sábado, 28 de março de 2020

A Mulher e a Estrela


Um texto que escrevi em 1914 para o Varal do Brasil, mas que eu gosto muito.


Essa revista
circula na Europa e é impresso na Suissa


A MULHER E A ESTRELA
 Por Marilina Baccarat de Almeida Leão

 Por uma porta aberta, olhava a bela mulher de cabelos cor de fogo e mãos com dedos compridos, os olhos perdidos, buscando, no céu de fim de tarde, quando a noite já começava a cair, uma estrela. Aquela estrela, que sempre parecia aumentar o brilho, para que ela, encantada, pudesse estabelecer um diálogo com a Estrela. Ao encontrá-la, abriria um sorriso, daria uma boa noite à estrela e a conversa começaria, como qualquer outra, contaria do sol ou da chuva, da família e das amigas, quando cansasse, sentaria no batente da porta e respiraria fundo o cheiro do jasmim... Várias vezes, descreveu, para sua amiga estrela, o que era o aroma, só que não adiantava muito, pois a estrela não entendia...Descrevia a aspereza da terra e a maciez da grama, do gosto salgado da lágrima, do doce da fruta, do amargo do jiló, do gelado do sorvete. E então a confusão estava feita:- O que é sorvete? Sorrindo, a mulher dizia:- Esquece e me fala do que você vê. A estrela então dizia:- Daqui, durante o dia, posso ver pouco, pois o sol me bloqueia, vejo nuances de cinza, pontos coloridos, indo e vindo, lentos ou rápidos demais, os ruídos são tantos que me confundo, houve uma vez que quase caí, um vento muito forte passou por mim, senti um cheiro estranho, minhas amigas, que estão aqui, há muito tempo, disseram que são aviões de guerra, senti o cheiro da morte, você já sentiu esse cheiro? A mulher respondeu que sim, mas, não queria falar sobre isso, era triste demais, não a morte em si, mas, sim, como se morre na guerra... Para aliviar a tristeza da voz, que sentiu da mulher, a estrela então começou a falar:- agora mesmo vejo muito bem, você e seus cabelos vermelhos, o branco do que se chama jasmim, e muitas luzes, que, daqui, parecem iguais a mim. A senhora então sorriu com a gentileza dela e descreveu que, da terra, ela via a estrela com um enorme brilho, que a distância fazia com que ela parecesse uma fada ou um anjo. A estrela ficou feliz e disse que poderia vir à terra morar e ser vizinha da sua amiga, sentir os cheiros, a aspereza da terra, o gelado do sorvete e o perfume do jasmim, sentir a vida... Sábia, a mulher de cabelos vermelhos lhe explicou que, se ela viesse, maravilhoso seria, contudo, como conseguiria voltar ao céu? A estrela então respondeu que não poderia voltar, pois, na terra ficaria, mesmo que fosse jogada ao mar, onde nasce a lua. Ainda, assim, não retornaria e nem sequer estrela do mar se tornaria. Então a doce senhora lhe pediu que no céu ficasse e iluminasse as noites escuras, junto com a lua e no dia em que, do céu, ela visse um rasgão de luz, correria e a abraçaria, juntando assim o céu e a terra em poesia única, onde a grama macia a faria repousar sobre os olhos de suas companheiras do céu...E então, eternas, na terra, seria a mulher e a estrela.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Sexsalescentes




“Sexalescentes”


Se estivermos atentos, podemos notar que está aparecendo uma nova franja social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade, os sexalescentes. É a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória.

São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho; que procuraram e encontraram, há muito, a atividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em aposentar-se.

E os que já se aposentaram, gozam plenamente cada dia, sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro, quer num, quer na outra.

Desfrutam a situação, porque, depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabem bem olhar para o mar, sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5º andar...

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.

Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60.
Naqueles momentos da sua juventude, em que eram tantas as mudanças, parou e refletiu sobre o que, na realidade, queria.

Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas ....

Mas, cada uma fez o que quis : reconheçamos que não foi fácil, e, no entanto, continuam a fazê-lo todos os dias.

Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.

Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e veem-se ), e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos - mandam e-mails com suas notícias, ideias e vivências.

De uma maneira geral, estão satisfeitos com o seu estado civil e, quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos.

Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e parte para outra ...

Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza ; mas não se sentem em retirada.
Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo ... Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo.. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na década dos sessenta estreiam uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos, e agora já não o são.
Hoje têm boa saúde, física e mental, recordam a juventude, mas sem nostalgias, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.

Celebram o Sol em cada manhã e sorriem para si próprios...talvez, por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegarem aos 60 no século XXI ...

