sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O nosso Eu


Não haveria outra forma de viagem, outro jeito de imaginar como seria o nosso “EU”, se não pudéssemos vivenciar tudo, mas, tudo mesmo, como uma viagem sem fim... Escorregar para dentro de nós, pois, do contrário, não seria o nosso Eu a sentir... É como se estivéssemos em uma estação, à espera do trem, que nos levaria para dentro de nós mesmos... A mala, onde carregamos as recordações, o perfume, o som das vozes, na estação... Então, é quando tudo se faz silêncio e somente uma luz, acesa, nos lembra que estamos na estação e não há mais ninguém... Só nós, com os segredos de viagens, que levaremos para dentro de nós mesmos, no silêncio... Só nós e nossos segredos... Nosso “EU”, a nós, pertence, não haverá herdeiros para as recordações, que há dentro dele... Uma pequena ponte nos levará até ele... Ela se oferece a nós, larga, aberta para que possamos entrar, e, no entanto, falta-nos a coragem, mesmo que fosse só para sentirmos um pouquinho da nossa essência, que habita em nós... A abertura oferecida. A possibilidade de irmos... Vamos dar o primeiro passo, para atravessá-la, em direção ao desejo de sentirmos, bem de perto, o nosso “EU”... Embora a porta aberta nos convide a entrar, parece que algo nos segura, como se ferros houvesse em nossos pés, a adentrar... Se não formos, não saberemos... Se ficarmos, não seríamos o “EU” de nós...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "O Eu de Nós"

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Divulgando Livros e Autores da Scortecci: Entrevista com Marilina Baccarat de Almeida Leão -...

Divulgando Livros e Autores da Scortecci: Entrevista com Marilina Baccarat de Almeida Leão -...: Marilina Baccarat de Almeida Leão Descendente de franceses, a escritora nasceu em São Paulo, Capital, onde viveu sua infância e juventu...

https://portaldoescritorscortecci.blogspot.com/2018/8/entrevista-com-marilina-baccarat-dehtml

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Book trailer do livro O EU DE NÓS, de Marilina Baccarat de Almeida Leão

Fases da vida


Somos  pessoas felizes por ter vivido bem cada etapa da nossa vida... De cada uma delas, saindo mais rica e mais forte, mesmo através do sofrimento... Algumas vezes, trôpegas, com vontade de desistir... Noutras, eufóricas, querendo permanecer, para sempre, em alguma fase vivida... Mas, seguindo em frente... 
Mesmo assim, por isso mesmo, aprendemos que tudo passa... O tempo não passa sozinho no relógio e na contagem desenfreada dos dias... Passa, tão rápido, e com ele passamos nós e tudo o que vivenciamos em nossa caminhada... Tentamos validar nossas experiências, a cada decisão tomada, a cada ação desenvolvida... Porque é preciso não perder o objetivo e esse objetivo é justamente saber usar todo o tempo que foi vivido, o conhecimento adquirido, a luz que não se apagou, que são os anos vividos e que carregamos... Tenhamos vinte, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, noventa, cem anos, o que não é difícil chegar...ou mais, quem sabe... Pois, toda idade receberá, da vida, sua bagagem de informação. E o entrosamento, dessas noções, formará o Eu de Nós... Respeitar e procurar entender as razões de cada idade. Pois cada uma é diferente; se não reverenciarmos, não seríamos o Eu de Nós, pois, cada passagem da vida, é dessemelhante, assim como são as pessoas...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro   "O Eu de Nós" página 15.
Esse livro poderá ser adquirido nas seguintes livrarias:

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sábado, 17 de novembro de 2018

