segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Repensando

A mulher de ontem e de agora,
Gosta de contínuo rememorar,
Segue na direção da aurora,
Juntamente com o sol, caminhar.
Marilina Baccarat

Gosto de repensar e tenho a mania, meio doida, de
imaginar o encontro ente a mulher de hoje e a de outros
tempos da minha vida...

Ambas, caminhando na direção do sol, que, ao nas-
cer, é bem suave mas, ao entardecer, esquenta o caminho...

O que acharia uma da outra... Sobre o que conver-
sariam, pois a minha curiosidade voou longe, querendo

infiltrar-me nessa conversa...

Numa dessas repensadas, percebi que, aos dezes-
sete anos, parecia ter trinta anos, tinha horror a pessoas

que mudavam de opinião...
Enxergava, nelas, criaturas pouco confiáveis e até
achava que não tinham personalidade...

Mas, como continuava, sempre, com o olhar na di-
reção do horizonte, à espera do abrolhar do sol, conti-
nuava a minha caminhada...

Aos vinte e poucos anos, justamente, eu que, agora,
reavalio, cada vez mais, minhas opiniões, achava que as

pessoas não tinham opinião própria, eram, mais ou me-
nos, como diz certo ditado “Maria vai com as outras”...

182 – Marilina Baccarat de Almeida Leão
Claro que eu tinha certeza das minhas opiniões.

Mas a mulher, ainda que novinha, se achava conhecedo-
ra de tudo...

Como eu desejaria presenciar o encontro das duas,
e que fosse em um logradouro, onde houvesse os raios
do sol a alumiar a trilha...
Certeza, eu tinha, que o encontro seria fenomenal,
pois elas têm o mesmo nome, são imutáveis...
Mas é muito rico o exercício de considerar novos
pontos de vista, mesmo que se continue com os antigos...
A mulher menina, ainda novinha, que se achava a

sabedora de tudo, sabia discordar de si mesma, mas exi-
gia muita determinação...

E se a mulher madura, de hoje, e a mulher menina,
de outras fases, se encontrassem, o que será que falariam...
Talvez achariam estranho o pensar uma da outra..
Certamente, a de outras épocas iria dizer: – você teve
muita coragem e humildade, aceitando tantos desafios...
Por tudo isso, já valeria meus votos antecipados de
confiança, em uma mulher jovem, de ontem, e a outra já
madura, de hoje...

f

A mulher de outrora jamais poderá ser comparada
com a de agora... Pois a mulher madura de agora,
com toda a certeza, iria responder: “dê-me sua mão
e vamos caminhar juntas, unindo o ontem, o hoje e
o amanhã, caminhando juntas, com o olhar voltado
para o horizonte, à espera do nascer do sol...

Marilina Baccarat de Almeida Leão, escritora brasileira, no livro    "Esperando o Sol"


 

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