entimentos Compreendidos
Sentimentos são assim,
Tentam se entenderem,
Como
tinta de nanquim,
Hulhas que
jamais forjem.
Marilina Baccarat
Por termos a esperança, como um
de nossos cálices, temos fé em dias melhores. Os sentimentos procuram se
entender, mas, muitos deles não se misturam, como tinta de nanquim...
Temos o fascínio pela vida,
pelas manhãs ensolaradas, onde o nosso astral parece estar lá em cima... então
surge o sol e essa esperança aborda... Isso não é conformismo, pelo contrário, é um
gesto de perspectiva, nessa vida arredia, que insiste sempre em nos
surpreender...
Há um sentimento que quer
correr atrás do tempo perdido, descoberto somente agora, coisas maravilhosas,
que temos a capacidade de fazê-las...
Mas, de alguma forma voltamos
com forças, muitas vezes pequenas, que, se lutarmos, conseguiremos torna-las
grandes...
Há muitos sentires, em nosso
ser, dos quais muitos morreram ao longo do nosso caminho: -morreu o sonho de
voar... feneceu a saudade, pois a nossa fé, fez com que aprendêssemos a
conviver com ela...
Muitas
vezes nasce a desesperança, mas lá no fundo, somos fortes como um chão batido e
pisado, que ficou assim, justamente por estar batido e esmagado...
Queremos,
muitas vezes, deitar em uma sombra e ouvir o silêncio, escutar o leve assovio
do vento batendo nas folhas das árvores...
Essa
canção que as folhagens cantam, harmonizadas, entre elas, quando passa uma
rajada, a parecer um lamento, querendo que as comiserações se completem, que se
entendam entre elas...
Acompanhamos
a dança e o destino dos grãos de poeira correndo junto com o ventar, muitas
vezes, formando nuvens de poeira, impedindo-nos de admirar o dançar e o cântico
das folhas, cuja, cuja fugacidade é quem rege essa orquestra...
Essa
sensibilidade quer brincar com o tempo, ao mesmo instante em que acompanha o
rodopiar da varredura, a parecer querer que não se finde, para que não se
aperfeiçoe o completar do sentir... então os sentimentos se compreendem, apesar
de não ser simples, pois são como tinta de nanquim...
Biografia:
Marilina, nascida Baccarat, descendente de
francês, nasceu em Paulo-Capital.
Musicista com especialização em órgão pela Universidade Columbia em New York.
Colunista da revista Varal do Brasil.
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