Coisas boas Pedem férias


A medida que os anos passam a nossa bagagem vai aumentando, pois há muitas coisas que vamos colhendo pelo caminho de nossas vidas. Muitas preocupações e medos que angustiam. Porém, em um determinado ponto, fica insuportável carregarmos tantos problemas. Se insistirmos em viver alucinadamente, ou teremos um colapso ou a vida simplesmente vai passar despercebida. E qual é o verdadeiro propósito de tanta correria? Chegou a hora de escolhermos o que realmente preferimos carregar. Coisas boas pedem férias... Muitas vezes não podemos escolher o que tirar de nossos caminhos, mas podemos parar ao menos por algum tempo e transformar nosso dia em um dia ensolarado. Embora pareça pouco um tempo pequeno, que pede férias, já é suficiente para desacelerar o nosso coração. E, reduzindo o ritmo, recupera-se a energia. Coisas boas pedem férias... Esvazie a mente de todas as preocupações e medos que a angustiam. Sempre estamos com pressa, achando que algo que temos a fazer é mais importante. O tempo passa e assim não temos tempo para pensar na beleza das flores, no azul do céu... Pensamos: isso não tem importância, afinal, como todo minuto é sagrado, o melhor é nos dedicarmos aos negócios... Seguimos sem quase nem respirar direito, quando chegamos ao ápice do estresse, até tentamos pisar no freio e mudar alguns hábitos, mas já é tarde... 
Até que o corpo grita por socorro e, então, caímos doentes. Será que valeu a pena tanta correria? Experimentamos pouco a gratuidade dos fatos e só decidimos olhar o mundo com outros olhos, quando já desperdiçamos grande parte da vida...
Muitas vezes, precisamos descansar, pois coisas boas pedem férias. Soltar os ombros rígidos e não pensar em nada... Claro que sempre temos algo importante para fazer, mas isso não significa que devemos nos atropelar com tantos problemas. Todo mundo é capaz de reduzir as pressões do cotidiano, antes de adoecer, basta querer. Precisamos tirar férias... Mas será que descansar a mente da rotina é o suficiente para relaxar? Será que viajar representa sossego, a maior parte do tempo? É hora de escolher o que de fato você prefere carregar consigo, angustias, problemas, ou prefere refletir e pensar? Pensar é diferente de refletir. O pensamento fica dando voltas no mesmo lugar e só faz alimentar a angústia. A reflexão é calma, visa focar nas soluções... A vida não para e é preciso fazer escolhas. Mas o que tirar do caminho? ...Amizades, respeito ao próximo, nada disso atrapalha o seu caminhar, esses sentimentos só nos fazem bem. Temos que tirar de nossos caminhos a raiva, a incompreensão, o medo, o pessimismo e o desânimo. Coisas boas pedem férias... Na bagagem, no lugar das coisas ruins, você poderá colocar a esperança, a coragem, a tolerância... Leve consigo somente os bons sentimentos, aqueles que lhe levantam e deixam o seu dia colorido! Se prestar atenção e fizer um ligeiro retrospecto em sua vida, vai perceber que já passou por algumas situações em que se exasperou, não encontrava soluções para os problemas. E quando deu por si, os problemas, de uma forma ou de outra, já haviam se resolvido, sem sua interferência...   
nossa vida vai, aos poucos, se ajustando e encontrando soluções para tudo. Coisas boas pedem férias, portanto, tire férias das emoções que paralisam seus dias e deixe o que lhe causa dor e sofrimento para trás... Dê um tempo para você... Confie...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Colorindo a Vida" página 22,

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Quando todos se calam


Quando se calam todas as vozes, reflito sobre
mim, sobre o que me rodeia; sobre o que me faz rir
e, também, sobre o que me entristece.
É possível ouvir as palavras, que o coração
murmura, gosto de ouvir essas palavras. Olho no espelho
e me vejo. Não consigo fugir de mim mesma.
Descubro algumas de minhas qualidades, de meus talentos,
de meus dons. Não há como me esconder das
minhas dores e limitações. Não existem aparências,
não há posições sociais.
O valor das vozes, que me rodeiam, costumam vir
carregadas de verdades e leveza. O que é realmente importante
para mim? O que realmente me é edificante?
Gosto do meu silêncio, que está sempre comigo.
Amo as pessoas, que são colocadas na minha vida, mesmo
que sejam por breve tempo, são pessoas especiais!
Marco distâncias, planejo e organizo sonhos.
Chego a pegar carona nas asas da imaginação. Vou
longe e essas pessoas me acompanham nos sonhos,
até onde minhas asas alcançarem.
Escuto, ouço o meu silêncio, dizendo-me o que
fazer, por onde seguir, o que ser e o que devo mesmo
sonhar. Na voz do silêncio, encontro a direção certa.
Quando todos se calam, é o meu silêncio que me dá
forças para vencer os obstáculos e escalar montanhas.
Quando a noite chega, quando todos se calam,
sobram o meu silêncio e eu. Livres de qualquer barulho
insensato e desmedido, carregado de ilusões...
Não há mais ninguém.

