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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
A vida
domingo, 8 de novembro de 2020
Abrindo as velhas portas
sábado, 31 de outubro de 2020
A Santista Maria Arruda Baccarat
MARIA BACCARAT, A PRIMEIRA ADVOGADA SANTISTA
A revista Flamma, circulante em Santos entre os anos de 1921 e 1956, sempre dedicou bastante espaço para o universo feminino, servindo como importante meio de comunicação para este público, exaltando ainda a beleza e a capacidade da mulher santista. Entre as muitas curiosidades estampadas em suas páginas, foi motivo de destaque, na edição nº 10, de outubro de 1940, a conquista da jovem Maria Arruda Baccarat, considerada a primeira mulher santista graduada em ciências jurídicas na história da cidade.
Formada pela Faculdade de Direito de São Paulo (Largo de São Francisco) na turma de 1939, Maria Baccarat obtia seu ingresso na 2ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em setembro de 1940, motivo pelo qual a revista decidiu fazer uma homenagem a esta pioneira do Direito santense. Dizia a nota de uma página sobre a jovem:
“Flamma presta, hoje, justa homenagem à primeira santista formada em ciências jurídicas e sociais. Maria Baccarat, advogada nos auditórios desta comarca, tem um nome a zelar. Seu pai, Samuel Baccarat, foi um dos mais ilustres e ardentes causídicos que militaram no cível e no comercial, conseguindo os mais belos triunfos nas lides forenses desta cidade. Vereador laborioso, político inflamado, tornou-se no seu tempo, elemento indispensável ao nosso meio, que ele soube dignificar com a sua nobreza de caráter.
É o patrimônio desse nome ilustre que a Doutora Maria Baccarat tem de respeitar e defender, na sua nobre e elevada carreira. E estamos seguros de que s.s., com o brilho do seu talento, com a luminosidade da sua simpatia, com a intrepidez de sua juventude, tudo fará para conservar a aureola de fama e de glorificação que rodeou a vida agitada e exemplar de seu progenitor.
A mulher santista terá, assim, para representa-la no setor da vida do foro local, uma legítima glória, moça que nasceu na princesa do mar, a quem o poeta das Cantigas teceu as mais afinadas estrofes nos seus magníficos poemas de romantismo e sentimento.
A doutora Maria Baccarat, ilustrando com a sua mocidade a página de honra da Flamma, consagra-se desta forma, na genuína embaixatriz da mulher santista, no posto de ardente defensora do direito e da justiça. E a nossa revista, ao prestar-lhe esta prova de simpatia e admiração, cumpre um dever e homenageia a mocidade feminina na pessoa dessa intrépida e inteligente conterrânea, exemplo de cultura, coragem e esforço”
Maria Baccarat militou na comarca santista por alguns anos. Também contribuía com textos dramáticos para as novelas produzidas pela Rádio Atlântica, de sua família. Em 1953 prestou concurso público para trabalhar na área jurídica do Ministério da Educação e Cultura. Atuou com diversos ministros, destacando-se, entre eles, Ney Braga e Jarbas Passarinho. Angariando experiência a cada ano, a santista passou a ser convidada para dar aulas inaugurais em diversas universidades pelo país, especialmente no campo do Direito da Mulher.
Em 1972, Maria Baccarat foi uma das integrantes da delegação brasileira participante da Conferência Interamericana Especializada em Educação Integral da Mulher, realizada em Buenos Aires, sob o comando da Organização dos Estados Americanos. Na qualidade de assistente jurídica do Ministério da Educação, a santista dissertou sobre os aspectos da reforma do ensino brasileiro, comandando os painéis “Educação e Aspectos Jurídicos” e “A Formação Cultural da Mulher”, mostrando o quanto elas, no Brasil, já participavam ativamente da vida cultural e intelectual do país, quer como docentes ou discentes.
Em meados dos anos 1970, após obter seus direitos de aposentadoria, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no bairro de Campo Grande. Na capital carioca atuou como procuradora-geral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nesta época passou a utilizar suas horas vagas para dedicar-se à literatura, lançando dois livros de poesias, todos com a temática feminina: “Versos de Maria” e “Mulher Intemporal”. Em 1994, já passando da casa dos 70 anos de idade, a grande santista lançava um romance intitulado “Mulheres de Outrora”, que discutia o papel feminino nas sociedades dos séculos 18 e 19. O evento de lançamento aconteceu no auditório do Palácio Gustavo Capanema, do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro.
