domingo, 28 de janeiro de 2018

A MULHER NORDESTINA


    A MULHER NORDESTINA.

     Luiz Gonzaga, nas suas músicas, cantou o Nordeste de todas as formas. Fala da mulher nordestina, de sua força para o trabalho e sua luta... Mostra a mulher nordestina brava e forte.
        Ele nos faz pensar na mulher nordestina, que cuidava das crianças, no agreste e no sertão, mas, ao mesmo tempo, ele acompanha o desenvolvimento dessa mulher guerreira...
       Na adversidade de um momento, da terra árida, em seu vermelho, surge uma sombra de um ser irresoluto, miragem no deserto por entre mandacarus e palmas, união do feminino em luta contra os infortúnios, pele rachada como o chão e olhos secos sem lágrimas, como o açude sem água no sertão... Na cabeça, ela traz uma lata com água cor de barro e gosto de lama salgada, sem respingar na terra ávida por ela, com ou sem gosto de nada, como a chuva, que nem chega a cair, evapora no ar, na quentura da terra.
      Assim se arrasta a mulher e o sertão, na espera da água do céu, para fazer florescer papoulas e enfeitar os cabelos da morena em dia de ladainha, na casa de pau a pique.
      Animada para a festa e valente para a peleja. Assim é a mulher nordestina de Gonzaga... Dizem que Gonzaga era machista, pois, uma das músicas dele, fala sobre a Paraíba e ele canta:- mulher macho, sim senhor...
      Mas penso que não, pois há músicas, dele, que falam da mulher de cintura fina, da mulher rendeira, pois a renda de bilro  é o que toda nordestina sabe fazer e muito bem... Apreciar o toque da sanfona, então, é o que a mulher nordestina adora. Ela é festeira por natureza.
     Ele traz, em suas músicas, a mulher parteira do nordeste, que sempre trabalhou para ajudar a vir, ao mundo, os bebês, sem receber nadinha em troca... A música nos mostra esse respeito pela mulher parteira, o respeito por sua ancestralidade.
     A mulher nordestina cria seus filhos e ainda ajuda a criar filhos, que não têm mãe...
    A garra da mulher nordestina é admirável...Ah, se todas nós tivéssemos um pouco dessa mulher guerreira, batalhadora. Saberíamos andar pelas alamedas do coração, tal qual elas andavam e andam no agreste e no sertão.
    A nordestina tem, com ela, essa coisa da alegria, da festa, gosta de se divertir e sabe aproveitar o presente, não pensando no futuro incerto, que virá.    


domingo, 21 de janeiro de 2018

Fugacidades da Vida

As cortinas das janelas rodopiam, querendo brincar com o vento, que, em rajadas, passam, girando-as...

As  fugacidades da vida não merecem tanta importância, mas devem ser aproveitadas, pois trazem memórias, que fazem até a porta, do nosso coração, bater...
Frase de um texto de Marilina Leão, no livro "O Eu De Nós"

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Esquecer o medo

Sem a penumbra, atraiçoarei meus desejos, gracejarei
sem achar graça... Só para não ter que me refugiar
na solidão... Acobertarei os meus lamentos e recolherei
o meu pranto, para que ninguém pressinta...
Caminharei por caminhos áridos, tendo como
companhia a audácia... Afastar-me-ei de mim mesma,
perder-me-ei nas trilhas da solidão, pois, é ali, que me
encontro, de onde observo um jardim secreto, com
acesso ao templo, que há em mim... Medo?... Sim, o
tenho... Mas posso perfeitamente entender, que o pavor
mora lá e a coragem vive em mim, dentro desse
templo, para sempre...
Transformá-la, em serenidade, é atitude da assisada
que posso ser... Pois, nesse mundo, onde tudo é
efêmero, a valentia pode ser um suavizo e não afadigo...
A ousadia de sentir a solidão poderá ser resgate
da coragem. Jamais equívoco do medo...
Em um mundo deslumbrado. por juventude e
sucesso, a solidão poderá ser livre-arbítrio, não desapossado,
em nós...
Quero abraços, para esquecer a solidão,
mas, ainda assim, preciso aprender a ter
coragem, alumiar a essência, para clarear
os seus contornos e esquecer o medo...
Marilina Baccarat (escritora brasileira, no livro "É Mais Ou Menos Assim)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Somos o que propomos viver