Marilina Baccarat de Almeida Leão

segunda-feira, 2 de março de 2020

Lento é o Tempo


L
Lento é o tempo

Vivemos Lbanhados por nuances e pinturas, que se desenham ao longo de nossas vida... Sentimos, em alguns momentos, tristezas, em outros, alegrias... Amores, desamores e, assim, será até que a última página de nossa vida termine de ser pintada, escrita e lacrada... Sabe quando as horas não passam, os dias não correm... Bem, correm sim, passam sim, nós é que não vemos o tempo passar... Ficamos tão absortos, nessa busca do tempo, esperando que ele nos traga algo novo, durante as nossas caminhadas pela vida, que até achamos que o tempo não passa... O tempo se desenha, à nossa frente e, às vezes, gostamos tanto do desenho, que o tempo faz, que corremos para guardar aquele desenho, antes que o tempo resolva apagar e não nos deixe ver a linda tela, que ele desenhou da nossa vida... O tempo é sábio, ele não deixará ficar telas ou papéis em branco, pintará a vida, seja ela vivida em um mar revolto ou numa calmaria de um céu azul e, com um arco-íris, a enfeitá-lo... O tempo desenhará, com suas cores variadas, a vida, com as cores da primavera, do verão, do outono, ou seja, também, do inverno... Mas, nesse vai e vem de cores, o tempo vai, lentamente, pintando as nossas caminhadas, colocando flores em nossos caminhos... Muitas vezes, o céu poderá escurecer, mas o tempo, esse senhor, que nos acompanha, lentamente, saberá colorir o céu... A natureza manda chuva, manda sol e nós, aqui, esperando, impotentes, tendo que segurar nosso choro, nossa vontade, nosso afã... A vida passa e aqui ficamos a postergar, aguardando respostas, que não dependem de nós e que só o tempo trará... Bela é a vida, temos é que saber vivê-la, banhada por nuances e pinturas, que o tempo desenha, não deixando, jamais, que a pintura se transforme em um borrão... O sol forte, muitas vezes, poderá castigar a pintura... Então, o céu, que estava pintado de azul, ficará borrado de nuvens cinzas, que parecem pesadas de toneladas de chuvas, que poderá desabar e estragar o colorido, que o tempo pintou... O tempo é sábio, quando não há cor, os ponteiros do relógio parecem ir e vir em milésimos de segundos, que duram uma eternidade...
Os pensamentos pesam toneladas e nos deixam cansados por não vermos as cores... Mas, chega o tempo trazendo, com ele, uma brisa, que não balança uma folha sequer e o céu, com suas nuvens pesadas, parecem querer desabar... O tempo, com seus passos lentos, com suas telas e os pinceis em punho, coloca o cavalete, abre as tintas, coloca a tela no cavalete e começa a colorir a nossa vida... Manda, para bem longe, o cinza, em que o céu se transformou e embala a nossa vida com nuances, que só ele, o tempo, sabe nos proporcionar... O mundo, lá fora, gira, roda, acontecem coisas, pequenas e grandiosas... Mas, quando a gente sente, pressente, que algo muito grande, muito forte está chegando, não sabemos se é porque queremos, muito, que ficamos achando que estamos tendo pressentimentos... Só queremos, muito, que o tempo passe, que as folhas do calendário virem e o tempo deixe de ser lento... Temos pressa, temos urgência, mas, sentimos que, realmente, o tempo está lento, nós é que não percebemos... Precisamos mergulhar os nossos olhos em sua beleza, que o tempo pintou, para esquecer, por alguns segundos, que só o tempo nos dirá o que não sabemos... Andamos, assim, querendo tudo para ontem, queremos mais, queremos muito...
Andamos, nesse mau humor, por quê? Nessa vontade de que o tempo ande rápido, mas também devagar... Vontade que respostas sejam dadas, medo de quais serão elas... Uma preguiça indizível, uma falta de vontade, pois, o tempo não passa para nós... E, ao mesmo tempo, uma sofreguidão, uma ânsia, uma vontade enorme de sentirmos o tempo passar... Gostaríamos, insuportavelmente queríamos, que, por uns dias, apenas, não sermos... Quem sabe, o tempo, que é lento, nos reservará, uma pintura em sua tela, guardada pelo acaso... Assim, teremos lindas pinturas, com pedaços de nós, que voltaram diferentes no tempo... Seremos banhados por nuances e pinturas, que, somente, o tempo saberá desenhar, enquanto estivermos caminhando, nas trilhas da vida... E, assim, será, até que a última página da nossa vida termine de ser desenhada, pintada e fechada pelo tempo...
Podemos até estar tristes, mas o tempo, ainda que seja lento, colorirá de alegrias, as nossas vidas...

