quarta-feira, 19 de junho de 2019

Nesta Noite escura,

NO MEIO DA NOITE.

     Ouço baixinho, no meio desta noite escura, canções ao piano, lindas canções dedilhadas e que invadem minha alma. Canções, que encharcam, de beleza, minha vida, penetram fundo em minha alma e me fazem feliz. Trazem-me a calma, a alegria!
      Ah! Como gostaria de poder ouvir essa melodia, por toda a noite, que está tão escura, sem estrelas e sem lua. As nuvens cobrem o céu e o frio não me deixa abrir a janela.
    Gostaria que o céu estivesse estrelado. Que eu continuasse a ouvir essa música, pelo amor que há e que sempre houve em mim. Pelos sentimentos, que nunca foram perdidos, pela carícia, que jamais faltou...
    
    Nesta noite escura, entremeada de silêncios, ouço a suavidade das canções, que me enchem os ouvidos de paz, de uma paz, que almejo e que retenho por alguns segundos. Paz que não deixo escapar, por entre os dedos.
     Entre as lágrimas, que inundam meu piano,  finjo ser eu a pianista, compositora de uma vida, cheia de esperança e alegria.
     Ah, se esta noite escura me trouxesse, em meio às estrelas brilhantes, uma luz, ínfima luz, que iluminasse o meu breu, trazendo o belo e o bom, fazendo com que eu me sinta inebriada pelo amor. Fazer-me sentir, sempre e novamente, o amor, que esteve perdido por aí, esperando por mim, ao lado do meu travesseiro perfumado.
     A música toca, meu coração ressoa, entoa, como se cantasse, um canto de alegria, dentro desta noite escura.
     Se a vida fosse uma canção, eu saberia a escala exata e não precisaria procurar o que está dentro de mim... Ou, no silêncio, quem sabe, desta noite escura, onde não há estrelas e o frio teima em ficar.

Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Musicalidade Colorida"


Pouco a Pouco

Pouco a pouco

 Pouco menos que a capacitação do não querer e a certeza da ilusão é o desengano de muito pouco... 

O que, aproximadamente, nos perturba, que nos magoa e mata-nos aos poucos, é o pouco mais, que poderia ter acontecido e não aconteceu...   

 Quem perto está, mas, ainda, não apareceu, ainda vai vir...  Os passos, que se ouviu na madrugada, ainda se escuta o seu eco... 

Quem um pouco mais confiou e um pouco descreu, o amor para ele, morreu pouco a pouco, não mais vive... 

É o pouco que se abespinha, com o pouco mais, que deveria existir... Bastaria um pouco menos dos ensejos, que se soltaram de nossas mãos e, como pássaros, voaram, até às alturas alcandoradas, buscando cada estação, que, pouco a pouco, chegou...                                                                             

E escolhemos, sempre, a estação do ano que mais nos agrada, que é o outono, que se distancia um pouco mais do calor e, também, do frio... 

Caminhamos, um pouco mais, para o inverno da vida, sendo que a distância, entre o outono e o inverno, é muito pouca. Mas, aos poucos chegaremos lá, com nossos largos sorrisos e passos firmes...               

Seguindo, pelos poucos menos caminhos, encontraremos coragem para sermos felizes, mesmo com os nossos alicerces já fracos. As amendoeiras já branquearam e as moedeiras, pouco a pouco, não conseguem mais mastigar... 

Mas, pouco mais, decidiremos entre a alegria e a agonia...        Se pouco menos, a nossa equidade quiser apartar-se de nós, não haverá meio termo, o pouco mais tomaria a frente e teria o céu azul e o arco-íris, em vários tons, a encantar-nos...                    

O pouco menos não nos insinua, não amofina, nem abranda, somente aumenta o vazio, que está dento do mais profundo do nosso âmago...

Mesmo que todas as estrelas, pouco a pouco, estejam a brilhar em nosso céu, para o pouco menos, que temos de tolerância, nada pode ser mudado, resta-nos, apenas, a paciência, para esperar o pouco mais da felicidade, que merecemos...          

Para os poucos menos, não significa ser os nossos fracassos. E com isso os poucos mais mundificarão todos os vazios, que o tempo deixou, em nossa alma...                                

Desconfiemos, pois, do pouco menos e acreditemos no pouco mais de uma abastança plena... 

