar-me... Mas, era, apenas, um sonho, para que eu pudesse recordar o passado... Oh...lugar lindo, para que eu pudesse rememorar, onde ele me mostrava, deslumbrantemente, etapas de minha vida... Passagens maravilhosas, que, um dia, eu tive a doce alegria de palmilhar... Vontade de correr atrás, insistir... Pedir uma explicação... Mas, pedir a quem, ao sonho? Não é sempre que temos a oportunidade de que os devaneios sejam repassáveis, ainda que, dentro deles, seja como se o passado estivesse em construção e o futuro prometendo ser lindo, tal qual a onda do mar, que ele traz até a praia e nos encanta, com suas espumas bem brancas, a nos deslumbrar... Talvez, coisas que não servem para nada sejam as mais importantes... Até as sonhadas expressavam nosso temperamento vital, cheio de alento, incapaz de enxergar as sombras... Seriam elas, também, duvidas, esfaceladas, quebradas em mil pedaços, até serem forçadas, algum dia, a recolher os fragmetos e a tentar recompor as sobras... Pois, pessoas só ficariam inteiras, quando aprendessem a vencer as sombras... Em certas épocas da nossa vida, dentro de nossas noites, passeamos pelas mais lindas praias, que, antes, não conhecíamos, somente os nossos sonhares nos mostraram... 23Corre como um rio A cor do mar, em tom sobre tom, vai do verde esmeralda ao verde água clarinho, e a temperatura da água, como imaginamos, é morna e o vento está, sempre, soprando a nosso favor, levando-nos a passeios, de barco, até os lugares mais lindos do nosso passado, que, em nossa memória, ficou... Nesse mar, quando a maré desce, é a hora em que podemos mergulhar, para que possamos avistar, lá no fundo, épocas, que já passaram e enxergaremos peixes de todas as cores e desenhos... A água desse pélago é tão transparente, que dá para ver, claramente, todos os mergulhos, que já oferecemos, até aqui, no presente... Mas, quando a maré se tornou encapelada, eu sabia bem quem eu era, ilógica, no qual me perdia e, ali, me encontrava comigo mesma, nesse violento oceano e tinha a certeza de que aquela era eu... Quem sabe? E tem muito mais beleza, na imensidão desse golfo e, o que é mais belo é o sol, o tempo todo refletindo em suas águas... Poderei ter a certeza, sem dúvida alguma, de que, dentro dessa enseada, que, em meus sonhos, aparece, existe o paraíso, que é, ali, dentro dos devaneios... Então, naquela noite, dentro de meus sonhos, sentindo o cheiro do lagamar, que trazia suas ondas, com as espumas brancas e perfumadas, ví, em seu recôncavo, calmo, tranquilo, sereno, como sempre foi, em meu sono... Ouvindo o barulho das ondas, a bater nas rochas, como a pureza de um cristal, contrastando com 24Marilina Baccarat de Almeida Leão o timbre da minha voz, achei que havia encontrado o meu porto seguro... Uma base, que, com alicerces seguros, daria novo alento à minha vida, dentro desse riacho, que é um imenso oceano, onde me acho... O passado foi bom e é afável recordá-lo, principalmente, quando estou dentro dos sonhos, apreciando a calmaria do imenso mar. Isso é maravilhoso, pois são poucos que têm o privilégio de sonhar com o aguapé e tudo que há nele... Observava um garoto a jogar uma bola para o seu cão, uma criança seguia de mãos dadas com seus pais, que a erguiam de vez em quando para fazê-la voar, e suas risadas confundiam-se com o rumorejar das ondas, que o mar, generosamente, as jogava de encontro às pedras... À noite, chovera, abundantemente, o ar estava frio e nuvens carregadas e escuras corriam ao longe do horizonte... Na praia do meu sonho não havia ninguém, naquela noite... Enquanto caminhava, nas areias brancas do mar, segui em silêncio e consegui reviver o passado, onde, no mar, me achei, dentro dos meus sonhos...

