sábado, 1 de setembro de 2018

Medo da Solidão

Medo da solidão

Necessitamos, muitas vezes, estarmos sós, para
vivermos isolados e poder elucubrar, sobre a vida,
quando temos a isolação, a nos acompanhar...
Sem o retraimento  não me atiro, não me arrisco,
não me camúflo... Dissolvo-me, espalho...
Na solidão, esqueço-me. E nos silêncios com as
noites sôfregas, que são povoadas de desejos ávidos,
olho-me no espelho e me acho dentro do isolamento...
Não percebo os estímulos, não acalanto a ternura,
que mora em mim... Não aquieto os meus temores
de ser só... Com a solidão, poderei sair por aí, caçando afetos, aceitando sobejos, confundindo não estar só...
Trocarei, em sonhos, bilhetes tristes e acordarei
vazia de mim mesma... Perder-me-ei na fragilidade, que é o lugar onde encontro a mim mesma...
Sairei, com os pés descalços, braços bem abertos,
desviando-me do tempo, buscando por ternura, acolhendo afetos mendigados, para não estar sózinha...
Só para ludibriar o tempo, tendo a bravura, manter-me-ei transtornada, só para enganar o momento e não ter que esperar a vida passar, assim mesmo...
Sem a penumbra, atraiçoarei meus desejos, gracejarei sem achar graça... Só para não ter que me refugiar na solidão... Acobertarei os meus lamentos e recolherei o meu pranto, para que ninguém pressinta...
Caminharei por caminhos áridos, tendo, como companhia, a audácia... Afastar-me-ei de mim mesma, perder-me-ei nas trilhas da solidão, pois, é ali, que me encontro, de onde observo um jardim secreto, com acesso ao templo, que há em mim... Medo?... Sim, o tenho... Mas posso perfeitamente entender, que o pavor mora lá e a coragem vive em mim, dentro desse templo, para sempre...
Transformá-la, em serenidade, é atitude da assisada que posso ser... Pois, nesse mundo, onde tudo é efêmero, a valentia pode ser um suavizo e não afadigo...
A ousadia de sentir a solidão poderá ser resgate da coragem. Jamais equívoco do medo...
Em um mundo deslumbrado, por juventude e sucesso, a solidão poderá ser livre-arbítrio, não desapossado, em nós...
Quero abraços, para esquecer a solidão, mas, ainda assim, preciso aprender a ter coragem, alumiar a essência, para clarear os seus contornos e esquecer o medo...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro
"É Mais ou Menos Assim" página 25


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