Marilina Baccarat no livro "É Mais ou Menos Assim"

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Mas, ainda me sinto como aquela menina, que filtra a feiura do mundo, tendo, na alma, o desejo de olhar o universo com a mesma interpretação dos olhos de uma criança. Gosto da natureza e valorizo as coisas simples... 
Marilina Baccarat De Almeida Leão


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Lançamento dos livro "Há Um Sempre no Caminho" e Vértices do Tempo"

Dois lançamentos, que vocês vão adorar, tanto para lê-los, quanto para presente-á-los!
Há Um Sempre No Caminho, é um romance que faz-nos repensar sobre a vida. E, em Vértices do Tempo, são crônicas, que narram todas as esquinas da vida, pela qual passamos, sempre. Leiam e deem livros de presente.
Vocês encontram nas livrarias cultura, martins fontes, livraria do mercado, asabeça e, em oferta nas livrarias Curitiba.
htpps:/livrariascuritiba.com.br

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Posse em Buenos Aires

MARILINA MARILINA BACCARAT DE ALMEIDA LEÃO, RECEBE EM BUENOS AIRES ARGENTINA,  O TÍTULO HONORÍFICO DE EMBAIXADORA DA PAZ, O TROFÉU EVITA PERON, E A COMENDA JORGE LUIZ ROCHA (NOBEL DA LITERATURA)


 RECEBE DAS MÃOS DO PREFEITO DE BUENOS AIRES,  O TROFÉU EVITA PERON
 COM O PREFEITO DE BUENOS AIRES E A PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ESCRITORES
Novos acadêmicos, que ingressaram no núcleo de Letras de Buenos Aires, quando Marilina Baccarat de Almeida Leão, recebeu o titúlo honorífico de Embaixadora da Paz.
 A ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL,  MARCANDO PRESENÇA EM BUENOS AIRES ARGENTINA
Recebendo das mãos do prefeito de Buenos Aires, o troféu Evita Peron





 JÁ ESTAMOS EM LAS FUERZAS AEREAS ARGENTINA, COM A FAIXA E MEDALHA DE ACADÊMICA DO NÚCLEO DE LETRAS DE BUENOS AIRES. LOGO MAIS, VAI COMEÇAR A SOLENIDADE DE ENTREGA DAS COMENDAS... 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

As pérolas jamais falharão

       Eu  vivo buscando, no mundo do passado, pérolas, que  podemos  encontrar, dentro  de  baús, que até havíamos esquecido que, lá, estavam...
      Quando estou revirando os baús  é como se eu estivesse criando um mundo imaginário, onde os meus pés não podem tocar, mas a minha cabeça vive lá. É um lugar, onde encontramos pérolas, que ficaram perdidas, por lá, mas, eu saio à busca delas, para relembrar épocas, emoções, viagens, momentos...
        Vivo entre pérolas, que me encantam e é esse meu jeito de enxergar a vida, buscando, dentro dos baús, muitas, mas muitas, pérolas, que, lá, estavam...
        Enxergo as pérolas e vou à busca delas, simplesmente, para poder revê-las e não deixar que me puxem para baixo, me joguem em um precipício.
       É muito interessante  passar o tempo todo, buscando pérolas, que, escondidas, estavam...Passo o tempo todo sozinha, em busca de pérolas e, lá, as encontro, fechadas em um baú, que, somente, eu posso buscá-las. A chave, somente, a mim, pertence.
       A minha alma se alegra em poder encontrar pérolas, que, para trás, ficaram e, agora, tenho a oportunidade de buscá-las, ainda que seja em baús.
         Pérolas, que nos separam de algo inatingível, onde, somente, minha mão pode entrar e buscá-las.
         Quantas vezes me perguntei o que estaria fazendo ali, abrindo o baú e buscando as pérolas...
        Meu mundo é o das artes, da leitura, da escrita, do tangível, é por isso que busco as pérolas, que, no fundo do baú, estavam, já, há muito tempo, paradas.
        As pérolas, eu as cultivo, desde muito tempo e não abro mão delas, é por isso que estou, sempre, revirando os baús, para poder buscar minhas pérolas...  Pérolas em forma de contos, que ficaram no passado, dentro da minha mente, mas, eu as busquei, para que elas nunca saiam da minha memória.
        Pessoas são diferentes,  não se completam, são incompatíveis, mas as pérolas não. Elas são todas do mesmo tamanho e seguem o mesmo caminho... O caminho, que fará encantar os corações...
        Meu mundo é o da arte de escrever, portanto são minhas pérolas, que busquei e aqui as coloquei, para poder manter a chama acesa, o interesse aguçado, na sensação do prazer de poder buscar, dentro dos baús, pérolas cultivadas, que, ali, estavam guardadas
   
Continuo, sigo... Eu busco, na vida, as pérolas, que são perfeitas. Minhas escolhas são falhas, mas, as pérolas, jamais falharão...