Porque, pouco a pouco, quem a esperou, até então, ainda está esperando... E quem acreditou na espera, sempre apreendeu um pouco mais...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Velhas Portas" página 43

domingo, 9 de junho de 2019

Invenções tortuosas

Invenções Tortuosas
                                                         
                                                                                                                   Injustas são as invenções,
                                                                                                                   Julgamos     insegurança,
                                                                                                                  Ao  ver  suas  concepções,
                                                                                                                  No passado da lembrança.
                                                                                                                     Marilina Baccarat


Sentimos as astúcias aproximando-se, embora, às vezes, sintamos, também uma tremenda insegurança ao pensarmos em  tudo que se passou...
Andamos ansiosos, pois, sabemos que os inventos, todos eles, já leram todas as nossas passagens pelos alvitres da vida...
E, assim, as recordações do passado vão aflorando e nos sentimos indecisos, achando que não deveríamos ter sido tão inseguros...
Mas,  atravessando a ponte que nos liga as arestas do passado, tudo surge com essa dúvida, essa precariedade, apesar da certeza de termos agido corretamente; porque, em nosso íntimo, quando os frutos já floresceram e estão, justamente na hora de serem colhidos, sabemos que tudo o que fora  feito, não eram invenções...
Tudo estava corretamente certo, apesar de entendermos  que permaneciam errados, mas não estavam...
Invenções são assim. Tudo que carregamos, dentro delas, são símbolos de insegurança, mas, de recomeço, de inovador, quando elas deixam de serem censuráveis e se transformam em aprumadas e judiciosas...
Chegam sempre com a esperança de afetos...
É só o pensamento começar a trabalhar, que lá chegam as conquistas e muitas, nos remetendo a muitos sentimentos, que carregamos de nós mesmos...
Comiserações do realizável, do inventivo, de possibilidades tantas e muita esperança no futuro, para que todas as ementas e desejos do passado se realizem, sem que nos abrolhe a intranquilidade sinuosa...
Acreditamos nelas, rendemo-nos diante das curvas do passado, basta, para isso, alinhar a alma e deixar que reverberem e iluminem o nosso pensar com a chama de sentimentos, pois é o que move os conhecimentos passados...
Temos muito a agradecer, por terem mantido acesa, em nossos pensamentos, essa chama, não deixando que se apagasse nos momentos de invenções tortuosas, pois era o de que mais precisávamos...
Graças às sutilezas, fixamos nossos olhares em nossos desejos e fomos em busca do que sempre desejamos em nossas caminhadas: -Sentirmo-nos seguros, ao vermos suas concepções ...
Embora, às vezes, sintamos uma tremenda precariedade, que surge em nossa essência. Geralmente, elas surgem um pouco apagadas, ficamos em dúvida se erramos, ou não, lá, no passado...  
No nosso íntimo, sabemos que agimos certos, mas, ficamos nos martirizando, achando que deveríamos ter agido de outra maneira. O que passou, passou,   é assim, que diz o ditado...
Se ouvirmos as nossas próprias críticas, a nós mesmos, vamos achar que todas as ementas que temos, estão erradas e não vamos mais conseguir relembrar o decorrido, achando que fizemos tudo errado...
Deixar-nos abatermos, criando um mecanismo de  incapacidade, impediria as noções de fluírem em nós...
Se  permitirmos  que elas nos elevem a um patamar bem alto de rememorações, chegaremos à conclusão que não há retentivas erradas... Porque, se fossem tortuosas, é como se estivéssemos andando com os olhos tapados, prontos para cairmos  na armadilha do narcisismo exacerbado, ou, deixar-se abater por nossas próprias críticas, criando um mecanismo de defesa tão forte, inibindo, assim, nossas memórias...
Somente nós é que temos de ter a certeza de que são noções certas e que nos levam a viajar pelos vales da vida, fazendo-nos relembrar de todos os lances...
Mas, no meio dessa pilha de sentimentos antagônicos, no meio dessas invenções sinuosas, temos a certeza de que não há memórias tortas. Elas nos levam a termos  esperança absoluta...
Há dias em que as reminiscências nos trazem tristeza total, mas todos sentem isso, é muito natural...
Sabemos que elas virão e muitas. E as achamos importantes, desde que sejam lembradas construtivamente, sempre...
Todas as retentivas têm o seu valor, mas, daí, a serem zanzadas, seria um grande erro...
Pois, flashbacks jamais serão errados. Eles são, sim, um aprendizado; podemos mudar algo, que, nas lembranças do passado, achamos que estavam erradas, mas, também,  podemos reinventá-las, sem que elas passem incólume por nossas vidas...
Ideias são aprendizados para acostumarmos com nós mesmos, tão iguais e, no entanto, tão diferentes do que fomos. Tornamo-nos, certamente, um ser melhor depois de recordar o que passou...
Ali, podemos arrumar muita coisa, que encontramos torta, no nosso pensar, ao rememorar nos alvitres, de nossas passagens...
Graças às retentivas, que carregamos de recomeço de inovador, nos levam para lugares, tremendamente, lindos, onde caminhos, que percorremos, transformam-se nos melhores caminhos do mundo...
E sempre é tempo de rememorar as ementas   do passado e sentí-las. Devemos guardá-las no bolso de nossas vidas e relembrá-las sempre que possível for...


