sexta-feira, 24 de maio de 2019

       Tempos de alegria
                                                                                    Momentos são efêmeros
                                                                                    Como nossa existência
                                                                                    Instantes que são ásperos
                                                                                   De grande abrangência
                                                                                      Marilina Baccarat

Há um certo tempo, em que a alegria bate à nossa porta, com toda a intensidade... Sabemos que os momentos são efêmeros, não podemos deixar passar, como a própria existência passa, voando... Quantas vezes precisamos sentir um novo perfume, com urgência, de uma nova alegria... Somos colocados entre o passado e o presente, entre a velha e a nova satisfação, entre a antiga e a atual... Muitas vezes, vemo-nos entre o que nos dá a paz, aconchego e aquilo que nos causa o máximo de adrenalina, misturada ao êxtase da alegria... Podemos contentar-nos a ver tudo como sempre enxergamos, ou arriscar-nos a ver além... É uma escolha e cabe, somente a nós, continuarmos com os velhos hábitos, uma velha certeza de que já sabemos como tudo continua: Tudo é sempre igual...
Temos que nos atrever a adaptarmos ao novo, em um novo despertar para uma nova alegria, com uma nova sensação de termos dormido num lugar e acordado em outro, com novos ares... Novas percepções... O presente nos assusta, o passado nos aprisiona, quase sempre. Usar o silêncio da nossa essência, a nosso favor, é o que precisamos fazer, para que a alegria volte a habitar em nós...
Não queiramos mais repetir o passado, já sabemos exatamente onde estivemos e que ele não vai nos levar a lugar algum... Façamos algo que nos transborde de regozijo, não olhando para trás... Não escutemos quem não sabe o que é ter alacridade... E vamos adiante... Não podemos deixar escapar as oportunidades, que os regozijo oferecem: – Momentos de sermos felizes...
Se, por um acaso, a porta travar e não pudermos abri-la, para que, naquele momento, a ledice entre, precisaremos correr e dar um jeito para que ela se abra e possamos, com muita emoção, deixar que a satisfação entre e faça morada em nós... Sejam quais forem os motivos, pelos quais as portas se fecharam, teremos a aspiração de conseguir abri-las. Não podemos esquecer de fechar as janelas, para que a jovialidade não saia por elas...
O que não devemos fazer é deixar que a veleidade tome conta de nós e, com isso, permanecermos atrás da porta, observando aquele momento de alegria, indo embora, quem sabe, para sempre... Precisamos entender e aceitar que ímpetos são efêmeros e passam voando. Assim, também, as ledices passam, como se fossem um avião a jato...
Tempos de exultações têm seu jeito, seu instante de aparecer. Mas, nós temos nossos valores e entendemos que a aleluia, também, tem seu jeito de aparecer em nossas vidas, o que não podemos é perder os momentos em que ela aparece e a emoção, que sentimos, quando ela toma a nós...
É preciso um esforço consciente, para não permitir que o sofrimento nos torne cegos à generosidade da vida, não admitindo que possamos aproveitar o instante de sermos felizes... Sempre é possível recuperar a alegria de termos temporadas de exultações, basta que desejemos isso com toda nossa vontade de sê-las... Do mesmo modo, quando a dor, em alguma hora, se apresentar, devemos encará-la de frente, vivenciando-a, porém, com o sentimento interior de que ela, também, passará. Teremos, então, a emoção de poder sentir a felicidade bem de perto... As velhas portas se abriram, mostraram-nos os caminhos, fizeram-nos olhar, à nossa volta, buscando encontrar, no cotidiano, cobiças, que nos encheram o coração de regozijo..., são atos, que devem ser repetidos, diariamente, quando a tristeza e o abatimento tomam conta do nosso ser...
A genealogia fez-nos ver que é preciso um esforço consciente para não permitir que as amarguras do sofrimento, que, vez ou outra, nos abatem, nos tirem a ventura de viver... Um lampejo de perplexidade poderá até passar pelo nosso olhar, mas estaremos percorrendo um caminho, que já exploramos mil vezes... Conhecemos todas as subidas, todas as curvas, todos os obstáculos; pressentimos, principalmente, o destino; mas, nunca desconfiamos que pudesse haver um desvio... Galgamos montanhas, pois queríamos saber quem éramos. Temos a impressão de que percorremos sempre o mesmo trecho, conhecemos as paisagens e, agora, não aceitamos a história? Ninguém sente as mesmas veleidades, ninguém ama da mesma forma... E essa é a beleza do viver, pois, ela nos ensinou assim: Podemos ter tempos de puras alegrias e encontrar a felicidade dentro desses períodos, abrindo a porta para ela entrar...
Sentiremos conjunturas de emoções tão grandes, que nos vestiremos de alegria e ela cairá em nós, como uma roupa feita sob medida...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Velhas Portas"

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