sábado, 11 de janeiro de 2020

Abrindo as velhas portas

A vida tinha razão, porque, no decorrer dela, aprendemos, com os momentos de alegrias, também, indagamos o porquê da cura, depois de muito sofrimento. Ninguém nos mostra melhor do que a vida, abrindo-nos uma porta e mostrando-nos que devemos aguentar os sentimentos torpes e prosseguir... Há muitos caminhos a seguir, dentro dos sentimentos, isso, a vida mostra-nos que a felicidade não é um intento a ser seguido: Felicidade é um estado de espírito e não um desígnio da vida... Todos querem ser felizes, mas a vida, com sua razão, nos mostra que não há aprendizado, pois, muitas vezes, a prosperidade vem embalada em um pacote de sofrimento... então, as velhas portas abertas mostram-nos que não há dor sem espaço em nós... Quando enfrentamos o luto, aprendemos a conviver com o passamento... Não podemos controlar o nosso emocional, se nunca fomos rejeitados... O processo de aceitar a paz, mesmo diante de um sofrimento, é enriquecedor, pois, aprendemos a ser solidários e compreensíveis... O que, de fato, não aconteceria, se a vida fosse um mar de rosas...
 Aprendemos a enxergar a realidade tal qual ela é. E, assim, vamos valorizar o que, realmente, importa... as pessoas, dotadas de astúcia e discrição, adquiriram essas qualidades, depois de muitas lágrimas e muitas noites de insônia... As melhores melodias do mundo foram escritas, na pauta, em um momento de melancolia. E as mais contagiantes poesias, em um período de muita saudade... Beethoven, quando escreveu a Nona Sinfonia, foi em um tempo de profunda tristeza e sofrimento...
E Fernando Pessoa escreveu a maioria de seus textos, quando se sentia aborrecido, enfadado... tudo isso leva-nos a pensar que as portas abertas tinham razão, quando nos mostraram as trilhas certas e enxugaram nossas lágrimas... Sem a alegria, a vida torna-se triste, mas, sem as horas de tristezas, não podemos ter a evolução emocional, em nossa caminhada pela vida afora... É preciso enxergar além do horizonte, bem atrás das nuvens e acreditar que a vida tem sua razão, quando nos dá a oportunidade de confiar que dias melhores virão... Superar os desafios impostos pela vida é ter o direito de saber ultrapassar as velhas portas abertas, e, por ela, ter a certeza de que o caminho é o certo, o da sabedoria...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Velhas Portas" página 9

sábado, 21 de dezembro de 2019

Seguindo contra o vento
                                                                                                                       
                                              Um dia seremos alados,                                                                                                                                     Voando seguindo o vento,                                                                                                                                  Então, ficaremos calados,                                                                                                                                   Indo contra o sentimento.                                                                                                                                          Marilina Baccarat