Marilina Baccarat de Almeida Leão (escritora brasileira) no livro   "Escalando Montanhas" página 20

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Prejulgamento



   O prejulgamento é uma das atitudes mais perniciosas que o ser humano eventualmente possa ter, pois antecipar um fato fazendo um prejulgamento pode ser danoso, e, muitas vezes, pode trazer consequências e sequelas irreversíveis. Mas, muitas vezes, os julgamentos só existem na cabeça do prejulgador, criando, assim, uma tempestade em copo d’água.
      A melhor forma de não fazer o prejulgamento é manter sempre um comportamento transparente, que, somado com a humildade, empatia e respeito pelo próximo, jamais iremos prejulgar.
      Muitas vezes, fico irritada com certos prejulgamentos. Pessoas pensam que são melhores e mais inteligentes que outras, só porque incluem, em seu currículo de leitura, autores consagrados. Confesso que gosto muito de ler José de Alencar, Machado de Assis e gosto também de Jorge Amado, mas não podemos contestar e ter preconceito contra quem tem gosto diferente e prefere ler algo mais leve e não clássico.
      O poeta Oscar Wilde (1854-1900) disse: “não existem livros morais ou imorais”. Se você sentir vontade de ler palavras de autoajuda, romances, água com açúcar, leia. A leitura, antes de mais nada, deve proporcionar prazer ao leitor! Apontar o dedo ao próximo é fácil demais; difícil é se colocar no lugar dele, tentando saber as razões e motivos que o levaram a exercer tais ações.
      Assim, antes de fazer qualquer julgamento, é preciso pensar  e repensar muito.
      Fomos ensinados que somente os títulos clássicos deveriam ser lidos e até mesmo cultuados. E devem ser mesmo, afinal eles agregam conhecimento. Mas quem disse que outros gêneros literários são inválidos?
      É um erro crasso pensar que estamos no pódio para sempre...
     Já perceberam a quantidade de julgamentos e prejulgamentos, que fazemos o tempo todo, sem nos darmos conta?
    Como se isso fosse normal.Triste, não?  Pior ainda é ter a ilusão de que, só por estar no pódio, temos o direito de prejulgar alguém. Ledo engano. Importante na vida é atender ao próprio gosto. Se for do seu interesse ler outros gêneros, leia. Claro que eles valem! O seu gosto é o que importa...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Escalando Montanhas" página 46   




terça-feira, 6 de novembro de 2018

COmeçar de Novo


Mudar nosso estilo de vida e a maneira de pensar é muitas
vezes difícil, mas não impossível... Mudar ou recomeçar
alguma coisa, geralmente, nos abala. A rotina, de certa forma,
nos dá segurança. Afinal, conhecemos os caminhos, os atalhos,
os desvios, as curvas a serem evitadas.
A expectativa de iniciar uma nova etapa nos faz sofrer,
temer, duvidar... Chega até a nos angustiar. Porém, a vida nos
impõe recomeços, simplesmente, porque ela desabrocha por
todos os lados e a todo instante. E avançar é preciso!
Um trecho de uma música de Ivan Lins diz: “Começar
de novo e contar comigo. Vai valer a pena ter amanhecido. Ter
virado o barco, ter me conhecido”. Portanto, devemos fazer da
decepção um caminho novo; da queda, um passo de dança; da
procura, um encontro.
Mudar nosso estilo de vida e a maneira de viver, com a
ajuda de alguém, seria ideal. Mas se pudermos começar de novo,
com nossas próprias pernas, vai valer a pena. Esquecer mudanças
que nunca dão certo não é o verdadeiro caminho. Podemos recomeçar com impulso, tal qual uma fonte jorrando água cristalina.
Devemos desenvolver o que já temos e produzir coisas
novas, sem medo de mudar, crescer e ir além.
Não podemos ficar presos ao passado, com receio de
nos abrirmos para o futuro. Somos feitos de rupturas, mudanças
e continuidades. Quando abandonamos de vez o alvo de
buscar mudanças, sentimos que deixamos de viver.
Viver é renovar sempre, é inovar, é se movimentar, é
recomeçar com verdadeiro sucesso. E vai valer a pena ter sobrevivido...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Colorindo a Vida" página 29