Marilina Leão no livro "Enquanto Espero o Sol"

A ROSA SONHADORA

⁠A rosa tinha muita inveja das outras flores, pois, quando passava pelos jardins e observava as flores, dançando ao bel-prazer do vento, que ora soprava em brisa leve e, em outras passava com rajadas fortes, fazendo-as rodopiar...
A rosa indócil, somente queria pertencer àquele mundo, que ela admirava, mas desconhecia o porquê de haver espinhos em seu caule e não tinha como dançar com as outras flores, quando o vento chegava...
Certo dia, a rosa determinou, sem muito raciocínio, extrair todos os seus espinhos. E, mirando-se, no espelho, sem perceber o sangue, que escorria, pensou: – Estou com ar mais aprazível, um verdadeiro porte de rainha, agora poderei dançar...
E, assim, aproximou-se das outras flores, toda faceira, com um sorriso. Mas sua surpresa foi grande, quando, todas as outras flores, lhe apontaram os dedos, mostrando-lhe o sangue, que escorria em seu caule. Não era o que ela esperava... Afinal, ela era a rainha das flores, justamente pelo perfume e os espinhos...
As flores, virando-se, para ela, perguntaram, em uníssono: Retirar seus ilustres espinhos, por quê?... Eles lhe faziam, além da sua beleza insólita, a tão respeitada rainha de todas nós...
Agora, somos flores sem reinado e sem rainha, não temos a quem idolatrar e você está ferida!
A coitada da rosa, ferida, agora, sem reinado e sem coroa, por querer ser igual às outras flores, que não tinham espinhos e, sem eles, elas dançavam ao desejo do vento, livres e soltas, como ele gostaria...
Jamais seria igual às outras flores, pois tinha espinhos, mas era a rainha, com certeza, de todas elas... Não perdeu a sua altivez, não mais seria rainha, porque o que a diferenciava, das outras, era o mais importante, aos olhos de todas as flores... Os espinhos, que ela havia retirado é que a tornavam diferente...
Naquele mesmo dia, a rosa, que sentia muita dor, por causa da retirada dos espinhos, morreu... A noite se findou, um novo dia raiou, com um maravilhoso sol e outra rosa nasceu, bela, cheirosa e com todos os seus espinhos, sendo eles a sua coroa...
As flores ganhavam, agora, uma nova e reverenciada rainha... Haviam esquecido a rosa sonhadora...

Marilina Baccarat de almeida Leão, no livro "É Mais oui Menos Assim






         


 

sábado, 30 de outubro de 2021

Aonde Recordações nos Levam

 

          Aonde Recordações  Nos levam

 

Existe o momento em que as memórias passam pelo tempo, não são percebidas, mas, ainda assim, são eternizadas, muitas vezes em lágrimas ou risos...

Assim era a vida de Heloisa e suas retentivas. Escrevia por horas, dias, meses e assim formava seus contos, escrevendo com sua caneta dourada...

 Cada letra escrita se transformava em palavras, vidas, que se trançavam, cruzando páginas e mais páginas com sua caneta dourada, onde as Reminiscências a levavam... Tudo, o que por aquelas páginas se escrevia, se enlaçava em suas recordações...                   Confusa, por vezes, Heloisa ficava tentando voltar, desfazendo o que já havia escrito...

 Mas, aos poucos, ela ia percebendo que, o que parecia estar errado, naquelas folhas, davam uma beleza ao seu escrito, que lhe dava personalidade...

Para sua alegria, observou que, ali, suas Impressões estavam sendo relatadas como, realmente, o eram, sendo levada pelos lembretes...

 Parecia que iria atingir o mundo com seus escritos, que, por vezes, pareciam flores, ou estrelas, que acentuavam o trabalho de uma vida e de longo tempo...

 As lágrimas de Heloisa faziam com que as páginas se tornassem um desafio à sua caneta dourada, que rangia ao forçar a letra entre suas lágrimas. Com seu sorriso, enxugava as páginas, e continuava seu trabalho, sendo levada por todas as suas ideias...

 Vez por outra, ela percebia um fio caído na página e sorria, era um cílio, tirava, colocava na palma da mão, fazia um desejo e contava quantos tapas deu na mão, para que ele se soltasse, o número indicaria o tempo do desejo se realizar e, sorrindo, voltava a escrever...