Passamos a vida toda enfrentando o vento, quando viramos uma curva e vamos contra ele... Mas, há pessoas que não sabem enfrentar o vento, só andam a favor de qualquer rajada... Olhamos, em volta, notamos que só se veem pessoas desanimadas, que nunca abarbaram uma ventania, pois, nem passado elas o têm... Enfrentamos rajadas, tempestades e nos acostumamos com elas, ficamos dias e noites relembrando os caminhos por onde passamos, afrontando o vento...
 Caminhando contra o vento, incluímos flores nas passagens, que o vento faz, enquanto muitos não as consegue vivenciá-las... Acostumamo-nos, desde pequeno, a ultrajar os vendavais e vamos introjetando, na gente mesma, a coragem para defrontar-se com eles..
Quando estamos tristes, ou os nossos dias estão sem sentido, como se tudo estivesse cinza, vem, sempre, o favônio, com a melhor das intenções, dizer-nos para continuarmos...
Mas, como consolo, para tanto ventar de tristeza, que cai sobre a gente, ele nos arenga, interiormente, como se estivéssemos insensibilizados: – pare de reclamar, é só seguir em frente que há muitos caminhos floridos, pela frente, onde há vento e pode-se seguir contra ele, ou a favor dele...
Então seguimos essas ventanias e encontramos gente, que se acha o máximo por ter ventos de alegrias, e nós, com tantas esfinges, nos achamos ineficazes... Achamo-nos infelizes, mas, se voltarem as rajadas, que arrancam as grades das janelas, para trazer a felicidade, a gente vai ver que somos é muito venturoso, pois, temos o direito de sentir o vento e viajar com ele, pelas recordações... Sentimos que os sopros dos ares, que são prósperos, permanecem em nossas mentes para serem sentidos, por isso, eles afloram em nós...
 Precisamos dar vazão às aragens, deixar que elas se manifestem em nós. Se precisar chorar, a gente chora, se necessitar espernear, a gente esperneia, se carecermos de gritar, a gente grita...
Sentimos raiva, experimentamos a dor, mas, percebemos a alegria..., mas, em nós, a compaixão tem seu lugar, quando sentimos tudo isso... Subestimamos as brisas, que trazem a felicidade, tornando-as pequenas, fingindo não as perceber..
Regozijamo-nos com pequenas passagens das refegas, mas, esquecemos dos grandes vendavais, que já passaram pela gente...
Sentimos setembro aproximando-se, é o mês em que a primavera traz, de volta, pequenos tesouros, que estavam guardados, intumescidos na terra... Deslembramos de que algo de bom acontece para a gente, na primavera...
 Temos flores e perfumes, que exalam das floradas... E ficamos sumarentos, perfumados, continuando a caminhar contra o vento... Existe, sempre, um dia para vivenciarmos reminiscências de uma época da nossa vida, em que foi possível sonhar, fazer planos e realizá-los, mesmo com as dificuldades que as ventanias colocaram à nossa frente...
Um dia, para encantar a vida e viver seguindo as brisas, com toda a intensidade, sem medo de sentir, nos alvitres da vida, a tristeza, que, vez ou outra, aparece... Nesse dia, tudo vai parecer cinzento, mas, poderemos recriá-lo, vesti-lo com todas as cores do arco-íris, entregar-nos a todas as fugacidades, como se estivéssemos voando com uma roupa feita sob medida, caindo muito bem em nosso corpo. Voaremos até às alturas alcandoradas, sempre junto às lufas, que nos levarão... Seria um dia para termos coragem de enfrentar todos os desafios, que as refegas tristes nos trouxeram e teremos disposição para tentar fazer das tristezas, que, até nós, chegaram, algo, que nos eleve, nos transportes a voarmos alegres, felizes, com o sopro...
Seria maravilhoso ter um dia somente para nos tornarmos alados, juntos com as rajadas... Sentaríamos na varanda e, olhando as flores do jardim, imaginaríamos momentos felizes, outros, menos, mas, todos com suas maneiras de ser, que nos dariam uma alegria imensa, como se pássaros fossemos...
Abandonaríamos o presente e volveríamos ao passado, onde, outrora, andamos seguindo, muitas vezes, para os caminhos tortuosos, mas, ao chegarmos ao fim, ali, encontraríamos o descanso, que tanto desejamos... Caminhar contra o vento são caminhos estranhos mesmo. Ora nos levam juntos, a dançar e faz-nos lembrar do pregresso, até da valsa, que dançamos aos quinze anos, com o pai... Levam-nos a lembrar as alegrias, do passado, o sorriso das pessoas, a porta da rua por onde passamos um dia, seguindo caminhos tão diferentes...
 Quando caminhamos contra o vento, ele tem a duração do instante em que passam em um segundo... Um dia, em que é fugaz em nossa vida, mas é um dia especial, que reservamos para, junto ao vento, relembrar o passado...
Um dia, para voarmos contra o vento, seria o presente e poderia ter a duração da eternidade. Afinal, gostaríamos que o vento nos levasse a voar. Todos somos assim, queremos ter um dia para voejar, contra, ou a favor, não importa. O essencial é poder sermos alados e, com o vento, voar...

sábado, 7 de dezembro de 2019

Nas Curvas do Passado

O passado, nas curvas, que fizemos, foram, algumas vezes, comoventes, em outras, destrutivo, mas, dele renascemos para viver nas recurvas do presente, sem dor e destruição, pois, conhecemos o verdadeiro significado da vida... Vivemos, no presente, procurando isolar o passado, que surge, sempre, em nosso viver no evidente... Revelações, que seguem desvendando os acontecimentos, que nos trouxeram até aqui... Muitas vezes, sem conseguirmos reagir à dor, prejudicamo-nos, cada dia mais, afundando-nos nas arestas do passado e em suas tristezas, que, por nós, passaram... Mas, no cenário da atualidade, surge um tempo de extrema desolação, o qual deveremos vencê-lo, com a possibilidade de vivermos o atual tempo, com amor... Perdemo-nos, às vezes, na vasta escuridão do ocorrido, à qual nos rendemos, mas, conseguiremos enlaçar-nos no presente, que seria a única saída, para vivermos bem o atual tempo, sem nos preocuparmos com as esquinas em que passamos e o que deixamos para trás... O recente far-nos-á colocar o passado de lado e viver o instante atual, conhecendo a felicidade nas circunflexas do presente...
Somos fortes para enfrentar as tempestades, que, por acaso, surgirem nas aduncas do tempo atual e esquecermos as curvas do passado, onde havia ventos a nos carregar para trás... 
Claro que o passado, em suas entortadas, quando caminhávamos, em suas esquinas, nos trouxe grandes angústias, mas, agora, nas vergadas do presente, pensamos diferente e enfrentaremos qualquer discórdia, que, por acaso, surgir... Dobramos muitas esquinas no passado, sempre com o vento soprando contra nós. Mas, soubemos vencer, procurando outras arestas, onde o ventar nos levava para outros caminhos, onde, ali, encontrávamos a tranquilidade de que tanto necessitávamos... 
Hoje, caminhamos nos fastígios do presente, sempre com o nosso olhar voltado para o horizonte, com a esperança de que os vértices do tempo não nos deixem amargurados... 
Seguimos outras direções, procurando outras esquinas, onde a coragem se faz presente, para que possamos enfrentar todas as tempestades, sejam com trovões, ou não... Temos, então, a capacidade de nos reerguermos e enfrentarmos as arestas da vida com toda a intrepidez, que, a nós, é doada... Marilina Baccarat de Almeida Leão
No livro "Vértices do Tempo"

