quinta-feira, 10 de dezembro de 2015



OUTONO E A MULHER


           O outono, na vida da mulher, um dia chega. Assim como chega o outono na folhinha...
           Articulam, por aí, que o outono chegou, uma data no calendário, que alguém inventou, não sabemos, não podemos discutir com o calendário...
          Estação do ano que, muitas vezes, nem notamos, só os mais românticos observam...
           Ao olhar as folhas secas, que caem, no chão, ou secam em uma ou outra árvore, antes de se tornarem folhas secas, que antes eram verdes, da cor da esperança, é quando notamos que o outono se instalou, no tempo,   que, a nós, foi ofertado...
         Quando chega  o  outono,  na  vida  da  mulher, é  quando ela se sente rejuvenescida, sua pele fica como a de um pêssego, seu sorriso é fácil e ela procura aproveitar essa bela estação, que antecede o inverno, no calendário e na vida da mulher...
         Não há como explicar o que não tem explicação, estações do ano existem, sim, umas entrando pelas outras em uma orgia de cores, calores, flores, perfumes, frutos, sol brilhante, calores e frios...
         O calor se faz menos intenso, o céu é de um azul límpido e profundo e as manhãs trazem uma bruma suave, como que querendo envolver-nos, numa coberta de nuvens, que se esvanecem ao nascer do sol, mas, à  noite,  elas descem novamente...
        Uma explosão de amarelos e tons laranjas  não se vê nas árvores nessa época, nem tampouco faz frio nesse período do ano, a temperatura é amena...
       Assim, a mulher se sente no outono da vida. Tudo, nessa época, é aprazível para ela, não há frio e nem calor. Então a mulher se sente grata...
      O nosso outono suave, assim como o conhecemos, é um tempo de doces lembranças, que ficaram nas folhas secas, que ora estão jogadas ao chão, mas, no passado, eram verdes como a esperança...
      Um tempo que parece caminhar mais devagar, sem  o  afogueamento  do  verão  tórrido,  mas,  tampouco,  friorento  como  nosso  inverno  tropical, ou a primavera florida, maravilhosa e cheirosa...
       Então a mulher, sumarenta, perfumada dela mesma, segue pelo outono da vida, que é suave...
       É um tempo que parece nos dizer: “calma, vá mais devagar, olhe cada folha que cai, repare como os ramos se tingem de várias cores, sinta o frescor dos seus dias, olhe bem o azul desse céu”...
      Muitas vezes, esquecemos de admirar o azul do céu, que é bem diferente nessa  ocasião  de  outono,  quando  não  há   nuvens  e  o  azul,  que  o  céu  mostra, é mais vasto, mais rico em cores...
      Hoje, o outono chegou aqui no hemisfério sul, e, assim como a mulher, que está no outono da vida, segue odorosa dela mesma, em busca da serenidade...
          Percebe que esse é um tempo de suavidade, não há mais razão para se ter pressa de nada, não há o porquê  de se desesperar ou sofrer por nada, pois tudo tem o seu tempo, na hora certa...
         Assim,  como  em  cada  estação,  por  mais perspicazes  que  sejam,  há  mudanças,  sempre  haverá  uma  folha  caindo, para que outra possa brotar...
         Feliz  de  quem  possa  vê-la  cair... Feliz de quem, talvez, a veja brotar após o inverno...
         Feliz  da  mulher  por  viver  seu  outono,  se nem  sempre  com  sabedoria  e  aceitação,  pelo menos,  com  a  consciência  de  que  tudo  é transitório...
          Pois  toda  mulher,  no  outono  da  vida,  fica  mais  suculenta,  doce  e  cheia  de  sabedoria,  em saber  atravessar  esse  outono,  no  calendário  e  na vida...
          Há  tempo  para  o  verão,  primavera,  inverno e o outono, na vida da mulher, já chegou...
        Feliz  da  mulher  por  estar  viva  para  saber, mesmo  sem  sentir,  que  mais  um  outono  chegou e  que,  depois,  virá  o  inverno,  mas,  logo  a  seguir,  chegará  a  primavera  e  perfumará  os  seus  caminhos...
         Assim,  será,  até  o  fim  das  ocasiões,  mesmo quando  ela  não  estiver  mais  aqui,  sentindo  o gosto  gostoso  das  estações,  como  se  fosse  uma  fruta  madura,  cheirosa, perfumada,  sumarenta,   que está ainda no pé, para ser coletada...
         A mulher feliz  é aquela, que, enquanto viver, deixa essas folhas de outono caírem, assim, ao lado dela e bem dentro da sua essência...
         O  sentimento  do  outono,  na  vida  de  uma mulher, é mais do que uma estação, em sua vida...
         É o sentir do amadurecimento na vida dessa mulher,  mas  não  de  todo  e  que,  quanto  mais madura,  mas  ainda  com  frescor  da  juventude,  mais  doce  e suculenta  será  uma  fruta  no  outono,  ou  na vida  da   mulher...
          O inverno poderá trazer a tristeza  para a mulher...Mas a felicidade e a alegria virão ... No outono e na mulher...

Marilina Baccarat,  no livro Colorindo a Vida

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