Injustas são as invenções, quando nos fazem temer e sentirmos insegurança...Pois, elas vibram na frequência de nossas memórias, diante das recordações mais simples. Voltando o olhar para o passado, vamos perceber, que jamais foram tortuosas, pois acaloraram nossos sorrisos, para sempre...


Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Nas Curvas do Passado" 



sexta-feira, 24 de maio de 2019

       Tempos de alegria
                                                                                    Momentos são efêmeros
                                                                                    Como nossa existência
                                                                                    Instantes que são ásperos
                                                                                   De grande abrangência
                                                                                      Marilina Baccarat

Há um certo tempo, em que a alegria bate à nossa porta, com toda a intensidade... Sabemos que os momentos são efêmeros, não podemos deixar passar, como a própria existência passa, voando... Quantas vezes precisamos sentir um novo perfume, com urgência, de uma nova alegria... Somos colocados entre o passado e o presente, entre a velha e a nova satisfação, entre a antiga e a atual... Muitas vezes, vemo-nos entre o que nos dá a paz, aconchego e aquilo que nos causa o máximo de adrenalina, misturada ao êxtase da alegria... Podemos contentar-nos a ver tudo como sempre enxergamos, ou arriscar-nos a ver além... É uma escolha e cabe, somente a nós, continuarmos com os velhos hábitos, uma velha certeza de que já sabemos como tudo continua: Tudo é sempre igual...
Temos que nos atrever a adaptarmos ao novo, em um novo despertar para uma nova alegria, com uma nova sensação de termos dormido num lugar e acordado em outro, com novos ares... Novas percepções... O presente nos assusta, o passado nos aprisiona, quase sempre. Usar o silêncio da nossa essência, a nosso favor, é o que precisamos fazer, para que a alegria volte a habitar em nós...
Não queiramos mais repetir o passado, já sabemos exatamente onde estivemos e que ele não vai nos levar a lugar algum... Façamos algo que nos transborde de regozijo, não olhando para trás... Não escutemos quem não sabe o que é ter alacridade... E vamos adiante... Não podemos deixar escapar as oportunidades, que os regozijo oferecem: – Momentos de sermos felizes...
Se, por um acaso, a porta travar e não pudermos abri-la, para que, naquele momento, a ledice entre, precisaremos correr e dar um jeito para que ela se abra e possamos, com muita emoção, deixar que a satisfação entre e faça morada em nós... Sejam quais forem os motivos, pelos quais as portas se fecharam, teremos a aspiração de conseguir abri-las. Não podemos esquecer de fechar as janelas, para que a jovialidade não saia por elas...
O que não devemos fazer é deixar que a veleidade tome conta de nós e, com isso, permanecermos atrás da porta, observando aquele momento de alegria, indo embora, quem sabe, para sempre... Precisamos entender e aceitar que ímpetos são efêmeros e passam voando. Assim, também, as ledices passam, como se fossem um avião a jato...
Tempos de exultações têm seu jeito, seu instante de aparecer. Mas, nós temos nossos valores e entendemos que a aleluia, também, tem seu jeito de aparecer em nossas vidas, o que não podemos é perder os momentos em que ela aparece e a emoção, que sentimos, quando ela toma a nós...
É preciso um esforço consciente, para não permitir que o sofrimento nos torne cegos à generosidade da vida, não admitindo que possamos aproveitar o instante de sermos felizes... Sempre é possível recuperar a alegria de termos temporadas de exultações, basta que desejemos isso com toda nossa vontade de sê-las... Do mesmo modo, quando a dor, em alguma hora, se apresentar, devemos encará-la de frente, vivenciando-a, porém, com o sentimento interior de que ela, também, passará. Teremos, então, a emoção de poder sentir a felicidade bem de perto... As velhas portas se abriram, mostraram-nos os caminhos, fizeram-nos olhar, à nossa volta, buscando encontrar, no cotidiano, cobiças, que nos encheram o coração de regozijo..., são atos, que devem ser repetidos, diariamente, quando a tristeza e o abatimento tomam conta do nosso ser...
A genealogia fez-nos ver que é preciso um esforço consciente para não permitir que as amarguras do sofrimento, que, vez ou outra, nos abatem, nos tirem a ventura de viver... Um lampejo de perplexidade poderá até passar pelo nosso olhar, mas estaremos percorrendo um caminho, que já exploramos mil vezes... Conhecemos todas as subidas, todas as curvas, todos os obstáculos; pressentimos, principalmente, o destino; mas, nunca desconfiamos que pudesse haver um desvio... Galgamos montanhas, pois queríamos saber quem éramos. Temos a impressão de que percorremos sempre o mesmo trecho, conhecemos as paisagens e, agora, não aceitamos a história? Ninguém sente as mesmas veleidades, ninguém ama da mesma forma... E essa é a beleza do viver, pois, ela nos ensinou assim: Podemos ter tempos de puras alegrias e encontrar a felicidade dentro desses períodos, abrindo a porta para ela entrar...
Sentiremos conjunturas de emoções tão grandes, que nos vestiremos de alegria e ela cairá em nós, como uma roupa feita sob medida...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Velhas Portas"