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Posse como Embaixadora da Paz em Buenos Aires Argentina

Marilina Baccarat de Almeida Leão, escritora brasileira,  tomará posse no núcleo de Letras de Buenos Aires,  como Embaixadora da Paz. E receberá a comenda Jorge Luis Borges, que foi nobel da Literatura.
A posse será no dia 25 de janeiro/
2020



quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Posse na Academia Francesa

MARILINA BACCARAT DE ALMEIDA LEÃO, TOMOU POSSE COMO EMBAIXADORA CULTURAL, NA LUMINESCENCE ACADÉMIE FRANÇAISE DES ARTS LETTRES ET CULTURE, EM 15/10/2018 COMO ACADÊMICA E EM 13/09/2019 COMO EMBAIXADORA. 

No Presente

Aqui no presente
                                                                                                 Nas esquinas do presente,
                                                                                                         Cá existem histórias,
                                                                                                           Quando nos faz coerente,
                                                                                                                  Dando-nos as vitórias.
                                                                                                                           rilina Baccarat


 Virando as arestas do contemporâneo, percebemos que é um outro mundo, muito diferente das quinas, que volvemos no passado... Percebemos, então, que por elas passam pessoas, que, iguais a nós, se cercam de sombras, dentro de seus pensamentos, não compreendem, seu transcender no presente, pois não sabem enxergar, nas entrelinhas, suas maneiras de entender o tempo atual...
Essa gente passa parte da vida perdida, nos cunhais do passado. Dividem seu transposto com o mundo da realidade, onde tudo parecia ser sonho... Histórias, que os levaram a dobrar certos cantos e, assim, experimentaram e sentiram o acertar no presente...
 São momentos tão diferentes das esquinas, que dobramos no atravessado, que ficaram gravadas em nossas memórias para sempre... Vértices diferentes, as quais contornamos, agora, no atual presente... As curvas do passado, passamos tão rápido que não nos damos conta do tempo..., tantos fatos aconteceram e, ao mesmo tempo, parece que foi ontem, em que contornamos esses cunhais..., atravessando o tempo, até chegarmos ao moderno período, em que vivemos...
Quando falamos do passar da época, sentimos que a vida se assemelha a um filme em câmara lenta, uma longa-metragem, que não vai ter fim... Mas, com certeza, fazem parte de nossas vidas, é um somatório de recordações, do que fizemos e do que aprendemos com a vida... Somos o ontem, carregamos suas marcas deixadas em nós, seus perfumes, suas doçuras. Trazemos, em nós, tudo o que nos aconteceu e até o que nunca vimos, mas, sentimos... Mas, para nós, o nosso tempo é de muitas ementas, pelas quais passamos. O nosso tempo é o amanhã, por isso, guardamos, em nossas memórias, tudo o que já passou...
 Queremos impregnar, em nós, o que fomos, o que tivemos e, assim, seguirmos leves, pelas esquinas do coevo, sempre, sem nunca esquecermos do acontecido, que foi uma longa-metragem, quando volvemos nossos olhares para trás... Claro que temos ansiedades, que ainda não conseguimos expurgá-las, são muitas tristezas, que gostaríamos de esquecê-las... Vamos para o nosso futuro, carregados de boas recordações, pois, elas nos levam, como plumas, a voar para além das nuvens, sem que esqueçamos as vísporas, que um dia suportamos...
 Nosso caminhar é o virar dos vértices, mirando um mundo do intangível, em outro, chegamos até o passado, lembrando da infância... Nas arestas da vida, não há conclusões, pois, tudo já ficou no passado, apenas, perguntamos, questionamos, como no voo de um pássaro, que chega pelos cantos das recordações...
 E nós conciliamos nossos olhares do passado, aguçados em nossas mentes, salvando-nos da consternação... Recolhemo-nos nelas, procurando, dentro delas, as passagens, que nos foram bastantes agradáveis, pois nos salvaram das esquinas incertas, que ficaram lá, bem distante, em um transcorrido, que não volta mais...
 No silêncio, continuamos atravessando as quinas do tempo recente, como uma chuva, que cai de mansinho a nos preencher de nós mesmos... Continuamos, seguimos, volvendo aos cunhais, pois nem mesmo os solitários, que nunca voltaram seus olhares para trás, não deixaram de dobrar as perfeitas arestas do passado...
Não importa onde estejamos, em que trilha, agora, andamos, no tempo hodierno. As esquinas, em que passamos, estarão, sempre, junto à nós, mesmo que nos levem para outras paragens... As quinas do tempo foram feitas para, por elas, passarmos, não importa se são pontas rotineiras, do passado ou do presente. Somos um ser despreparado para aceitar a vida sem recordações: – Juntá-las será sempre o nosso querer...
 Nunca soubemos ficar sem nos lembrar das arestas do acontecido, queremos tê-las, sempre, bem lembradas, pois foi um passar-se que teve predicado... Como conciliar as esquinas, que já passaram, com a realidade do recente, sem poder lembrar-nos delas, que, em um certo dia, passamos...
Há pessoas, que não querem se adaptar às intempéries da vida, não querem se lembrar das esquinas pelas quais passaram. O vento levou-as a se esconder, atrás dos cantos, não querendo lembrar do advindo...
Os vértices, em que volvemos na juventude, fazem-nos recordar de fatos delirantes, que fizeram com que fossemos felizes... Das arestas, por onde passamos, para seguirmos novos caminhos, novos mundos...
Há dias em que, contornando as esquinas do coevo, as recordações chegam com mais força. Em outros, menos, mas, somos felizes assim mesmo... Mas, lembrar o influído, caminhando alegre no contemporâneo, com o olhar voltado para o futuro, é querer continuar..., é dobrar as esquinas do tempo, no atualizado, vislumbrando, sempre, o herdado...