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A música em nossa vida


Tudo na vida tem um fundo musical. A música faz
parte da vida. As lembranças, os momentos de uma pessoa,
não teriam sentido sem a música. Ela alegra a alma, acalma,
relaxa, até mesmo serve como um combustível diário, na
medida em que nos dá forças e esperança para crer em dias
melhores.
O que teria sido da nossa infância, se não houvesse
aquelas musiquinhas tão gostosas de cantar? E as cantigas
de roda? Como eram gostosas! Eram cantigas que ficaram
gravadas para sempre em nossa memória. Até hoje, adoro
o canto do bem-te-vi, porque, na infância, eu cantava
a musiquinha do canto desse passarinho tão interessante.
Quando o escuto cantar, tenho a impressão de que ele está
me vendo!
A música altera nosso estado de espírito. O corpo
reage às vibrações dos sons, que despertam emoções, que
interferem em nosso organismo. Sempre há, em nossa memória,
uma música que ficou guardada, decorando esses
momentos particulares. Charle Darwin (1809 – 1882) chegou
a declarar que a fala humana não antecedeu a música,
mas, sim, derivou dela.
A música é usada para exteriorização de alegria, prazer,
amor, dor, religiosidade e os anseios da alma. Quando ela é
suave, nos acalma e nos transporta a outro mundo!
Os poetas se inspiram na música para que sua poesia
nos toque a alma. Canções compostas por grandes músicos
nos levam às lágrimas.
E nós carregamos, dentro de nós, um instrumento
que nos foi dado gratuitamente, que é a voz. Portanto, cante,
expresse os seus sentimentos através da música. A música é
uma inspiração de vida, uma forma de expressão dos nossos
pensamentos. Ela se faz presente em todos os momentos de
nossa vida. Que assim, possamos abrir as portas dos nossos
corações e deixar a música invadir o nosso ser. Como os poetas,
que expressam, na música, as grandes melodias da alma...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Colorindo a Vida" página 25.
Esse livro poderá ser encontrado aqui:
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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A Ponte do Coração


Ao atravessarmos a ponte do coração, precisamos
nos sentir livres, fortalecidos o bastante, para
podermos superar a difícil travessia da ponte...Precisamos
ter intrepidez, deixar que a luz percorra todo o
nosso caminho, para que percorramos a travessia da
ponte do coração, revitalizados de nossas emoções.
Onde estarão as lamparinas, que iluminarão o
nosso caminho, tão longo, que vamos trilhar?
Precisamos vasculhar o nosso ser, onde se encontram
as nossas emoções, para que os nossos sentimentos
não adormeçam. Temos que deixar, para
trás, mágoas, tristezas, sofrimentos, que fazem com
que o nosso coração sofra. Ao atravessarmos a ponte,
só haverá alegria, tudo se renovará. Carregaremos
conosco, somente, coisas boas, que nos fazem felizes,
que nos vão deixar mais maduros, mais experientes.
Claro que, ao atravessarmos a ponte, seremos
açoitados, emocionalmente, mas, é só não lembrarmos
das magoas, pois, se assim o fizermos, estaremos
revivendo esse sentimento. Não sejamos inseguros, ao
atravessarmos a ponte, pois, do outro lado, as emoções
se renovarão, pois, só haverá alegria, paz e harmonia.
Temos que nos tornar doces, esquecer os sofrimentos,
do contrário, nos tornaremos amargos, desconfiados.
A ponte poderá estar escura, mas, caberá a nós,
acendermos as lamparinas e trazermos, de volta,
toda a esperança de boas experiências...Onde estão
as lamparinas? Estiveram, sempre, ao nosso lado, nós
é que não notamos...Temos que descortinar os nossos
olhos e abrir o coração para o novo, para novos
horizontes...Superar os medos e ir em busca de novas
alegrias,pois, todos nós somos merecedores de uma
nova chance.
Acendamos as lamparinas, atravessemos a ponte,
com altivez, para superarmos todos os medos. As
barreiras podem ter sido criadas por nós mesmos e
foram confundidas com obstáculos, que nos fizeram
tropeçar muitas vezes.
Atravessemos a ponte desbragadamente... Sejamos
felizes, ligando o nosso coração ao coração do
mundo em que vivemos...

Marilina Baccarat no livro "Atravessando Pontes" pg.192
Esse livro poderá ser encontrado nas seguintes livrarias:
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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Ontem e Hoje


Ontem e hoje.