 Perdida, em suas nostalgias, ali ficava, ao lado de sua caneta dourada, com os olhos desejosos, para terminar de alinhar tudo e desalinhar o pensamento de quem iria ler...

 Heloisa, apenas, sorria, como se soubesse das memórias de cada um... Escrevia aqui, arrumava ali, e, assim, continuava a colocar no papel, em branco, todas suas recordações...

 Conhecimentos, que a levassem por caminhos floridos, caminhos do coração...

 Muitos caminhos de suas tradições eram formados de pedra batida e seca, caminhos desertos, onde a solidão, vez ou outra, aparecia...

 Mas, Heloisa achava interessante a solidão, que muitos sentiam, de caminhos incertos e sem razão...

 Pois, muitas vezes, gostava de ficar sozinha, mas, jamais sentia solidão...

Parava, por alguns instantes, segurando sua caneta dourada e pensava: Caminhos são escolhas, que cada um faz, nesses caminhos poderemos nos perder, ou, quiçá, nos encontrarmos com nossos alvitres...

 Heloisa continuava, pois, o seu sorriso era puro, sua felicidade seria capaz de iluminar todo o mundo. Pois, sabia ser liberta das sugestões tristes, sendo, extremamente, feliz...

O tempo de suas invenções retratava lugares reais ou imaginários, tramas, romances e outros tantos...

 Suas invenções não traziam nada de mistério, apenas lembrava de passagens reais, que ficaram em sua  memória  e as colocava no papel. Sempre usando a  sua caneta dourada...

Saía, sempre, em busca de algo, que encontrava em seu passado, buscando algo difícil de se perceber que sempre existe e existirá.Indiques, que  podem, muito bem, ser resolvidas...

 Sempre, as propostas levavam Heloisa, por uma busca de algo difícil de ser encontrado, mas, tinha a certeza, de  que, sempre, estiveram lá...

-Onde nossas reminiscências nos levam? Pensava ela, mas, logo recordava de histórias, que estavam guardadas em suas memória e que, agora, poderiam ser relembradas...

 Seus anseios a levaram para bem longe, onde podia recordar de um homem, que vivia solitário com seu cachorro, cada qual no seu canto, na varanda de uma casa, que ficava no meio da devassidão de uma floresta...

Seus olhos distantes, olhando além da janela, lembrou-se dessa cena, que havia visto no passado, de um homem e seu cachorro...

 Dias e noites passavam e tudo permanecia como de costume, calor, frio, não se percebia o som da música, que o vento, cuidadosamente, trazia, o cheiro da primavera e nem as cores que generosamente se desdobravam para chamar a  atenção, daquele homem, quase que gritando: Oi, é chegada a primavera!

 Nada parecia despertar a atenção do homem e seu cachorro. Só reclamava do inverno, essa estação fria, que parecia despertar os dois de uma inércia irritante...

 O homem, com frio nos ossos, do cobertor velho, surrado, da pouca comida... O cão uivava, quando ia urinar nas árvores, que o ignoravam por completo...

 Entretanto, o homem nunca prestava atenção no que estava logo, ali, bem à sua frente. Poderia ser uma cena alegre ou triste, para ele tanto fazia...

 La estavam dois amigos, que não sabiam viver, um não falava, outro não latia, tudo era silêncio, sem vida e, assim, poderiam se passar muitos anos...

 O fogo estalava a brasa, que, leve, ficava pairando, dançando na fumaça quente, que aquecia o velho e seu cachorro...

 Passou o inverno e veio a primavera, algo quebrou aquela melancolia. Pois o clima mudou, as flores brotaram e tudo ficou mais alegre...

 O velho já não sentia mais frio e o cão se pôs a caminhar pelo terreno, em volta da casa...  O cão, que, sempre, mantinha a cabeça baixa, não resistiu e começou a farejar, com o rabo em riste...