Maria Baccarat não se casou e não teve filhos. Seu falecimento aconteceu antes de 2005, como apurou o colaborador do Memória Santista, Vicente Vazquez, que encontrou um acórdão do Tribunal de Contas da União, na análise das contas da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Em determinado trecho do documento, o texto é claro: “16.4 Por fim, transcreve trecho atribuído a Gaston Gèze, citado pela saudosa Consultora Jurídica do MEC, mais tarde Procuradora-Geral da UFRRJ, Maria Arruda Baccarat, em estudo sobre o art. 5º. da LICC, intitulado ‘Exegese da Lei’, publicado por aquela Universidade em 1991” .
Filha de Samuel Baccarat, autor do livro “Capacetes de Aço” e eminente político
Maria era a filha caçula, a quinta do casal Alda Arruda e Samuel Baccarat. Ele fora um grande advogado, formado em Direito no Largo São Francisco em 1915. Ingressou na política local e chegou ao posto de deputado estadual entre 1925 e 1927. Lutou na Revolução Constitucionalista de 1932, sobre a qual escreveu o livro “Capacetes de Aço”. Acabou exilado pelo governo Getúlio Vargas e acabou morrendo em 21 de março de 1934 na cidade francesa de Marselha, vítima de apendicite.-
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
A menina que vive em mim.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
SER E VIVER
SER E
VIVER
Uma das maiores artes, de ser e viver, é saber abrir mão das realidades, que não servem mais, como o rancor, a inveja, para receber com gratidão uma nova realidade, e, depois abrir o coração para se doar com amor...
É estar aberto para receber e reconhecer as pequenas e grandes coisas, que chegam ao nosso caminho, com gratidão, mesmo que não estejam dentro das expectativas...
Procurar dar atenção, carinho, uma palavra amiga, sem esperar nada em troca...
O dia se inicia, quando acordamos, qualquer que seja o horário...Nunca é cedo, jamais é tarde; simplesmente é o tempo...
O passo atual é o mais importante, pois não há o último passo...,o próprio elo da vida, que é o amor e a paz, é mais importante, vital e livre...
Quando começamos a nos doar em amor e dar atenção, para os outros, começa a paz de ser e viver. Ouvimos, com o coração, alguém, que esteja precisando de algo, sentimo-nos útil...
No final do dia, quando a noite chega, antes de colocarmos nossas cabeças em nossos travesseiros, experimentamos a paz, sobre tudo, como os momentos e oportunidades em que permitimos ofertar o nosso tempo, com carinho...
Depois, poderemos dormir com alegria e paz no coração, pois praticamos a arte de se doar e, de fato, somos privilegiados...
Afinal, as pessoas especiais não têm medo de ser vulneráveis, não temem dividir conhecimentos, compartilhar sonhos, ideias e alacridades..., sabem que não são únicas, mas que fazem parte de um todo..., elas têm prazer em estender as mãos...
A qualquer hora, dia ou lugar, podemos agir com o coração, e, tendo a certeza de que o amor e a paz, são o que faz a vida ser maravilhosa...
Texto de Marilina Baccarat de Almeida Leão, que foi publicado na antologia da Academia de Letras do Brasil.
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terça-feira, 4 de agosto de 2020
Na partitura da vida
sábado, 25 de julho de 2020
segunda-feira, 20 de julho de 2020
Medo da Solidão
Necessitamos, muitas vezes, estarmos sós, para vivermos isolados e poder elucubrar sobre a vida, quando temos a isolação, a nos acompanhar...
Sem o retraimento não me atiro, não me arrisco, não me camúflo... Dissolvo-me, espalho...
Na solidão, esqueço-me. E nos silêncios com as noites sôfregas, que são povoadas de desejos ávidos, olho-me no espelho e me acho dentro do isolamento...