As esquinas da vida prática, do dia a dia, são passagens mágicas, pelas quais temos atração..., mas, seguir o presente, com os olhos bem abertos, é pensar em querer continuar, com orgulho...

Marilina Baccarat no livro "Vértices do Tempo" página 17
Editado pela Editora Scortecci- São Paulo-Capital


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Marilina Baccarat lança mais um livro "Vérttices do Tempo"

Marilina Baccarat de Almeida Leão, lança mais um livro: -Vértices do Tempo, editado pela editora Scortecci, uma editora que, não imprime somente livros mas, sim, emoções

Aqui no presente




 Nas esquinas do presente,
 Cá existem histórias,
 Quando nos faz coerente,
 Dando-nos as vitórias.
   Marilina Baccarat


Virando as arestas do contemporâneo, percebemos que é um outro mundo, muito diferente das quinas, que volvemos no passado... Percebemos, então, que por elas passam pessoas, que, iguais a nós, se cercam de sombras, dentro de seus pensamentos, não compreendem, seu transcender no presente, pois não sabem enxergar, nas entrelinhas, suas maneiras de entender o tempo atual...
Essa gente passa parte da vida perdida, nos cunhais do passado. Dividem seu transposto com o mundo da realidade, onde tudo parecia ser sonho... Histórias, que os levaram a dobrar certos cantos e, assim, experimentaram e sentiram o acertar no presente...
 São momentos tão diferentes das esquinas, que dobramos no atravessado, que ficaram gravadas em nossas memórias para sempre... Vértices diferentes, as quais contornamos, agora, no atual presente... As curvas do passado, passamos tão rápido que não nos damos conta do tempo..., tantos fatos aconteceram e, ao mesmo tempo, parece que foi ontem, em que contornamos esses cunhais..., atravessando o tempo, até chegarmos ao moderno período, em que vivemos...
Quando falamos do passar da época, sentimos que a vida se assemelha a um filme em câmara lenta, uma longa-metragem, que não vai ter fim...
Com certeza, fazem parte de nossas vidas, é um somatório de recordações, do que fizemos e do que aprendemos com a vida... Somos o ontem, carregamos suas marcas deixadas em nós, seus perfumes, suas doçuras. Trazemos, em nós, tudo o que nos aconteceu e até o que nunca vimos, mas, sentimos... Mas, para nós, o nosso tempo é de muitas ementas, pelas quais passamos. O nosso tempo é o amanhã, por isso, guardamos, em nossas memórias, tudo o que já passou...
 Queremos impregnar, em nós, o que fomos, o que tivemos e, assim, seguirmos leves, pelas esquinas do coevo, sempre, sem nunca esquecermos do acontecido, que foi uma longa-metragem, quando volvemos nossos olhares para trás... Claro que temos ansiedades, que ainda não conseguimos expurgá-las, são muitas tristezas, que gostaríamos de esquecê-las...
 Vamos para o nosso futuro, carregados de boas recordações, pois, elas nos levam, como plumas, a voar para além das nuvens, sem que esqueçamos as visporas, que um dia suportamos...
Nosso caminhar é o virar dos vértices, mirando um mundo do intangível, em outro, chegamos até o passado, lembrando da infância...
Nas arestas da vida, não há conclusões, pois, tudo já ficou no passado, apenas, perguntamos, questionamos, como no voo de um pássaro, que chega pelos cantos das recordações... E nós conciliamos nossos olhares do passado, aguçados em nossas mentes, salvando-nos da consternação... Recolhemo-nos nelas, procurando, dentro delas, as passagens, que nos foram bastantes agradáveis, pois nos salvaram das esquinas incertas, que ficaram lá, bem distante, em um transcorrido, que não volta mais...
No silêncio, continuamos atravessando as quinas do tempo recente, como uma chuva, que cai de mansinho a nos preencher de nós mesmos... Continuamos, seguimos, volvendo aos cunhais, pois nem mesmo os solitários, que nunca voltaram seus olhares para trás, não deixaram de dobrar as perfeitas arestas do passado... Não importa onde estejamos, em que trilha, agora, andamos, no tempo hodierno. As esquinas, em que passamos, no passado, estará, sempre, junto à nós, mesmo que nos leve para outras paragens... As quinas do tempo foram feitas para, por elas, passarmos, não importa se são pontas rotineiras, do passado ou do presente. Somos um ser despreparado  para aceitar a vida sem recordações: – Juntá-las será sempre o nosso querer...
Nunca soubemos ficar sem nos lembrar das arestas do acontecido, queremos tê-las, sempre, bem lembradas, pois foi um passar-se que teve predicado... Como conciliar as esquinas, que já passaram, com a realidade do recente, sem poder lembrar-nos delas, que, em um certo dia, passamos... Há pessoas, que não querem se adaptar às intempéries da vida, não querem se lembrar das esquinas pelas quais passaram. O vento levou-as a se esconder, atrás dos cantos, não querendo lembrar do advindo... Os vértices, em que volvemos na juventude, fazem-nos recordar de fatos delirantes, que fizeram com que fossemos felizes...
Das arestas, por onde passamos, para seguirmos novos caminhos, novos mundos... Há dias em que, contornando as esquinas do coevo, as recordações chegam com mais força. Em outros, menos, mas, somos felizes assim mesmo... Mas, lembrar o influído, caminhando alegre no contemporâneo, com o olhar voltado para o futuro, é querer continuar..., é dobrar as esquinas do tempo, no atualizado, vislumbrando, sempre, o herdado...
As esquinas da vida prática, do dia a dia, são passagens mágicas, pelas quais temos atração..., mas, seguir o presente, com os olhos bem abertos, é pensar em querer continuar, com orgulho...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro Vértices do Tempo página 17

