sábado, 7 de abril de 2018

A mulher nordestina

A mulher nordestina
Por Marilina Baccarat de Almeida Leão

Luiz Gonzaga, nas suas músicas, cantou o Nordeste de todas as formas.
Fala da mulher nordestina, de sua força para o trabalho e sua luta... Mostra a
mulher nordestina brava e forte. Ele nos faz pensar na mulher nordestina, que
cuidava das crianças, no agreste e no sertão, mas, ao mesmo tempo, ele
acompanha o desenvolvimento dessa mulher guerreira...
Na adversidade de um momento, da terra árida, em seu vermelho, surge
uma sombra de um ser irresoluto, miragem no deserto por entre mandacarus e
palmas, união do feminino em luta contra os infortúnios, pele rachada como o
chão e olhos secos sem lágrimas, como o açude sem água no sertão... Na cabeça,
ela traz uma lata com água cor de barro e gosto de lama salgada, sem
respingar na terra ávida por ela, com ou sem gosto de nada, como a chuva,
que nem chega a cair, evapora no ar, na quentura da terra. Assim se arrasta a
mulher e o sertão, na espera da água do céu, para fazer florescer papoulas e
enfeitar os cabelos da morena em dia de ladainha, na casa de pau a pique...
.
Animada para a festa e valente para a peleja. Assim é a mulher nordestina
de Gonzaga...
Dizem que Gonzaga era machista, pois, uma das músicas dele, fala sobre
a Paraíba e ele canta: – mulher macho, sim senhor... Mas penso que não,
pois há músicas, dele, que falam da mulher de cintura fina, da mulher rendeira,
pois a renda de bilro é o que toda nordestina sabe fazer e muito bem... Apreciar
o toque da sanfona, então, é o que a mulher nordestina adora. Ela é festeira
por natureza. Ele traz, em suas músicas, a mulher parteira do nordeste, que
sempre trabalhou para ajudar a vir, ao mundo, os bebês, sem receber nadinha
em troca... A música nos mostra esse respeito pela mulher parteira, o respeito
por sua ancestralidade...
A mulher nordestina cria seus filhos e ainda ajuda a criar filhos, que não
têm mãe... A garra da mulher nordestina é admirável... Ah, se todas nós tivéssemos
um pouco dessa mulher guerreira, batalhadora. Saberíamos andar pelas
alamedas do coração, tal qual elas andavam e andam no agreste e no sertão.
A nordestina tem, com ela, essa coisa da alegria, da festa, gosta de se divertir
e sabe aproveitar o presente, não pensando no futuro incerto, que virá...

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