Não percebo os estímulos, não acalanto a ternura, que mora em mim... Não aquieto os meus temores de ser só... Com a solidão, poderei sair por aí, caçando afetos, aceitando sobejos, confundindo não estar só... Trocarei, em sonhos, bilhetes tristes e acordarei vazia de mim mesma... Perder-me-ei na fragilidade, que é o lugar onde encontro a mim mesma...
Sairei, com os pés descalços, braços bem abertos, desviando-me do tempo, buscando por ternura, acolhendo afetos mendigados, para não estar sózinha...
Só para ludibriar o tempo, tendo a bravura, manter-me-ei transtornada, só para enganar o momento e não ter que esperar a vida passar, assim mesmo...
Sem a penumbra, atraiçoarei meus desejos, gracejarei sem achar graça... Só para não ter que me refugiar na solidão... Acobertarei os meus lamentos e recolherei o meu pranto, para que ninguém pressinta...
Caminharei por caminhos áridos, tendo como companhia a audácia... Afastar-me-ei de mim mesma, perder-me-ei nas trilhas da solidão, pois, é ali, que me encontro, de onde observo um jardim secreto, com acesso ao templo, que há em mim...Medo?... Sim, o tenho...Mas posso perfeitamente entender, que o pavor mora lá e a coragem vive em mim, dentro desse templo, para sempre...
Transformá-la, em serenidade, é atitude da assisada que posso ser... Pois, nesse mundo, onde tudo é efêmero, a valentia pode ser um suavizo e não afadigo...
A ousadia de sentir a solidão poderá ser resgate da coragem. Jamais equívoco do medo...
Em um mundo deslumbrado. por juventude e sucesso, a solidão poderá ser livre-arbítrio, não desapossado, em nós...
Quero abraços, para esquecer a solidão, mas, ainda assim, preciso aprender a ter coragem, alumiar a essência, para clarear os seus contornos e esquecer o medo...
quinta-feira, 11 de junho de 2020
O Envelhecer
quarta-feira, 20 de maio de 2020
sábado, 9 de maio de 2020
As mães não morrem
quarta-feira, 29 de abril de 2020
Patria Amada
Tenho pensado no Brasil como Povo, como Nação, como Pátria minha. Como um somatório de muitos, de cada um de nós.
Esta pátria, da qual nos orgulhamos principalmente para quem já morou fora deste país enorme, quase um continente, que vemos ser vilipendiado, por nós mesmos, pelos outros e nos calamos aquiescentes, coniventes.
Falamos mal do vizinho quando sabemos que ele deu propina ao guarda para que não o multasse, mas faz o mesmo quando o caso é com ele... Falam mal da mãe de quem para o carro com as duas rodas, em cima da calçada, mas, quando não encontra vaga por perto, faz pior:- joga o carro com as quatro rodas por cima da mesma calçada.
É a tal estória:- “todo mundo faz, também vou fazer”... Não sei de onde vem isto. Se foi o tipo de colonização a que fomos sujeitos que gerou esse descompromisso, esse pouco caso com o outro, com a cidade, com o estado e consequentemente com o país. Onde erramos, como nação? Ao escolher os nossos governantes? Ao sermos corruptos e corruptores também?...Corrupção há em todo lugar, mas nos outros lugares há a punição. Aqui não, a certeza da impunidade é que faz a criminalidade crescer a cada dia. E não me venham dizer que é a miséria ou a pobreza a causadora disto tudo. Não, isso é cultural e ancestral, carregamos em nossos genes o desejo de se locupletar mais, sempre que possível, pouco se importando com o resto do país. Pensamos que há um Brasil, para cada um de nós. Um Brasil moldável, adaptável aos nossos próprios interesses, um interesse, em detrimento do TODO!
Temos que pensar em começarmos a construir a ideia de que somos todos nós, juntos, quem formamos a Nação.
Não só quem legisla, não só quem executa as leis, não só quem as faz cumprir. Mas o povo, tendo em quem se espelhar, vendo exemplos de amor à pátria, para nossos filhos e netos. Comecemos a construir, dentro de nós, a autoestima necessária para que se AME uma Pátria Amada. Brasil...
sábado, 25 de abril de 2020
Ostentada Viração
Há ventosidades, que são exibidas, quando resolvem correr, virando as esquinas com a máxima velocidade, fazem tanto estardalhaço que parecem querer levar o que encontram pela frente, a nos envolver junto a elas...
Certos ventos chegam com calma, não fazem muito barulho, e nos deixam maravilhados, ao senti-los que estão a acariciar nossas faces... Mas, há sopros, que se acaçapam e se misturam às folhagens do outono, como se estivessem fazendo as folhas dançarem; batem no solo e jogam poeira em nossos olhos, e, ao sermos açoitados por eles, não conseguimos compreender o porquê da agressão...
Existem virações antigas, que, ao longo da nossa vida, dobramos as arestas a favor delas. Elas sopram, com tanta força, que parecem dar o tom, para que um coral entre e entoe lindas canções, com várias vozes, sempre arrumando uma maneira de ventar, sempre, a nosso favor...
Há ventos recém-chegados, que parecem deixar suas bagagens no chão, e correm para nos abraçar, pois já nos conhecem há muitos anos, chegam com uma brisa bem leve e logo se transformam em uma ventania, batendo direto em nossa alma...
Esses são ventares, que são velhos conhecidos nossos, sabemos, até, o tempo em que eles aparecem, como gostam de caminhar, e a quanto costumam correr. São sopros quase sem surpresa, sopram contra nós, com a mesma mania de nos incomodar...
Constituem em uma ventania, da qual nós reconhecemos o cheiro, quando se aproxima, o barulho dos seus passos aproximar-se, a atmosfera, que lhe antecipa a chegada... Uma rajada, que bate de frente, olhando em nossos olhos, e perguntamos sem eufemismo: – Você, novamente? – Outra vez? Pois é, ele de novo, é um favônio que, às vezes, parece que não vai passar nunca... Há dias em que gostamos, outros não... O que não sabemos a respeito daquela ventosidade, era o porquê de soprar tanto, abrindo, assim, uma dor que ela mostrava existir..., que amargura era aquela que se estendia, em um vaivém cada vez maior, para tantos pontos de nós...
Mas, em uma certa manhã bem fresquinha, com o céu azul, a enfeitar o dia, de repente, o sol se esconde por detrás das nuvens escuras, que pareciam estar cheias de chuva, parecendo uma dança simultânea, entre eles e tudo que se passava em nosso íntimo...
Lá estava ele, de novo, o velho vento conhecido nosso... Mas, agora, foi surpreendente, pois não ouvimos os seus passos, não sentimos o seu cheiro, apenas sentimos, em nossas faces, a forte brisa, que parecia trazer uma mensagem:
– Olhe para os seus sentimentos, eles os acompanharam durante toda a vida... Era uma lufada, onde não cabiam palavras, apenas um entendimento, que só acontece, quando é possível sentir a harmonia daquele momento... Tivemos a percepção de que estávamos em um ambiente completamente escuro, onde as cortinas se abriam e uma grande orquestra iniciava uma sonata... Para nós, parecíamos estar dentro de um adágio, numa busca em que nos sentíamos desesperançados, onde os maiores vendavais não seriam capazes de nos ajudar a sair daquele lugar...
Até que a refega se acalmou, chegou o momento em que conseguimos alcançar a claridade, naquela escuridão e pudemos entender o que a ventania queria nos dizer... Entendemos o porquê daquele zéfiro exibido, que soprava tão forte... Ainda, ali, parados, sentindo a luz do sol, que despontava no horizonte, desejávamos desistir da companhia do estadeado vento, ao qual nos apegávamos, pois, já conhecíamos a sua fragilidade... Na expectativa, acompanhada da frustração, em que ele nos envolvia, tentamos encher aquele espaço vazio, com tantas emoções incapazes de preenchê-lo, manter aberta as janelas, até que ele pudesse voltar e com calma, em uma brisa suave, acariciar as nossas faces e curar o pavor, que sentíamos desses furacões...