Somos o que propomos viver, somos o que granjeamos, o que estragamos, o que constrangemos e o que nunca impetramos.... Fazer as pazes, com nossa história, é muito libertador.. Do que nos serve ter interstícios na fronteira da vida, no limite do tempo, se tornamos inacessíveis as lembranças, não permitindo um resgate saudável do vivido, bloqueando as lembranças, que nos levam a voejar, pelo passado prosaico... 
É empobrecedora essa mania de achar que só o que dura, para sempre, é o sucesso... É eterno... 
Marilina Baccarat (escritora brasileira)

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Que venha aquele abraço

Sei muito bem o que sou e o que demonstro, mais uma vez...É  que saberei contar o tempo, com os passos, que caminham juntos  a mim...Quero apenas que venha aquele abraço, que fica entre o nó e o laço.Entre o ficar e o depois... Pois não quero medir espaço, entre o esperar e o cansaço...Quero corrigir todos os traços, vindos de um abraço
Marilina Baccarat (escritora brasileira)

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

RELAÇÃO COM O TEMPO



Sempre alimentei uma relação comum com o tempo, mas, o que será que anda acontecendo com o tempo? Parece que os dias encurtaram, comeram as horas e os segundos!
          Não, não gosto, nem um pouco, dessa passagem do tempo, que voa. Mas, o inverno, acho eu, é culpado desse mau humor, que invade meu ser, achando que o tempo está passando muito rápido!
         O ponteiro do relógio, virando rápido como está, não me intimida. Ao contrário, parece que a adrenalina, dessa correria toda, me faz enfrentar os desafios com mais garra. O corre-corre, muitas vezes, esmaga as delicadezas, que permeiam nosso cotidiano. É uma pena, pois, elas são responsáveis por uma boa porção da nossa felicidade.
       Espalhar amor, faz um bem danado, acaba com o estresse, renova as energias, acabando com o cansaço.
       Não sentir amor é estar morto, daí tanto morto fingindo estar vivo. Entre o que sou e o que projeto ser, fixa-se um hiato de tempo, que se perde no pensamento, uma ilusão de que o tempo não tem tempo e, passa, rodando bem rápido os ponteiros do relógio, comendo as horas, os minutos e os segundos. Essa ilusão de que o tempo voa, talvez seja para nos ludibriar. Mas, na superfície do que sou, tangenciando o tempo, como um arco a tocar no violino, estreita-se uma verdade de sonho e imagem, que é o amor.
      A vida vale a pena, e quase sempre nos esquecemos disso. Retribuir amor é a coisa mais gostosa, que existe. Mandar uma mensagem de carinho para os amigos, sem esperar nada em troca, me faz super bem. A gente recebe, em dobro, esse carinho.
      Entre o desejo e a vontade, o lapso do sonho, nem aqui, nem ali, é, apenas, uma explosão para dentro, em silêncio invernal, à espera de uma aurora além da ponte sobre o rio inatingível. Serei a portadora de meu próprio desejo, ninguém o será.
      Sinto a turbulência dos sentidos, aturdindo o que resta desse amor, que vem do fundo da alma. O desejo infindo de ter muito mais amor do que se pode amar e muito menos do que desejo ser... Vontade de ter o mundo inteiro em forma de amor.
       Vontade e desejo de ter, em mim mesma, na simples lágrima, que não despejei e guardei nos cantos escuros do meu coração... Vontade e desejo, no reino do amor, no reino de tudo que sempre terei.
 Direitos reservados para Marilina Baccarat (Escritora Brasileira)





