MAR DENTRO DOS SONHOS
Sei bem quem fico, Por certo oposta,
Na qual me perco,
Onde se nota ,
Neste riacho,
Que esta sou eu...
Talvez , quem sabe...
Marilina Baccarat
Quando o vento fica lufando por vários dias, é sinal de que o rio vai mudar o seu curso...
Ele vai desembocar no mar, por outro trajeto... Contudo ele tem horror ao vazio, então, procura contornar as pedras que pelo caminho estão, e, ao passar consegue seguir o mesmo percurso que sempre fez, até que suas águas cheguem ao mar e se tornem salgadas... O que deveria brotar naquele momento, deveria ser eu mesma...Estar ali naquela hora e poder assistir o entrosamento do rio com o mar...
Mirando aquele rio, o meu céu estava vazio, eu não era uma pedra e, portanto o sol podia me esquentar...Mas, o que resultava desse aquecimento do sol, parecia-me ser um circuito elétrico, as minhas veias, os meus nervos eram a fiação através da qual a eletricidade corria veloz, soltando faíscas...
Nada parecia me interessar...Mas era apenas um sonho, para que eu pudesse recordar o passado... Oh...lugar lindo para que eu pudesse recordar, onde ele me mostrava, deslumbrantemente, etapas de minha vida... Passagens maravilhosas, que um dia, eu tive a doce alegria de palmilhar... Vontade de correr atrás, insistir...Pedir uma explicação...Mas pedir a quem, ao sonho? Não é sempre que temos a oportunidade de que os devaneios sejam repassáveis, ainda que, dentro deles, seja como se o passado estivesse em construção e o futuro prometendo ser lindo, tal qual a onda do mar,que ele traz até a praia e nos encanta com suas espumas bem brancas, a nos deslumbrar...
Talvez coisas que não servem para nada sejam as mais importantes... Até as sonhadas expressava nosso temperamento, vital, cheio de alento, incapaz de enxergar as sombras.
Seria, elas também, divididas, esfaceladas, quebradas em mil pedaços até ser forçada, algum dia, a recolher os fragmentos e a tentar recompor as sobras... Pois, pessoas só ficariam inteiras, quando aprendessem a vencer as sombras...
Em certas épocas da nossa vida, dentro de nossas noites, passeamos pelas mais lindas praias, que, antes não conhecíamos, somente os nossos sonhares nos mostrara...
A cor do mar, em tom sobre tom, vai do verde esmeralda ao verde água clarinho, e a temperatura da água, como imaginamos, é morna e o vento está sempre soprando a nosso favor, nos levando a passeios de barco até os lugares mais lindos do nosso passado, que em nossa memória ficou...
Nesse mar, quando a maré desce, é a hora em que podemos mergulhar, para que possamos avistar, lá no fundo, épocas, que já passaram e enxergaremos peixes de todas as cores e desenhos..
A água desse mar é tão transparente, que dá para ver, claramente, todos os mergulhos, que já demos até aqui no presente...
Mas quando o mar se tornou encapelado, eu sabia bem quem eu era, ilógica, no qual me perdia e ali, me encontrava comigo mesma, nesse violento mar e tinha a certeza, que aquela era eu...Quem sabe? E tem muito mais beleza, na imensidão desse mar e, o que é mais belo, é o sol o tempo todo refletindo em suas águas.
Poderei ter a certeza, sem dúvida alguma, que, dentro desse pélago, que em meus sonhos aparecem, existe o paraizo, que é ali, dentro dos devaneios...
Então, naquela noite, dentro de meus sonhos, sentindo o cheiro do mar que trazia suas ondas com as espumas brancas e perfumadas, ví o mar, calmo, tranquilo, sereno, como sempre foi em meu sono... Ouvindo o barulho das ondas a bater nas rochas, como a pureza de um cristal, contrastando com o timbre da minha voz, achei que havia encontrado o meu porto seguro...
Uma base, que com alicerces seguros, dariam novo alento à minha vida, dentro desse riacho, que é um imenso oceano, onde me acho...
O passado foi bom e é afável recordá-lo, principalmente, quando estaou dentro dos sonhos, apreciando a calmaria do imenso mar, isso é maravilhoso, pois são poucos que têm o privilégio de sonhar com o mar e tudo que há nele...
Observava um garoto a jogar uma bola para o seu cão, uma criança seguia de mãos dadas com seus pais, que a erguiam de vez em quando para fazê-la voar, e suas risadas confundia-se com o rumorejar das ondas, que o mar generosamente as jogava de encontro as pedras... A noite chovera abundantemente, o ar estava frio e nuvens carregadas e escuras, corriam ao longe do horizonte... Na praia do meu sonho não havia ninguém, naquela noite...
Enquanto caminhava nas areias brancas do mar, segui em silêncio e consegui reviver o passado, onde no mar me achei, dentro dos meus sonhos...
- Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Corre como um Rio página 177
Nenhum comentário:
Postar um comentário