Não, aquele ventar, que aguardávamos, chegando e arrancando as grades das janelas, entrando, trazendo, com ele, todos os anseios, não viria mais... A possibilidade desse exibido chegar, viria somente com a nossa aceitação. Do nosso desapego e do nosso autopreenchimento, de nós mesmos... Naquele momento, aceitamos que o exibido voltasse, escolhemos não desistir. Deixamos as janelas abertas, para que ele entrasse. Ainda não sabíamos, exatamente, como iriamos fazer, contudo, estávamos confiantes de que, de alguma maneira, ele voltaria...
A noite já havia jogado o seu manto estrelado, sem o vento e sem a lua, mas foi a primeira vez que o vento levou nossa ilusão de termos a felicidade... Mas, sabíamos, demoraria um pouco para que ele viesse novamente, sanar a falta que sentíamos desse ostentado vento, como, sempre, acontecia...
Naquele tempo, sentimos que o sol voltaria a aparecer junto com a aragem, embora fosse provável que ainda demoraria atrás de algumas nuvens...
Entre tantas ventanias ostentadas, experimentamos um afetuoso apreço, pela capacidade que a vida tem de se renovar, mesmo quando é passado algum tempo, sem que tenhamos o estadeado vento, a arrancar as grades das janelas...
Texto de Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Vertices do Tempo" página 26
domingo, 19 de abril de 2020
Minuto presente
Preste atenção ao que está fazendo.
O ontem já lhe fugiu das mãos.
O amanhã ainda não chegou.
Viva o momento presente, porque dele depende todo o seu futuro.
Procure aproveitar ao máximo o minuto do minuto em que está vivendo, tirando todas as vantagens que puder, para seu aperfeiçoamento.
Marilina Baccarat de Almeida Leão ( escritora brasileira)
No livro "Vértices do Tempo "
sábado, 4 de abril de 2020
Lembranças com rudeza
Mas, quem não tem lembranças, sejam elas tristes ou alegres, é sinal de que não teve passado. As nossas lembranças são absolutas. Pode ter sido péssima para mim e ser ótima para outros. Por isso, às vezes, as lembranças nos cansam e preferimos não as ter, preferimos a solidão como companheira, sem lembranças, sem recordações...
Assim, não temos que confrontar ninguém com nossas lembranças, pois, cada um tem as suas...
Cada um as relembra como quer. Cada um faz o que quer com as lembranças, a relembra ou a camufla, ou, simplesmente, as deixa lá, quietas, sem as incomodar. Existem lembranças, que nos fazem afastar um pouco do mundo real, lembramos de sonhos realizados, objetivos alcançados e voamos com os nossos pensamentos, pois, eles fazem com que a gente voe, e bem alto, até às alturas alcandoradas, lembrando-nos de coisas belas, que nos aconteceram. Outras lembranças nos trazem solidão, o mundo se torna cinza, quando elas surgem, que pena! Lembranças poderiam ser, somente, boas, jamais as lembranças ruins deveriam surgir em nossos pensamentos...
Muitas vezes, é melhor preferir o silêncio, que nos envenena e a solidão, que nos completa e nos mata aos poucos, a ter que conviver com lembranças, que não foram boas...
sábado, 28 de março de 2020
A Mulher e a Estrela
Um texto que escrevi em 1914 para o Varal do Brasil, mas que eu gosto muito.