 Depois de muito esforço por querer chamar a atenção do velho, saiu um latido rouco, o homem arregalou os olhos, ajeitou a roupa, esfregou as mãos e, como o cachorro, respirou, profundamente, para sentir algum cheiro diferente...

 Resolveu ir investigar, chamou o cão e lá foram os amigos, mais assustados do que curiosos...

Seguiram bem devagar, pois as pernas do velho, já estavam ficando travadas. Passava fome, frio e a comida, ele não a tinha todos os dias...

 Depois de uns trinta minutos, mais ou menos, pararam... O homem não acreditou! À sua frente, estava se erguendo uma enorme e linda casa!

 Deu a volta no local e lá, em uma linda placa, estava escrito: “A felicidade mora neste Chalé”. Ficou olhando o desenho da placa, maravilhou-se com aquilo, pois sabia que a felicidade existia ...

 Há anos, não via algo tão lindo, uma casa, pessoas sorrindo, guarda-sóis brancos, cadeiras confortáveis, pensou: - Quanta felicidade! Se deu conta de que nem se lembrava mais de que essa palavra existia...

Ficou por alguns minutos admirando aquela casa, as pessoas sorrindo, conversando e lembrou-se de quando tinha sua família, mulher, que já havia morrido há anos  e  filhos,  que  hoje  não os via mais, nem sabia onde estavam...

 Chamou o cão e voltaram, mais uma vez, em silêncio. Na clareira, se deteve e olhou para sua casa. Lembrou de quando ela era pintada de branco, a grama verdinha, os filhos correndo e brincando em volta da casa...

Continuou imóvel na clareira, contemplou sua casa descascada, velha, sem pintura, a cadeira já bem velha com assento fundo e gasto, o tapete do cachorro mais fino ainda. Marejaram-se  os olhos de tristeza...O cão assustou-se e uma lágrima caiu na roupa do homem...

 

 

 

Heloisa voltou para sua escrita, pegou sua caneta dourada e escreveu: Recordações nos levam para onde, muitas vezes, nem queremos ir...




terça-feira, 26 de outubro de 2021

Passagem do Tempo

Passagem do Tempo

                

                                  O flamejar de uma flama,

                                  Que  foi  acesa no caminho,

                                                No tempo certo que aclama, 

                                               O Sumo que ficou no tempo.

                                                     Marilina Baccarat

                                 

 

 Dando a volta por cima, temos orgulho de nos reinventarmos, aguerridas, que somos...

Jogando, pelas veredas, o dissipar-se que restou do tempo inútil...

Isso é o reverberar de uma chama dourada, que foi acesa em nossas vidas, flamejando, em nós, a luz de uma tocha, que um dia foi crescida e, jamais deveremos deixa-la expirar...

Na passagem do tempo, seguimos assim, carregando, em nossas mãos, uma archote,com a expectativa de alcançarmos o pódio e vencermos o andamento...

Um facho, que, ao passar pelas mãos de todos, ao chegar em nossas mãos, contiuamos levando-o, e ele chegará ao pódio com a vitória do sucesso, vencendo o momento em nós mesmos...

Nós mulheres, quando nos olhamos no espelho, vemos como estamos lindas, não há uma que não se ache bela, radiante, pronta para uma nova vida, repleta, plena de amor próprio, como merecemos, fulgurantes e lutadoras, sempre...

Ao vermos o lampadário aceso, nosso olhar fica mais brilhante, nossa luz irradiante, a cada vez que sor- -rimos, pois é o reflexo dessa chama, que, um dia, carregamos e jamais poderá apagar-se... 

Ao olharmos o dia nascendo, com todos os seus lampejos, é motivo de muito orgulho e imensa alegria e gratidão, à vida, por termos o cintilar de uma tocha, que um dia apagou-se, mas, novamente, se acendeu...

Daí para frente, não permitiremos que a chama feneça, seguiremos firmes, sem jamais deixar que a luminosidade, desse candelabro, se apague algum dia...

Esse lampadário sofreu alguns acidentes, quando alguns obstáculos surgiram em nossas veredas, nos quais poderia ter-se esvaído...

Mas não feneceu, seguramos firmes nele e seguimos pelos sentidos da vida...