Dentro de nós há muitos sentimentos que tentam se entender
emtre si. Há o fascínio pela vida, pelos filhos, pelas amigas.
Por termos a esperança, como um dos sentimentos,temos
fé em dias melhores...Isso não é conformismo, pelo contrário,
é um gesto de fé, nessa vida arredia, que insiste sempre em
nos surpreender.
Mora em nós o sentimento de querer amar, no sentido
dessa busca de harmonia com tudo e com todos que tanto
amamos.
Há um sentimento que quer correr atrás do tempo perdido,
descoberto só agora, coisas maravilhosas que podemos
fazer. Mas de alguma forma voltamos com forças, muitas vezes
pequenas, mas se lutarmos, conseguiremos torná-las grandes.
Há muitos sentimentos, em nosso ser,mas muitos morreram
ao longo do nosso caminho,morreu o sonho de voar,
aquele que fazia questão de dormir mais cedo para voar e sonhar!
Morreu a saudade, pois a fé faz com que saibamos conviver
com ela.
Só não morreu o sentimento do amor, que é um sentimento
nobre, que nasce e se cria para convergir no mesmo
caminho, rumo ao mesmo destino. Conhecendo muito
bem o amor, nada nos surpreende no mundo. Temos que
ter passos mais lentos, mais prudentes, mais seguros, porque
quando, em nossa inocência da juventude, nos atiramos para
a vida, os cacos são mais difíceis de se juntarem. O amor quer
soluções simples, mas muitos não se movem para buscar essas
soluções.
Temos que acreditar,porque muitas vezes nasce a desesperança,
mas lá no fundo, somos fortes como um chão batido
e pisado, que ficou assim justamente por estar batido e pisado.
Queremos, muitas vezes, deitar em uma sombra e ouvir
o silencio, ouvir o leve assovio do vento nas folhas, a canção
das folhas agitadas entre si. Acompanhar a dança e o destino
dos grãos de poeira correndo junto com o vento.Esse sentimento
quer brincar com o tempo, ao mesmo tempo em que
acompanha o grão de poeira.
Gostaríamos de juntar todos os sentimentos, mas eles
já conversam entre si, fazem concessões, radicalizam às vezes,
mas no final, sentimos que o diálogo está estabelecido.Há os
sentimentos mesquinhos mas também há os compassivos.
O que nos entristece são os sentimentos, que já morreram
e deixaram um espaço vazio entre os sentimentos de hoje.

Marilina Leão no livro "Colorindo a Vida" página 42

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O fermento da Vida

O fermento da vida.

Estamos no Outono, estação em que os lírios, que estavam
adormecidos, surgem. Dizem que o lírio é a flor perfeita
dos idílios. Então se o lírio é a flor perfeita dos romances, o
amor tem que ser sagrado. Ele tem que ser perfeito para sempre,
até a eternidade...
Os pessegueiros também têm a sua florada nessa época
de outono. Quando é chegada essa época, não há seca ou
chuva que os faça desistir de florescer. Em outras estações,
eles ficam sem folhas, simplesmente adormecem para esperar
o Outono chegar...
Bom seria se tivéssemos essa serenidade na alma, a calma
que os lírios e os pessegueiros têm para esperar a estação certa.
Serenidade para aceitar o tempo e o medo de cada passagem.
O outono é o renovar da esperança em cada novo dia,
é a alegria que surge assim como surgem os lírios e os pessegueiros...
A festa dessas flores, que vem com o Outono, é o
que liga a serenidade e a alegria, como o fermento da vida. Se
agirmos com a serenidade, que há nos pessegueiros e o amor
que há nos lírios, teremos o verdadeiro tesouro, que é o contentamento,é a alegria...
Nosso contentamento deve ser tal qual o dessas plantas,
que têm a serenidade de ficarem adormecidas por longo período,
para florirem no outono...
Há tanto para comemorar: um dia para vencermos e
uma noite para amar. Há vida para se viver. É um novo tempo,
tempo de recomeçar, de levar adiante os velhos projetos, de
perceber que a alegria está aí, disponível para ser usada. Não
deixem que roubem a sua alegria! O certo é distribuir sorrisos,
gentilezas e ter serenidade, como os pessegueiros e os lírios
têm. Esse é o verdadeiro fermento da vida, que, se usado, vai
colorir a nossa vida, assim como os lírios e os pessegueiros
colorem o outono que está chegando...

Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Colorindo a Vida"