Essa revista
circula na Europa e é impresso na Suissa
A MULHER E A ESTRELA
Por Marilina Baccarat de Almeida Leão
Por uma porta aberta, olhava a bela mulher de cabelos cor de fogo e mãos com dedos compridos, os olhos perdidos, buscando, no céu de fim de tarde, quando a noite já começava a cair, uma estrela. Aquela estrela, que sempre parecia aumentar o brilho, para que ela, encantada, pudesse estabelecer um diálogo com a Estrela. Ao encontrá-la, abriria um sorriso, daria uma boa noite à estrela e a conversa começaria, como qualquer outra, contaria do sol ou da chuva, da família e das amigas, quando cansasse, sentaria no batente da porta e respiraria fundo o cheiro do jasmim... Várias vezes, descreveu, para sua amiga estrela, o que era o aroma, só que não adiantava muito, pois a estrela não entendia...Descrevia a aspereza da terra e a maciez da grama, do gosto salgado da lágrima, do doce da fruta, do amargo do jiló, do gelado do sorvete. E então a confusão estava feita:- O que é sorvete? Sorrindo, a mulher dizia:- Esquece e me fala do que você vê. A estrela então dizia:- Daqui, durante o dia, posso ver pouco, pois o sol me bloqueia, vejo nuances de cinza, pontos coloridos, indo e vindo, lentos ou rápidos demais, os ruídos são tantos que me confundo, houve uma vez que quase caí, um vento muito forte passou por mim, senti um cheiro estranho, minhas amigas, que estão aqui, há muito tempo, disseram que são aviões de guerra, senti o cheiro da morte, você já sentiu esse cheiro? A mulher respondeu que sim, mas, não queria falar sobre isso, era triste demais, não a morte em si, mas, sim, como se morre na guerra... Para aliviar a tristeza da voz, que sentiu da mulher, a estrela então começou a falar:- agora mesmo vejo muito bem, você e seus cabelos vermelhos, o branco do que se chama jasmim, e muitas luzes, que, daqui, parecem iguais a mim. A senhora então sorriu com a gentileza dela e descreveu que, da terra, ela via a estrela com um enorme brilho, que a distância fazia com que ela parecesse uma fada ou um anjo. A estrela ficou feliz e disse que poderia vir à terra morar e ser vizinha da sua amiga, sentir os cheiros, a aspereza da terra, o gelado do sorvete e o perfume do jasmim, sentir a vida... Sábia, a mulher de cabelos vermelhos lhe explicou que, se ela viesse, maravilhoso seria, contudo, como conseguiria voltar ao céu? A estrela então respondeu que não poderia voltar, pois, na terra ficaria, mesmo que fosse jogada ao mar, onde nasce a lua. Ainda, assim, não retornaria e nem sequer estrela do mar se tornaria. Então a doce senhora lhe pediu que no céu ficasse e iluminasse as noites escuras, junto com a lua e no dia em que, do céu, ela visse um rasgão de luz, correria e a abraçaria, juntando assim o céu e a terra em poesia única, onde a grama macia a faria repousar sobre os olhos de suas companheiras do céu...E então, eternas, na terra, seria a mulher e a estrela.
quinta-feira, 12 de março de 2020
Sexsalescentes
“Sexalescentes”
Se estivermos atentos, podemos notar que está aparecendo uma nova franja social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade, os sexalescentes. É a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho; que procuraram e encontraram, há muito, a atividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em aposentar-se.
E os que já se aposentaram, gozam plenamente cada dia, sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro, quer num, quer na outra.
Desfrutam a situação, porque, depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabem bem olhar para o mar, sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5º andar...
Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.
Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60.
Naqueles momentos da sua juventude, em que eram tantas as mudanças, parou e refletiu sobre o que, na realidade, queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas ....
Mas, cada uma fez o que quis : reconheçamos que não foi fácil, e, no entanto, continuam a fazê-lo todos os dias.
Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.
Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e veem-se ), e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos - mandam e-mails com suas notícias, ideias e vivências.
De uma maneira geral, estão satisfeitos com o seu estado civil e, quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.
Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos.
Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e parte para outra ...
Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza ; mas não se sentem em retirada.
Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo ... Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo.. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.
Hoje, as pessoas na década dos sessenta estreiam uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos, e agora já não o são.
Hoje têm boa saúde, física e mental, recordam a juventude, mas sem nostalgias, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.
Celebram o Sol em cada manhã e sorriem para si próprios...talvez, por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegarem aos 60 no século XXI ...
Marilina Baccarat de Almeida Leão
segunda-feira, 2 de março de 2020
Lento é o Tempo
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
Lançamento dos livro "Há Um Sempre no Caminho" e Vértices do Tempo"
Há Um Sempre No Caminho, é um romance que faz-nos repensar sobre a vida. E, em Vértices do Tempo, são crônicas, que narram todas as esquinas da vida, pela qual passamos, sempre. Leiam e deem livros de presente.
Vocês encontram nas livrarias cultura, martins fontes, livraria do mercado, asabeça e, em oferta nas livrarias Curitiba.
htpps:/livrariascuritiba.com.br
sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
Posse em Buenos Aires
RECEBE DAS MÃOS DO PREFEITO DE BUENOS AIRES, O TROFÉU EVITA PERON
COM O PREFEITO DE BUENOS AIRES E A PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ESCRITORES
Novos acadêmicos, que ingressaram no núcleo de Letras de Buenos Aires, quando Marilina Baccarat de Almeida Leão, recebeu o titúlo honorífico de Embaixadora da Paz.
A ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL, MARCANDO PRESENÇA EM BUENOS AIRES ARGENTINA
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
As pérolas jamais falharão
Quando estou revirando os baús é como se eu estivesse criando um mundo imaginário, onde os meus pés não podem tocar, mas a minha cabeça vive lá. É um lugar, onde encontramos pérolas, que ficaram perdidas, por lá, mas, eu saio à busca delas, para relembrar épocas, emoções, viagens, momentos...
Vivo entre pérolas, que me encantam e é esse meu jeito de enxergar a vida, buscando, dentro dos baús, muitas, mas muitas, pérolas, que, lá, estavam...
Enxergo as pérolas e vou à busca delas, simplesmente, para poder revê-las e não deixar que me puxem para baixo, me joguem em um precipício.
É muito interessante passar o tempo todo, buscando pérolas, que, escondidas, estavam...Passo o tempo todo sozinha, em busca de pérolas e, lá, as encontro, fechadas em um baú, que, somente, eu posso buscá-las. A chave, somente, a mim, pertence.
A minha alma se alegra em poder encontrar pérolas, que, para trás, ficaram e, agora, tenho a oportunidade de buscá-las, ainda que seja em baús.
Pérolas, que nos separam de algo inatingível, onde, somente, minha mão pode entrar e buscá-las.
Quantas vezes me perguntei o que estaria fazendo ali, abrindo o baú e buscando as pérolas...
Meu mundo é o das artes, da leitura, da escrita, do tangível, é por isso que busco as pérolas, que, no fundo do baú, estavam, já, há muito tempo, paradas.
As pérolas, eu as cultivo, desde muito tempo e não abro mão delas, é por isso que estou, sempre, revirando os baús, para poder buscar minhas pérolas... Pérolas em forma de contos, que ficaram no passado, dentro da minha mente, mas, eu as busquei, para que elas nunca saiam da minha memória.
Pessoas são diferentes, não se completam, são incompatíveis, mas as pérolas não. Elas são todas do mesmo tamanho e seguem o mesmo caminho... O caminho, que fará encantar os corações...
Meu mundo é o da arte de escrever, portanto são minhas pérolas, que busquei e aqui as coloquei, para poder manter a chama acesa, o interesse aguçado, na sensação do prazer de poder buscar, dentro dos baús, pérolas cultivadas, que, ali, estavam guardadas
Continuo, sigo... Eu busco, na vida, as pérolas, que são perfeitas. Minhas escolhas são falhas, mas, as pérolas, jamais falharão...
sábado, 11 de janeiro de 2020
Abrindo as velhas portas
Aprendemos a enxergar a realidade tal qual ela é. E, assim, vamos valorizar o que, realmente, importa... as pessoas, dotadas de astúcia e discrição, adquiriram essas qualidades, depois de muitas lágrimas e muitas noites de insônia... As melhores melodias do mundo foram escritas, na pauta, em um momento de melancolia. E as mais contagiantes poesias, em um período de muita saudade... Beethoven, quando escreveu a Nona Sinfonia, foi em um tempo de profunda tristeza e sofrimento...
E Fernando Pessoa escreveu a maioria de seus textos, quando se sentia aborrecido, enfadado... tudo isso leva-nos a pensar que as portas abertas tinham razão, quando nos mostraram as trilhas certas e enxugaram nossas lágrimas... Sem a alegria, a vida torna-se triste, mas, sem as horas de tristezas, não podemos ter a evolução emocional, em nossa caminhada pela vida afora... É preciso enxergar além do horizonte, bem atrás das nuvens e acreditar que a vida tem sua razão, quando nos dá a oportunidade de confiar que dias melhores virão... Superar os desafios impostos pela vida é ter o direito de saber ultrapassar as velhas portas abertas, e, por ela, ter a certeza de que o caminho é o certo, o da sabedoria...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Velhas Portas" página 9