sábado, 14 de setembro de 2019

Nasce mais um livro

Marilina Baccarat, lança mais um livro "Vértices do Tempo" editado pela editora Scortecci, onde ali, se imprime emoções.

Pelos vértices do tempo, em que passamos, se tornaram escuros. Se quisermos, mesmo não havendo estrelas a alumiá-los, poderemos usar as lamparinas do presente e seguir para o futuro...Só depende de nós...



Em Algum Lugar


           EM ALGUM LUGAR...

     Em cada janela, uma sombra, um vulto, nas noites escuras... Serenatas, que encantam a vida, quando há luar... Cada veneziana guarda um segredo, cada cortina, uma sedução e, em cada janela suada, um choro... Esse lugar, não está em destaque no mapa, e, mesmo que estivesse, ninguém iria se preocupar em saber a respeito de todas as pessoas, que ali vivem...
     Nas ruas e nas esquinas, sempre passa alguém e, seus passos, ecoam bem fortes, enquanto o silêncio está profundo... O vento, vez ou outra, traz o aroma do perfume de uma mulher, que por ali passa... Mas, o silêncio é profundo.
    Ao amanhecer, tudo fica diferente, o movimento das pessoas, na rua, as crianças a caminho da escola, pessoas apressadas, como se estivessem sempre atrasadas..
     Inicia-se o barulho, buzinas, motos, fumaça, uma desordem, um caos...
     Esse lugar morre todas as noites e renasce ao amanhecer, transborda vida, esperança... Esse lugar é a cidade, a metrópole... Muitas coisas acontecem tristes ou alegres e tudo vai para os jornais, onde, muitas vezes, as noticias nunca são animadoras.
      Ignorar o que se chama de realidade, nem sempre é ser inteligente, mesmo que nossa realidade seja outra, nosso lugar seja também o de outros... Mas, entre tantos acontecimentos, sempre existe uma praça e, nela, crianças chegam para espalhar sorrisos...
    Parada no sinal vermelho, ergo os olhos e vejo uma pipa, lá no alto, colorida, dançando com o seu dono, o vento... Na calçada, uma mãe de mãos dadas com sua filhinha, a mulher espera para atravessar a rua e, junto a elas, um cachorrinho de estimação... São essas as realidades de cada um, sua alegria, sua preocupação e, quiça, sua tristeza...
    Assim o dia caminha pela cidade, escondido atrás da janela ou caminhando despretensiosamente, caminhando por onde mais gosta de ir, sem se importar com o que irá enfrentar para chegar lá, onde a noite o espera para que ele possa descansar e trazer, com ele, o silêncio, que vai começar.