terça-feira, 14 de maio de 2019

As mães nunca morrem, apenas saem de cena, apagam as luzes e fecham as cortinas, nos deixando sozinhos no palco da vida... E, a bruma que desce, envolvendo o momento,  encobrindo nossos olhos, do que antes era visível e, agora é impalpável...Em nosso eu, retumba, antigos sons, contando-nos histórias antes de dormir, ou chamando-nos para o banho...Dizem que tudo passa, mas, as mães não passarão... Elas apenas  entardecem junto com o pôr do sol...Mas, estarão para sempre junto à nós, caminhando pari passu, com a nossa alma e nosso coração...


Marilina Baccarat de Almeida Leão
Escritora brasileira



domingo, 12 de maio de 2019

Sempre passeio pelas alamedas da internet e, sempre, encontro referências em meu nome.
Para o escritor é muito gratificante,  pois nós  queremos alcançar os corações das pessoas.


sexta-feira, 3 de maio de 2019

Uma sinfonia... 
Ao chegar, em São Paulo, senti uma sinfonia não tocada por uma orquestra, que segue a pauta, mas, uma sinfonia, que só, aos meus ouvidos, era possível escutar... 
Conforme o taxi corria, fui me lembrando por onde, outrora, andei, sentindo a minha infância jun¬to a mim... As mesmas ruas, que andei no passado, me mostravam, agora, um amor sem fim, que ficou no passado. Ruas por onde caminhei, ora andando com minhas próprias pernas, ora andando de bici¬cleta, juntamente com as amiguinhas. Recordei, em cada passo, que dei, como se fosse um filme passan¬do em minha memória, as mesmas cenas, que vi, na fase da infância. Elas me mostravam, agora, a mesma rua por onde caminhei, com o papai me levando para a escola, passando em várias casas para dar carona às minhas coleguinhas... Bastava buzinar e lá vinham elas correndo, com a pasta e a lancheira nas mãos, pois, naquela época, não se usava mochila. Usáva¬mos boina e, ao correr, muitas vezes, a boina caía e elas tinham que voltar para pegá-las. Genuflexas, no banco de traz do carro, íamos olhando a paisagem... a sinfonia continuava a tocar em meu coração, lembrando do tempo de infância e juventude em São Paulo... 
Foi como se eu tivesse atravessado uma ponte e, do outro lado, encontrado o passado...
Caminhei por onde outrora andei, mas, a rua não era mais a mesma, apesar de estar muito bonita... Agora, as casas, que serviram de residências, são todas comerciais. O Hotel, onde me hospedei, agora, ocupa, hoje, o lugar da casa de uma amiguinha, lindo, maravilhoso, enfeitando aquela rua, que me traz tantas recordações ....                 