Mas, após esses empecilhos, recuperou-se e voltou a ser uma tocha maravilhosa, de uma luz radiante...

Que, ainda, vai iluminar, por muito tempo, os nossos caminhos, na passagem do tempo, que nos deu tempo, para podermos seguir adiante...

O resplandecer, dessa flama, é como se fosse um novo dia, onde realizamos um sonho, que já era acalentado, há alguns anos, a passagem do tempo...

Sem vacilar, corremos, para podermos chegar ao pódio e colocar a tocha na pira e sermos produtivas, com o tempo, que a nós foi dado...

Esse tempo, que nos deu tempo, para seguirmos, com o brandão em nossas mãos, até chegarmos ao  pódio do tempo e lá colocá-lo, sem que apagasse...

Ali chegamos...Com a chama em nossas mãos, lutadoras que somos...

Colocamos a tocha na pira do momento, como vencedoras, que sempre fomos....

Agora, é só aguardar para que a luz dessa tocha ilumine nossos caminhos...

Para o desfecho, que já vislumbramos e temos a certeza de que tudo se firmará...

Pois a chama dessa tocha alumiará nossos passos e chegaremos bem sucedidas ao final...

Assim como o rio, que reverbera o reflexo do sol, nós, também, reverberaremos o nosso amor pelo tempo, com essa tocha, que, em nossas mãos, estava e conseguimos vencer o tempo, chegando lá...

Ela, para nós, representa nossos luzires, graças ao rebrilhar dessa chama...

Soubemos vencer todos os percalços da vida com sua luz, a alumiar os logradouros...

Saímos mais fortes de qualquer conjuntura, pois vencemos o tempo e chegamos até o final da luta, vitoriosas...

Pois, sempre, fomos lutadoras, e, ali, chegamos...

Não deixamos a chama, dessa tocha, fenecer...

Essa luz, que um dia quis se apagar, mas, agora,  reverberá-la-emos...

Pois ela acendeu, em nós, a chama da esperança, que se havia enfraquecido...

Passamos, pelo tempo, mas, o tempo não passou por nós...

Pois, desviou por outra trilha, poque tínhamos a chama  acesa em nossas mãos, justamente para enfrentarmos o tempo e sermos vencedoras...

Na passagem do tempo, somente as corajosas saberão enfrentar...

Atiramos, pelo caminho, as horas inúteis do tempo, aguerridas, que somos...

Sabemos que o valor da chama não está no tempo em que dura, mas na intensidade com que tudo acontece, em nossas vidas...

Saímos mais fortes de qualquer conjuntura, pois vencemos o tempo e chegamos até o final da luta...

Assim fizemos: jogamos pelo caminho, as folhas douradas do tempo, e, corremos para atingirmos o pódio o mais cedo possível...

 

 

 


Pois, recebemos, tudo isso, de quem reverberou em nós e acendeu a tocha, para iluminar nossos caminhos... E, seguindo pela passagem desse tempo, jamais deixaremos que essa chama feneça...




domingo, 24 de outubro de 2021

Sentimentos Compreendidos



entimentos Compreendidos

 

                               Sentimentos são assim,

                                           Tentam se entenderem,

                                           Como tinta de nanquim,

                                           Hulhas que jamais forjem.

                                            Marilina Baccarat                                                                         

 

 

Por termos a esperança, como um de nossos cálices, temos fé em dias melhores. Os sentimentos procuram se entender, mas, muitos deles não se misturam, como tinta de nanquim...

Temos o fascínio pela vida, pelas manhãs ensolaradas, onde o nosso astral parece estar lá em cima... então surge o sol e essa esperança aborda...  Isso não é conformismo, pelo contrário, é um gesto de perspectiva, nessa vida arredia, que insiste sempre em nos surpreender...

Há um sentimento que quer correr atrás do tempo perdido, descoberto somente agora, coisas maravilhosas, que temos a capacidade de fazê-las...

Mas, de alguma forma voltamos com forças, muitas vezes pequenas, que, se lutarmos, conseguiremos torna-las grandes...