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Somos rio, somos mar


Somos rios e mares

É fácil, nos dias de primavera ou verão, deportar esse espectro das marés violentas, para as extremas fronteiras das nossas compaixões, pois somos como o rio, ele, também, tem suas lástimas...Suas águas são luminosas. Mas, quando o sol se afasta, ao findar do dia e o crepúsculo chega, com suas noites geladas, suas mágoas são profundas... Ele sente sua fragilidade, ao ver os barcos ancorados e tudo se torna nostálgico para aquele rio..
Assim, somos nós, sentimos a nossa debilidade,quando a gélida noite chega e nossos dós começam a mostrar-nos a triste cena da escuridão, em nossas vidas... Tudo, então, se torna mais difícil, somos tão frágeis quanto ao rio. Qualquer barulho, nessa obscuridade,transforma-  -nos em pedaços. Nossos corações se modificam em fragmentos de tristeza, pois a noite é melancólica...Somos como o rio, ele com suas águas estacadas e, nós, com nossos sangues parados em nossas veias, esperando a luz do raiar do sol...Assim como o rio, esperamos a luz tornar-se,então, nossa companheira, nossa amiga, nosso contraveneno...O rio e nós ficaremos com luminosidade até as tardes tornarem-se timidamente mais claras. Até que os pássaros comecem a cantar, despedindo-se do dia, que se finda...Livramo-nos, pouco a pouco, dos aniquilamentos, que se formaram em nossos corações, com a escuridão, sem a claridade das estrelas... Assim, o rio, também, se libera dos alagamentos e, na penumbra, espera o dia raiar...
Somos como o rio, com nossos olhares surpresos, mordazes, pareciam, certamente, que saíram diretamente do coração... Conforme a noite passava, procurávamos entender o que teria acontecido com o rio, pois tudo estava silencioso, somente o barulho dos barcos, batendo uns nos outros, quando passava uma rajada de vento...
Mas, ao amanhecer, suas águas começaram a se agitar, vindo com força da cachoeira. Então, os barcos, que, lá, estavam ancorados, começaram a navegar e tudo se fez novo, o dia e o rio...
Somos, também, assim... Quando o sol desponta no horizonte, iniciamos os nossos banzés, com nossas alegrias e sorrimos muito... O rio é belo e forte, com traços marcados e regulares, enquanto nós podemos dizer que somos atraentes, tal qual o rio e suas beiradas floridas...
Mas, somos, também, como o mar, que, em sua imensidão, recebe o rio com pompas e circunstâncias. Suas águas têm a cor da esmeralda, que representa a esperança... Ele tem a perspectiva de que o rio não falhe, que traga suas águas doces, para que se tornem salgadas... E o rio não pode falhar, quando desce pelo seu leito, com suas águas azuis e, ao se encontrar com o mar, a maravilhar nossos olhos, ao vermos a junção das duas águas. Uma parte azul, representando a calma, e a outra, cor da esperança, que é o que sempre desejamos...
Assim, somos nós, parte rio, outra mar, temos a calma, que nos acalenta, e a espera de sempre podermos alcançar o que desejamos... Quantas vezes, ficamos um bom tempo respirando fundo, ouvindo o reconfortante barulho da maré bater em suas pedras, como se estivesse tocando uma música, a nos acalentar, quando tanto precisamos de calma, para colocar nossos pensares em ordem...
Mas, quando suas ondas estão agitadas, nos remetem ao pavor, pois são gigantes e parecem querer engolir tudo, que encontra pela frente... Ele tem vontade própria... Sempre muda, uma hora está revolto, em outra, está tranquilo. Em certas horas, as marés resolvem mudar e, de fleumas, elas se tornam agitadas...
Assim como o mar, nós, também, mudamos com o tempo. Vamos deixando de escutar algumas pessoas, vamos selecionando as músicas, que queremos ouvir, onde queremos passear e nos divertir.... Mudamos nossa maneira de vestir-nos, o nosso modo de caminhar... Não nos importamos mais com as opiniões de quem não nos tem nada a acrescentar...
Transformamo-nos muito, adquirimos mais desenvoltura para tratar os assuntos, que a nós interessam. Escolhemos as trilhas, que devemos seguir, e com muito mais sabedoria... Por isso, somos como o rio e o mar... Conquistamos a nossa tão sonhada autossuficiência, assim como o mar e o rio usurpam as suas...
O rio tem a sua evolução, nasce calmo no alto da cordilheira e, ao descer, forma uma linda cachoeira, até desembocar em seu leito...
O mar, sendo imenso, evoluiu até aprender a conviver com suas maretas violentas, que, quando estão encapeladas, provocam o mar, para que ele fique agitado...
Assim somos nós, se somos açulados, ficamos revoltos. As ondas de tristezas não nos atendem para que se sosseguem e nos deixem sossegar, para que possamos viver acomodados, almejando a placidez...
Podemos comparar-nos com o rio e com o mar. Algumas vezes, somos um riacho de montanha, corremos afoitos, formando, dentro de nós, verdadeiras cachoeiras... No entanto, em alguns dias, somos mar, ora plácidos, preguiçosos... Em outros tempos, faremos muito barulho, quando as ondas de amarguras desejarem sufocar-nos...
Somos rio e, também, mar. Um rio, que poderá ser modesto demais, propagando a calma... E um mar, que poderá tornar-se rebelo, dando-nos a vontade de fugir para bem longe, a enfrentar as ondas de estorvos...
Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro  "Corre como um Rio" página 13

domingo, 7 de outubro de 2018

Preparar as Vitórias


                                                 Preparar asVitórias
                         
                                                                                          A vitória ela é mérito,
                                                                                                         
Na derrota é imperiosa
                                                                                          A serenidade no momento,
                                                                                                         Logo sentimos que é forçosa
                                                                                                  Marilina Baccarat