Vaguei silente por onde andei, agora, contnuando a ouvir a sinfonia, que só os meus ouvidos escutavam e sentindo, também, junto a mim, minha juventude... Sonhei de olhos abertos,..lembrando-me de tudo que se passou ... Mas o meu coração não se entristeceu, apesar  de meus olhos verterem algumas lágrimas, pois, eu sou, mesmo assim, emotiva... 
As mesmas cenas, que eu presenciei, no passado, voltaram em minha mente, mostrando-me amor sem fim, como se fosse uma sinfonia, não seguindo a pauta no papel, mas a pauta que ficou gravada em minha memória... Uma sinfonia, que orquestra, nenhuma  do mundo, saberia interpretar... Somente, na minha memória, essa sinfonia tocava, divinamente, com o maestro sendo o tempo...
        Andei por onde andou o meu passado, sentindo-o junto a mim, como uma verdadeira sinfonia do tempo, que passou...

segunda-feira, 29 de abril de 2019

O ESPAÇO NAS LEMBRANÇAS

O ESPAÇO NAS LEMBRANÇAS

Onde a gente guarda as lembranças, não sobra lugar para sentimentos ruins... As lembranças são grandes demais, espaçosas demais... ainda bem!... Do contrário, viveríamos, sempre, tristes. Mesmo que venhamos a ter lembranças melancólicas, elas podem ser lembradas com amor, pois, há espaço, para isso, dentro das nossas lembranças. Mesmo que a gente se vista com vestidos noturnos, que a gente apague a luz e durma, as lembranças estarão, sempre, no lugar de costume, procurando adivinhar o que queremos pensar. Não importa o que pensemos, mas, sim, o que está reservado nas lembranças, no lugar em que elas costumam ficar... Lá, a gente encontra harmonia, quando sabemos decifrar as lembranças, que estão guardadas, ali. O pensamento tem asas fortes, que voam longe, quando a gente começa a pensar, mas, tem os pés firmes como raízes, que mantém a gente no solo, enquanto o pensamento alcança as alturas alcandoradas, buscando os sentimentos, que, muitas vezes, ficam esquecidos nas lembranças. Quanto mais lembranças a gente tem, mais sentimentos bons e muita energia teremos, porque a força do pensamento é inesgotável, dentro de nossas lembranças.
Encontramos sentimentos, algumas vezes, em lembranças, que não parecem ter sentido algum, que aparecem do nada, mas, encontramos sentido, ali, quando, algumas vezes, são lembranças, que se parecem com coisas sentidas antes. Parecendo ser o sexto sentido, como se estivesse em um outro sentimento... Sentimento de lembranças tantas, lembranças muitas, sentindo tudo e, ao mesmo tempo, sentindo nada! Lembrança é aquele sentimento bom, que a gente tem, guardado em um lugar especial... Lembrança de alguém independente de sua presença... É aquele laço de sentimento, que se mantém guardado, no armário do nosso eu, onde ficam as lembranças. Lembranças têm muitos cálices de dores, mágoas guardadas, junto com elas, em um lugar infinito da memória. Lembranças têm uma sintonia com os sentidos do viver... As portas dos sentimentos são abertas, quando as lembranças saem de seu lugar e tomam conta da gente, tomam conta do nosso sentir, do nosso lembrar. Não importa o que sintamos, mas, sim, as lembranças, que temos de todos os sentires.
Tudo é harmonioso, quando compreendemos que as lembranças ficam em seu lugar, para guardar os nossos sentimentos, até que resolvamos abrir as portas para que  saiam e nos tomem a nós...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro"Viajando nas Lembranças"

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Entrevista com Marilina Baccarat

Dia mundial do Livro

Hoje, 23 de Abril, comemora-se, mundialmente, o Dia do Livro

   Para mim, não poderia haver data mais santificada e simbólica do que esta.
Dia santo. Feriado, no meu coração.
Dia em que reverencio os meus santos de devoção: São Fernando Pessoa, São Carlos Drummond de Andrade, São Érico Veríssimo, São Eça de Queirós, São Machado de Assis, São Monteiro Lobato, Mia Couto, Balzac, Melville, Rachel de Queirós, todos os autores, que li, ao longo da minha vida, tantos que já nem me lembro da maior parte deles.
Mas, os tenho cá dentro de mim, que me marcaram a alma, a ferro, a lágrimas, a sentimentos.
Já esqueci inúmeros enredos, inúmeras tramas das milhares, que li, mas, todas deixaram pequenos traços na minha escrita, na minha personalidade, na minha maneira de ver a vida e o mundo.
Neste dia, dia do meu maior objeto de adoração, de devoção, o LIVRO, tenho pena de não poder ler tantos quantos eu gostaria, de ter tempo, ainda, para ler todos os que não tive o prazer de ler, de cercar-me, por eles, por todos os lados. Mas, não resta muito tempo agora, já não há tempo, para lê-los todos.
Se há algo, que me daria imenso prazer, neste momento de minha vida, seria poder ter os livros, que desejo. E são tantos!
Mas, neste dia santo, dia em que também fui agraciada com uma pequena conquista, ter meus próprios livro publicados, só posso ser grata aos meus amigos, aos meus leitores, ao meu editor João Scortecci. A tudo o que li, ao longo desses anos, vividos intensamente.
Não tenho pretensões de colocar-me ao lado de meus santos de devoção, meus amados escritores, as pessoas, que me abriram o mundo e o desvelaram para mim. Não quero isso. Quero, apenas, poder sentar-me com um livro nas mãos e, por toda a eternidade, saber o que há nas entrelinhas. Entender o que foi escrito e sentido pelo escritor, no momento em que o criou. Porque cada livro é um mundo.
Este é meu último desejo. É entender que a santidade, a verdadeira beleza do mundo está contida nas páginas de um bom livro...
Marilina Baccarat De Almeida Leão (escritora brasileira)


