quarta-feira, 19 de junho de 2019

Pouco a Pouco

Pouco a pouco

 Pouco menos que a capacitação do não querer e a certeza da ilusão é o desengano de muito pouco... 

O que, aproximadamente, nos perturba, que nos magoa e mata-nos aos poucos, é o pouco mais, que poderia ter acontecido e não aconteceu...   

 Quem perto está, mas, ainda, não apareceu, ainda vai vir...  Os passos, que se ouviu na madrugada, ainda se escuta o seu eco... 

Quem um pouco mais confiou e um pouco descreu, o amor para ele, morreu pouco a pouco, não mais vive... 

É o pouco que se abespinha, com o pouco mais, que deveria existir... Bastaria um pouco menos dos ensejos, que se soltaram de nossas mãos e, como pássaros, voaram, até às alturas alcandoradas, buscando cada estação, que, pouco a pouco, chegou...                                                                             

E escolhemos, sempre, a estação do ano que mais nos agrada, que é o outono, que se distancia um pouco mais do calor e, também, do frio... 

Caminhamos, um pouco mais, para o inverno da vida, sendo que a distância, entre o outono e o inverno, é muito pouca. Mas, aos poucos chegaremos lá, com nossos largos sorrisos e passos firmes...               

Seguindo, pelos poucos menos caminhos, encontraremos coragem para sermos felizes, mesmo com os nossos alicerces já fracos. As amendoeiras já branquearam e as moedeiras, pouco a pouco, não conseguem mais mastigar... 

Mas, pouco mais, decidiremos entre a alegria e a agonia...        Se pouco menos, a nossa equidade quiser apartar-se de nós, não haverá meio termo, o pouco mais tomaria a frente e teria o céu azul e o arco-íris, em vários tons, a encantar-nos...                    

O pouco menos não nos insinua, não amofina, nem abranda, somente aumenta o vazio, que está dento do mais profundo do nosso âmago...

Mesmo que todas as estrelas, pouco a pouco, estejam a brilhar em nosso céu, para o pouco menos, que temos de tolerância, nada pode ser mudado, resta-nos, apenas, a paciência, para esperar o pouco mais da felicidade, que merecemos...          

Para os poucos menos, não significa ser os nossos fracassos. E com isso os poucos mais mundificarão todos os vazios, que o tempo deixou, em nossa alma...                                

Desconfiemos, pois, do pouco menos e acreditemos no pouco mais de uma abastança plena... 

Porque, pouco a pouco, quem a esperou, até então, ainda está esperando... E quem acreditou na espera, sempre apreendeu um pouco mais...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Velhas Portas" página 43

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