Preparar-se, para o processo de vitórias, é fundamental, assim, descobriremos o valor das pequenas conquistas, que, somadas, se tornam grandes...
Os triunfos são  adquiridos com o tempo e ele se transforma em serenidade, que é um estado de espirito, que se adquire...
Não é fácil ter placidez nos momentos em que sentimos a agressividade, a imcompreensão e a intolerância, vindo de encontro a nós...
É preciso aceitar que ninguém é capaz de controlar tudo. Em vez de questionar o porquê de as coisas não saírem do jeito, que desejaríamos, tentemos entender que elas acontecem nos momentos em que devem acontecer, quer queiramos ou não...
Para as conquistas chegarem, é como a história da formiguinha, trabalho, persistência e garra constante, sem deixar de nos lembrar da cigarra, que só desfruta dos prazeres que a vida oferece...Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar, mas, no equilíbrio constante  da vida...
Pense bem: -Se você, eu, ou qualquer outra pessoa estivessemos, sempre no controle de tudo, provavelmente, iríamos interferir demais nas situações e, naturalmente, iríamos querer acabar com tudo o que sucede de malfazejo...
Num primeiro instante, isso poderia, até, parecer maravilhoso, mas, que marasmo seria a vida...Viveríamos estagnados e os desafios passariam longe demais...
O processo de sucessos, tem que ser completo, com tudo o que temos direito: -Erros e acertos, pois eles nos tornam, mais eficazes, na busca da vitória pela tranquilidade...
Aceitar as coisas, que não são de nossa responsabilidade e cuja solução não está ao nosso alcance, é um sinal de amadurecimento e de  serenidade...
Experimentar a maturidade nos coduz à fleuma da nossa existência, fechando as velhas portas, que nos mostram novas trilhas, para que não nos levem  a inquietação constante...

 
No emudecer de nossas essências, as vitórias são mais do que necessárias, pois, somente com as palmas das derrotas, conseguiremos o triunfo...   


Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Velhas Portas"

sábado, 22 de setembro de 2018

Nunca desistirei do amor

Nunca desistirei do amor

Esse é o meu tempo de amar, de ficar mais doce,
apurar sabores, que vêm do fundo da alma, com sabor de amor verdadeiro...
Eis que entro em plena safra de afetos, sumarenta,
perfumada de mim mesma, a perfumar a noite...
Nesta noite chuvosa, gostaria de ser mimoseada
com afetos... Não deixar de fazer pequenos agrados a mim mesma... Presentear-me com amores possíveis...
Enquanto a chuva cai, lá fora, e o verão começa
a dar os ares de sua graça, gostaria de dormir e sonhar com o amor, nem que fosse eu mesma a inventar esse sonho...
Já que me faz tão bem amar, que eu possa sentir
esse amor, caminhar com ele e poder concretizar essa vontade de amar... Gostaria de me dar esse prazer...
Olhando a chuva, que cai, penso que a vida é
feita de amor, pois ele é fundamental, para que eu
viva...
Quantas vezes, por conta de um desprezo, desistimos de nossos amores e cometemos um engano,quando escolhemos recuar...
A decisão pode até parecer acertada, mas, logo
depois, vem o arrependimento e a certeza de que
jogamos fora a oportunidade de amar, obter a felicidade, naquilo que nos é importante. Afinal, desistir de amar é perder a luta sem, ao menos, tê-la enfrentado...
Muitas vezes, os problemas são mais ameaçadores do que reais. Portanto, não devemos entregar os pontos toda vez que algo não vai bem, correndo o risco de ficarmos parados e não amarmos...
Não podemos deixar as conjunturas nos fazer desistir de nossos amores...Temos que encontrar a solução para os problemas e continuar correndo atrás dos nossos apegos e não permitir que a vida passe em brancas nuvens...
Devemos enxergar a grandiosidade, que é a vida. Certamente, seremos mais felizes e entenderemos que amar á valiosíssimo e, portanto, vivê-lo é o que podemos fazer para agradecer o fato de podermos amar...
Quanto mais a gente busca o lado bom do amor, mais aprendemos e nos tornamos mais felizes. Pois, muitas possibilidades boas se abrem...Nunca desistirei do amor...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro       "Sempre Amor"