domingo, 14 de abril de 2019


Marilina coloca em suas crônicas, sua alma de artista. De cada uma, brota sua sensibilidade, que aflora à medida que nos traz à lembrança, as emoções da meninice, permeia toda adolescência, por vezes dolorida, mas, principalmente, faz encarar a 3ª idade com muita fé, esperança e muito amor no coração. Para conferir e sentir as delícias de viver todos esses momentos, recorde essas emoções como se fossem as últimas. Colorindo a vida é um flashback, em formato de crônicas, que leva cada leitor a recordar sua experiência pessoal, que é única, podendo ser a sua, a minha, a nossa. Isso acontece através dos olhos sensíveis da autora.
Lourdes Gonçalves Balan - Professora de língua portuguesa e inglesa.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

por Marilina Baccarat de Almeida Leão





Gosto de dias chuvosos, a chuva tem uma música, que ora parece ser um adágio, ora parece ser uma sinfonia, tocada pela melhor orquestra do mundo... Mas, hoje, ela parecia estar tocando desgovernadamente, acho que o maestro saiu e a deixou sozinha... Raios explodiam a todo instante, os trovões até apavoravam...

A vida não é colorida, ela é colorível


Um poema que gosto muito da poetisa Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro  Colorindo a vida:Fernanda de Oliveira Brito, paulista, leonina, designer de moda por formação.  

Há quem diga que sonha em preto e branco, outros, que sonham colorido. Sonhar colorido é muito mais interessante, pois tudo fica mais bonito. Os sonhos estão aí para definir a vida em cores. Os otimistas e sonhadores sempre vão dizer que a vida é colorível, mesmo que os sonhos sejam brancos e pretos.

A forma, pela qual todos veem a vida, não muda nada, o importante é que todos possam tornar a vida colorível, porque o que sonham, seja preto e branco ou colorido, não importa. O que realmente é importante são os acertos, para que a vida se torne colorida. Temos que viver colorindo a vida do nosso jeito, isto é, fazer com que a vida seja colorível. Assim seremos mais felizes.

A vida é muito mais que a exatidão de um preto e branco. Vai muito além da importância de torná-la colorida. Ela é uma dádiva e, viver plenamente, é um presente irrecusável, assim como é colorir um desenho. 

Muitos diriam que, definir a vida em cores, para eles, ela seria preta e branca. Essas pessoas são muito calculistas, não se interessam muito em colorir a vida. Os pessimistas diriam que a vida é cinza, não haveria graça em tentar colori-la. Mas os otimistas e sonhadores diriam que a vida é para se colorir, então ela é colorível. 

Podemos seguir nosso caminho, logo, podemos deixar, junto a estes caminhos, uma vida colorida. Não é porque o papel é branco que deve permanecer branco. As folhas brancas estão aí para serem coloridas. E assim é a vida, colorível. Com os sentimentos de amor vem a bondade, a alegria e a vida se torna branda, bem colorida. São esses sentimentos que fazem com que a vida seja colorível. 

A vida ganha cor para que possamos apreciá-la, para não olharmos para ela e nos sentirmos amargos e infelizes, pois as cores trazem a felicidade.
Se os nossos sonhos forem em preto e branco, devemos fazer com que a vida seja muito mais que em preto e branco. Devemos dar cor à vida, porque ela é colorivel e ser colorivel é poder ter a oportunidade de colorir a vida.