ASPIRAÇÕES NÃO SE DISCUTE

              
 Aspirações não se discute


 Avaliamos que nem todos gostam das coisas de que nós gostamos...Ninguém é semelhante a ninguém...  Você tem suas pretensões, eu tenho minhas vontades, enquanto outros lutam com seus desejos... Cometemos erros e falhas como todos cometem, dizemos às vezes, palavras que magoam, mas isso todos nós o fazemos, vez ou outra, num vaivém sem fim...   Mas, sabemos ser gentil, carinhosos, amorosos, não às vezes e sim sempre, quando estamos de bom humor...
 Temos nossas aspirações próprias, anseio de sentir, em nossa boca, o gosto gostoso do café da manhã, logo que acordamos...   Saborear um chá fumegante, quando o tempo esfria, é o que cobiçamos, estando bem agasalhados, embaixo das cobertas, com a televisão ligada...Seguramos a chávena de chá e, ao saboreá-lo, lembramo-nos daquela pessoa amiga, que nos enviou aquele pacote de chá, lá de terras distantes, atravessou o oceano e chegou até nós...  Então, ficamos pensando nela: -Como ela estaria agora, quem sabe, também, delibando o mesmo chá e com o pensamento voltado para nós, quem sabe...  Como pequenos gestos são importantes, muito mais valiosos do que o mais lindo e mais caro brilhante, que se possa comprar...  Veleidade de certos gestos, que não têm preço, como poder realizar sonhos, sermos mecenas em tempos em que a arte é relegada às gavetas...               
Somos privilegiados por despertar algum tipo de sentimento bom nas pessoas, que nos conhecem a fundo ou mais um pouco... Almejamos sermos assim, a vida exige isso de nós, e ela tem razão... Gostamos de viver, mesmo sabendo que nem tudo, em seus caminhos, são flores e que momentos de tormentas, que pareciam não ter fim, quando menos esperamos, com certeza tiveram seu fim. Surgiu o arco-íris e elas se transformaram em nuvens, e lá ficaram...Sabemos que nossos problemas, por maiores que sejam, para nós, são pequenos dramas perto de sofrimentos muito maiores...Tantos têm sofrido, atravessando verdadeiras tempestades na vida, mas, quando menos esperam, a borrasca se vai e chega a bonança. E somente ela, poderá iluminar suas vidas...
Por esses e tantos outros motivos, as ambições são diferentes para cada um de nós...Uns sentem de um jeito e outros as sentem de outra maneira... 
 Mas, o que sabemos, é que, quando menos   esperamos, nascem girassóis em nossas passagens. E essas flores, somente elas, poderão iluminar os nossos sonhos...
 Nossos bel-prazeres são diferentes, gostamos de muitas coisas, de outras, ouvimos falar, mas muitas, ainda, queremos ver e aprender...  Dos episódios que ansiamos, bem lá no fundinho da nossa essência, um deles é que amanhã o dia nascerá novamente, apresentando-nos mais um dia de vida, trazendo-nos alegrias mil, com o sol iluminando nosso caminhar, por entre as flores coloridas, que estão a brilhar...
 E nós, por ter as nossas volições diferente do gostar de outros, saberemos olhar para o alvorecer e sorrir alegremente, pois a nossa imaginação tem a capacidade de tornar maravilhoso o acontecimento mais banal...Em vez de construirmos as ambições preferimos mergulhar nela de cabeça, cavar, seguir adiante com nosso faro, para poder descobrir o que se esconde atrás do almejar de cada um...
 E por isso, talvez, nessa busca solitária, nunca estamos sozinhos, pois o esperar torna-nos auspiciosos, os pensamentos fazem-nos companhia, mostrando-nos que, as aspirações não devemos discutir, pois cada ser, tem o seu gostar diferente...
 É fácil nos dias ensolarados, desterrarmos esses venerares para os extremos contiguidades... Tudo é bastante luminoso, mas, quando o sol se vai, percebemos que as  aspirações não se discute. Cada um gosta das coisas de um jeito...
Gostamos de ocorrências de que muitos não gostam ...Mas, saberemos olhar para as ambições dos outros com respeito e carinho... Somos tão frágeis como bolas de cristal, qualquer escorregão bastaria para nos 
transformar em pedacinhos, portanto, nossas pretensões não podemos discutir...
Temos tantos ao nosso lado, de mãos dadas conosco, pelo simples fato de reverenciarem o nosso jeito que temos, a maneira  do nosso gostar...
...



Aspirações não se discute, pois, ter gostos diferentes faz a vida valer a pena...Ela torna-se então nossa companheira, nosso antídoto...Ficaremos com ela até as tardes se tornarem timidamente mais claras, quando os pássaros enchem o ar com seus gorjeios carregados de brincadeiras amorosas...