Há muitos sentires, em nosso ser, dos quais muitos morreram ao longo do nosso caminho: -morreu o sonho de voar... feneceu a saudade, pois a nossa fé, fez com que aprendêssemos a conviver com ela...

Muitas vezes nasce a desesperança, mas lá no fundo, somos fortes como um chão batido e pisado, que ficou assim, justamente por estar batido e esmagado...

Queremos, muitas vezes, deitar em uma sombra e ouvir o silêncio, escutar o leve assovio do vento batendo nas folhas das árvores...

Essa canção que as folhagens cantam, harmonizadas, entre elas, quando passa uma rajada, a parecer um lamento, querendo que as comiserações se completem, que se entendam entre elas...

Acompanhamos a dança e o destino dos grãos de poeira correndo junto com o ventar, muitas vezes, formando nuvens de poeira, impedindo-nos de admirar o dançar e o cântico das folhas, cuja, cuja fugacidade é quem rege essa orquestra...

Essa sensibilidade quer brincar com o tempo, ao mesmo instante em que acompanha o rodopiar da varredura, a parecer querer que não se finde, para que não se aperfeiçoe o completar do sentir... então os sentimentos se compreendem, apesar de não ser simples, pois são como tinta de nanquim... 

 

Biografia:

 Marilina, nascida Baccarat, descendente de francês, nasceu em Paulo-Capital.
Musicista com especialização em órgão pela Universidade Columbia em New York. Colunista da revista Varal do Brasil.

 

 



quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Fracassar Jamais

Fracassar, Jamais

                                   Fracassos podem  tornar impossíveis,

                                                 Se  caminharmos  pelas conquistas,

                                                 Com certeza, tudo sera plausíveis,

                                                 Na  vida  somente há vitórias.

                                                        Marilina Baccarat

 

 

 

 

As conjunturas irrompem o fracasso, para fazer, da natureza da vida, conquistas, que desejamos...

Os caminhos, simplesmente, não são, apenas, o que concebem de nós mesmos. Mas, o que desejamos ser, no íntimo de nós próprios...

Esse é o princípio da nossa existência, dentro de nossa essência...

Nas caminhadas da vida, não há angústia, muito menos fracasso, se soubermos caminhar, olhando para dentro de nós mesmo, com o olhar no horizonte...  

As ansiedades então, estarão lançadas e entregues ao determinismo de nós outros, que podemos tornar possíveis ou impossíveis as nossas iniciativas...

Essa aleatória é o livre-arbítrio, com relação aos nossos passos, por onde andamos. Mas, somente o acaso é quem vai decidir...

Ficamos aparvalhados, quando queremos triunfos e o frustrar-se não nos deixa caminhar livremente, rumo às usurpas...  

Não escolhemos nossas trilhas pela vida afora, são elas que escolhem a nós. O atalho que devemos tomar, nosso eu, sempre ele, é quem nos dirigirá, por essa ou aquela azinhaga..

Estamos, sempre, procurando as melhores veredas e, muitas delas, não aparecem, ficam em um canto qualquer de nós mesmos, até que, um certo dia, resolvem aparecer...

Mas, a cada dia, vemos que as sendas estão mais libertas, aparecem em nossa frente, sem que queiramos...

Quando surgem nossos sucessos, muitas vezes, mudamos o nosso logradouro, queremos agir diferente daquilo, que está dentro de nossa essência...

Começamos, então, a enxergar, somente, o fracasso em nossas andanças. Tanto que, às vezes, não nos reconhecemos...

Quem sabe, talvez, o que tenha mudado não tenha sido nós, mas, a forma como enxergamos, hoje, o desprovido, dentro de nossos acontecimentos...

Mas, temos plena consciência de que o nosso bem-estar, nossa integridade dependem, unicamente, de nós mesmos e não do fracasso de nós...

 


Hoje, sabemos que as conquistas, muitas vezes, estão, realmente, escondidas em algum canto de nós mesmos. Estamos à espera delas, por nossa conta e risco...Temos que  ter a calma, como o sol, que pacientemente, espera pelo alvorecer....  

 Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Enquanto Espero o Sol" página 135