quarta-feira, 10 de abril de 2019

O Eu que Habita em nós

    O EU QUE HABITA EM NÓS

         
          Nosso tempo de vida, são experiências somadas à perfeição de nossas idades, conforme vai chegando...
         As vivências do dia a dia, vitórias após conquistas, tombos em seguida de tombos, levantando e curando as feridas... Nos alegramos, choramos, mas comemoramos... Foram experimentos a cada etapa da vida e que foram enriquecendo a nossa existência...
         Várias pessoas, já fomos...Cada idade uma delas, a receber da vida as dádivas. Tropeçamos pelo  caminho, nos reinventamos após os percalços; a recriar esperas, que nos serviram de ponte para  o futuro... Algumas vezes é preciso aprendermos silenciar, sair de cena e esperar que a sabedoria do tempo, termine o espetáculo...
         Se a vida nos causou muitas feridas, também nos ofereceu os remédios e beijou nossas cicatrizes...
         A vida, também  nos deu presentes, enfeitou-nos a existência e nos mostrou o caminho da felicidade...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro
"PELOS CAMINHOS DO VIVER"

domingo, 7 de abril de 2019

As Estações da vida





                     AS  ESTAÇÕES       

    A alegria é a nossa companheira, pois tem que ser, sem ela, jamais teríamos vivido a felicidade, durante toda a vida, desde a hora em que nascemos...       
          Passando pela infância, juventude e chegando, na fase adulta, ultrapassamos a porta da rua, sem medo de enfrentar a vida com seus percalços...
         Nascemos, na primavera da vida. Por essa estação, só pensávamos em brincar. Para nós, não havia o futuro, depositávamos esperança, no verão, que seria a juventude...Ah... como gostaríamos que o verão chegasse logo, para podermos curtir essa estação...
         Adentrando na juventude, ou seja, no verão da vida, depositávamos, ali, a espera de que a fase adulta logo chegasse; o outono da vida, em nós... 
         Pensávamos, como toda jovem pensa, que a fase do outono vai chegar e iríamos nos casar...
     
        Somente imaginávamos, adentrando a nave de uma igreja, com aquela marcha nupcial linda tocando... As pétalas de rosas sendo jogadas e os convidados a nos admirar...Esquecemos de pensar é que poderíamos tropeçar no véu de noiva e irmos ao chão...     
          Não gostaríamos que houvesse aquelas promessas todas, pois, se o amor é autêntico, adoraríamos, se só existisse a festa, tanto na igreja, como no buffet, sem aquele acordo todo, recheado de promessas, que, muitas vezes, não são cumpridas...        
        Os sacerdotes só esquecem de fazer-nos prometer que, depois que a vida terminar, continuaremos a amar por toda a eternidade...Deveriam incluir isso...
          Iríamos nos divertir muito mais... Os convidados não ficariam cansados à espera da cerimônia terminar... Riríamos muito e nos tornaríamos, dali, para a frente, casadas e realizadas, para sempre...       
          Seguiríamos pelos caminhos das estações da vida, retirando os espinhos das rosas e enfeitando nossos caminhos, apenas com suas pétalas perfumadas... 
          Não permitindo que os espinhos  ferissem os nossos pés, e, portanto, caminharíamos tranquilas... 
          E de tal modo, prosseguiríamos, até que a velhice chegasse, ou seja, o inverno da vida, mas, já maduras e sabendo o que queríamos da vida,   aproveitaríamos, muito mais, essa estação gostosa...    
         É  a  síntese  da mulher, que soube construir, ao longo dos anos, fases nas estações da existência...
         É a substância, que fica, em nossa essência,  depois que passamos por todas as estações da vivência...
        Amantes e esposas do homem a quem amamos durante toda a nossa vida e até a eternidade...

 Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "É Mais Ou Menos Assim" página 22



sexta-feira, 5 de abril de 2019

Os gestos da ventura


Os gestos da ventura têm uma inexprimível sabedoria. Ela chega a qualquer hora, seja pela manhã, ou madrugada e abre um espaço dentro da gente...

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Marilina Baccarat recebe o troféu em Portugal, de orgulho acadêmico

Marilina Baccarat, recebeu do Nùcleo de Letras de Portugal, o orgulho acadêmico, por sua contribuição à cultura Lusófona, durante o ano de 2018.

Posse na Academia de Letras do Brasil

Escritora brasileira Marilina Baccarat de Almeida Leão, é empossada como imortal e embaixadora cultural, na Academia de Letras do Brasil.




quarta-feira, 27 de março de 2019

AS ESTAÇÕES DA VIDA

As estações

A alegria é a nossa companheira, pois tem que ser, sem ela, jamais teríamos vivido a felicidade, durante toda a vida, desde a hora em que nascemos... Passando pela infância, juventude e chegando, na fase adulta, ultrapassamos a porta da rua, sem medo de enfrentar a vida com seus percalços... Nascemos, na primavera da vida. Por essa estação, só pensávamos em brincar. Para nós, não havia o futuro, depositávamos esperança, no verão, que seria a juventude... Ah... como gostaríamos que o verão chegasse logo, para podermos curtir essa estação... Adentrando na juventude, ou seja, no verão da vida, depositávamos, ali, a espera de que a fase adulta logo chegasse; o outono da vida, em nós... Pensávamos, como toda jovem pensa, que a fase do outono vai chegar e iríamos nos casar... Somente imaginávamos, adentrando a nave de uma igreja, com aquela marcha nupcial linda tocando... As pétalas de rosas sendo jogadas e os convidados a nos admirar... Esquecemos de pensar é que poderíamos tropeçar no véu de noiva e irmos ao chão...
Não gostaríamos que houvesse aquelas promessas todas, pois, se o amor é autêntico, adoraríamos, se só existisse a festa, tanto na igreja, como no buffet, sem aquele acordo todo, recheado de promessas, que, muitas vezes, não são cumpridas...
Os sacerdotes só esquecem de fazer-nos prometer que, depois que a vida terminar, continuaremos a amar por toda a eternidade... Deveriam incluir isso... Iríamos nos divertir muito mais... Os convidados não ficariam cansados à espera da cerimônia terminar... Riríamos muito e nos tornaríamos, dali, para a frente, casadas e realizadas, para sempre... Seguiríamos pelos caminhos das estações da vida, retirando os espinhos das rosas e enfeitando nossos caminhos, apenas com suas pétalas perfumadas... Não permitindo que os espinhos ferissem os nossos pés, e, portanto, caminharíamos tranquilas... E de tal modo, prosseguiríamos, até que a velhice chegasse, ou seja, o inverno da vida, mas, já maduras e sabendo o que queríamos da vida, aproveitaríamos, muito mais, essa estação gostosa...
É a síntese da mulher, que soube construir, ao longo dos anos, fases nas estações da existência... É a substância, que fica, em nossa essência, depois que passamos por todas as estações da vivência... Amantes e esposas do homem a quem amamos durante toda a nossa vida e até a eternidade...
Não poderíamos ser como a rosa, que tinha inveja das outras flores, pois, quando passava pelos jardins e observava as flores, dançando ao bel-prazer do vento, que ora soprava em brisa leve e, em outras passava com rajadas fortes, fazendo-as rodopiar... A rosa indócil, somente queria pertencer àquele mundo, que ela admirava, mas desconhecia o porquê de haver espinhos em seu caule e não tinha como dançar com as outras flores, quando o vento chegava... Certo dia, a rosa determinou, sem muito raciocínio, extrair todos os seus espinhos. E, mirando-se, no espelho, sem perceber o sangue, que escorria, pensou: – Estou com ar mais aprazível, um verdadeiro porte de rainha, agora poderei dançar... E, assim, aproximou-se das outras flores, toda faceira, com um sorriso. Mas sua surpresa foi grande, quando, todas as outras flores, lhe apontaram os dedos, mostrando-lhe o sangue, que escorria em seu caule. Não era o que ela esperava... Afinal, ela era a rainha das flores, justamente pelo perfume e os espinhos... As flores, virando-se, para ela, perguntaram, em uníssono: Retirar seus ilustres espinhos, por quê?... Eles lhe faziam, além da sua beleza insólita, a tão respeitada rainha de todas nós... Agora, somos flores sem reinado e sem rainha, não temos a quem idolatrar e você está ferida! A coitada da rosa, ferida, agora, sem reinado e sem coroa, por querer ser igual às outras flores, que não tinham espinhos e, sem eles, elas dançavam ao desejo do vento, livres e soltas, como ele gostaria... Nunca seria igual às outras flores, pois tinha espinhos, mas era a rainha, com certeza, de todas elas... Não perdeu a sua altivez, não mais seria rainha, porque o que a diferenciava, das outras, era o mais importante, aos olhos de todas as flores... Os espinhos, que ela havia retirado é que a tornavam diferente... Naquele mesmo dia, a rosa, que sentia muita dor, por causa da retirada dos espinhos, morreu... A noite se findou, um novo dia raiou, com um maravilhoso sol e outra rosa nasceu, bela, cheirosa e com todos os seus espinhos, sendo eles a sua coroa... As flores ganhavam, agora, uma nova e reverenciada rainha... Haviam esquecido a rosa sonhadora...

Não seguindo o exemplo da rosa sem espinhos, foi, assim, a fusão da mulher, que soube seguir o caminhar certo, em cada estação...