sábado, 7 de abril de 2018

Escrever

ESCREVER...
Por Marilina Baccarat de Almeida Leão
Escrevo o que sinto, o que quero. O silêncio insiste em ficar, pois, já é noite e eu, simplesmente,
deixo vir o silêncio, preciso dele.
Ao deixar que a alma fale, nem sempre evitamos a lama, os respingos, as armadilhas. As asas
presas, na falta de esperança, impede que possamos alçar voos altos, a nos expor em lugares trôpegos.
Minha alma insone insiste em escrever. O escritor não pode pensar que o que escreve será
visto como bom ou ruim. Não pode pensar que será endeusado, emoldurado. Escritores escrevem
para si mesmos, escrevem para entender a vida, que não vivem, escrevem para entender a eles próprios, pobres coitados, aturdidos, solitários à procura de si mesmos.
Fecho os olhos e deixo que o silêncio invada a minha alma, que as minhas asas se soltem e que
a esperança me faça alçar voos altos, indo, com a imaginação, a lugares trôpegos, que mesmo me
arrastando, vou à busca de personagens.
Meus dedos deslizam pelas páginas em branco, em meio à escuridão e ao silêncio da madrugada.
Minha alma insiste em escrever.
Escrevo para mim e para que outros leiam e entendam, pois o escritor deseja que seus escritos
sejam assimilados pelos leitores.
Sinto a vida pulsando nas artérias da minha mente, como se fosse uma transfusão de calma, em
meio à alegria de colocar no papel o que a alma fala. Ela fala de calma, transmite serenidade, fonte
de calor inesgotável.
A alma do escritor é assim:- uma arte de transformar o belo em palavras, sentimentos em letras,
unindo tudo em torno de uma imagem, que o poeta e escritor imaginam e transferem para o papel.
Alguns dizem que é loucura, mas o mundo precisa dos loucos, dos que veem poesia no que não há.
O mundo precisa deles, para trazer a beleza das coisas simples, travessadas de filós e rendas, tornando coisas banais em nuvens de organdi.
O olhar do escritor nos faz olhar para dentro, nos faz ver o que não víamos, transmuda, transcende,
transforma. Sem poesia, o que seria da vida? Sem o apurar das palavras, o que seria da língua?
Um poeta não precisa fazer mais nada, só poetar. Essa é sua missão. Mudar o mundo através da
beleza, que só ele vê e é capaz de mostrar a todos os mortais...

sso é o que a poesia nos ensina e muitos poucos aprendem.

Nenhum comentário: