segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Sonhe sem cair no chão

Sonhe sem cair no chão

Sonhar também tem disso: de vez em quando a
gente cai do conforto de um sonho lindo e se estatela no chão áspero de uma realidade dolorida. Matar, não mata, pois eu nunca soube de nenhum óbito por queda de sonho... Não mata, mas que machuca, machuca.
Dependendo da altura de que caímos, o coração
pode ficar bem ferido.
O brilho dos olhos sumido do mapa. A alegria,
temporariamente, encolhida, como um passarinho
na muda. Dá até para continuar sorrindo, pois, em
geral, a boca não é atingida, mas o lugar onde nascem os sorrisos, mais charmosos, fica encoberto por um fugaz nevoeiro.
Sem falar daquele vento frio esquisito, que corre
por dentro e de que só lembramos existir, quando
a vida puxa o edredom da gente.
Quando parece quilométrica a distância, que
nos separa de algum calor, que possa nos aquecer de novo a alma, ou quando mesmo próximo das fogueiras mais caprichadas, reagimos como se estivéssemos diante da chama de um fósforo.
Parece exagerado, e pode ser mesmo, principalmente quando exagerada é a altura em que estamos do chão, chamada expectativa, essa que é para lá de perigosa. Mas, é preciso viver, correr o risco de sentir, de perder, de ganhar, até de se estatelar e ralar um pouco a vida de vez em quando, para aprimorarmos a medida do tempero, que, em excesso, sabemos o que faz com refeições.
É vivendo que a gente aprende a avançar nessa
arte delicada de sonhar, sem se afastar do próprio
centro, sem perder o equilíbrio, sem esquecer que
mais prioritário do que tornar qualquer sonho real é buscarmos estar em paz. Não precisamos, nem deveríamos nunca deixar de sonhar por medo de novas quedas.
Não precisamos deixar de agir na direção da
conquista dos nossos sonhos, muito pelo contrário.
Não precisamos nos tornar especialistas em medição de altura.
Talvez, possamos minimizar o impacto das
eventuais frustrações, apenas, não perdendo a medida da importância do auto amor, porque, algumas vezes,inflamos expectativas, desnecessariamente, por estarmos esvaziados demais de nós mesmos.
Sonhe sempre, mas cuidado com a altura, porque,
dependendo da distância, o coração pode se magoar...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Em Busca dos Sonhos" página 133

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