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

andanças nas palavras






Andando Nas Palavras

Pelas andanças em livros, olhando, cada palavra, pude
perceber que palavras são passarinhos, que se soltam da gaiola
da minha alma e ruflam suas asas pelo pensamento afora.
Escuto todos os dias as palavras passarinhadas do bem-
-te-vi. A passarinha o chama passaritando, apenas, vi, vi... E a
sua angústia aumenta à medida que o macho não chega com
o alimento para os filhotes... Mas, quando ele chega, a festa é
geral, de longe ele vem passarinhando: Bem-te-vi, bem alto e
a alegria é geral, uma verdadeira festa na árvore, onde fizeram
o ninho.
Pois é, palavras são passarinhos, repare para você ver.
Eu quando sinto o peito a querer arrebentar, solto umas tantas
palavras, e, voejando as liberto, descanso um pouco do ruflar
inquieto de suas asas ansiosas, tal qual o bem-te-vi, quando
vem chegando ao encontro da sua família.
Assim, as palavras me libertam por consequência do
tanto que me sufocam. E, assim, posso imaginar o sufoco da
passarinha, que espera pelo seu lindo passarinho amarelinho,
que faz uma algazarra, quando chega, passarelando sem parar.
Só por alguns segundos, tudo se aquieta... Dali a pouco,
nascem outras palavras, dos ovos, que ficaram engaiolados.
Prenderam-lhe o peito, querendo sair e ruflaram suas asas, pelo
céu afora, passarinhando como só eles sabem passarinhar...
É por isso que digo que palavras são passarinhos, alma
engaiolada, que tem sede e fome de tudo
Nas andanças da vida, podemos observar o bem-te-vi,
que, com seu canto, solta palavras, vive passarinhando, não
se cansa de passarear... Será que se tivermos a oportunidade
de conversar, com ele, vai nos entender?... Creio que sim,
pois, como ele vive passarinhando, nós humanos vivemos
palavreando.
Palavras são passarinhos, que vivem presos nas gaiolas.
As palavras vivem presas no livro, esperando que as leiamos,
para que possam sair da gaiola, que é o livro e voar para nossas
mentes.
Passarinhos, palavras, palavrarinhos, almas engaioladas,
que têm sede e fome sempre... Nós, fome dos livros, queremos
soltar as palavras e prendê-las em nosso eu...
Os passarinhos, fome de se soltar das gaiolas,
passarinhar, ruflar as suas asas e cantar pelo 
mundo afora.
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Andanças pela Vida" página 19




segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O Fluir da Água


O FLUIR DA ÁGUA
           

  Gosto de comparar a minha  vida ao manar da água... Agora sou um riacho de montanha, corro impetuosamente saltando de pedra em pedra, formando corredeiras, o barulho do meu corpo, quando pulo pelas rochas, preenche o ar desde os cumes até os acodes... Algum dia, no entanto, me tornarei  rios de planície, calmos, repletos, preguiçosos, e já não farei mais barulho, a não ser o  farfalhar produzido pelo vento, ao acariciar as folhas dos salgueiros, que ficam em minhas margens...
Isso seria muito desagradável, pois um ribeiro  de planície, calmo e preguiçoso, não seria para mim... Gostaria mesmo de ser uma torrente que desce pela montanha e que eu pudesse pular de pedra em pedra, a contemplar a fauna e o seu verdor...
Esse regato assemelha-me a ser modesta demais, muito pequena, e, além disso, eu abomino a ideia de acabar no raso...
Não almejo ser um afluente, quero ser um ribeirão que desemboca diretamente no infinito  oceano...
Minha paixão é pelo rio... Aspiro passar horas observando a extraordinária fauna, que posso admirar em seu caminho. Botos-cor-de-rosas que erguem-se ao longo do seu curso...
Deixe-me alegremente ser uma  torrente que desemboca no grande oceano, pois não são todos os riachos  que seguem para o mar...Alguns ribeirões têm o objetivo de abastecer lagos, lençóis freáticos e, por isso, não chegam até o mar, mas esse rio eu não gostaria de ser...
Ainda que, nesses regatos que não chegam até o mar, a flora é maravilhosa, bandos de aves de  vários tipos, alçam voos ali...Mesmo assim, não gostaria de sê-los.. Há torrentes que somem mergulham numa voragem, para só ressurgirem  quarenta quilômetros depois...Eu jamais gostaria de ser um rio assim, violento,  sumir e aparecer muito tempo depois...
Não gosto das coisas que somem... Tenho medo de desaparecer, pois sendo um afluxo  calmo, que caminha para o mar, esse sim, eu almejaria ser, sempre... Gostaria de ser um flúmen  que, com sua correnteza tranquila, eu pudesse seguir apreciando suas margens, suas floras e os peixes a me cumprimentar... Todos os rios são belos, desde o começo do mundo, pois estamos cansados de saber... Nunca deixarei que se tornem  adversos...

E se algum dia, o rio se tornar hediondo...Então fugirei para bem longe, não serei rio, e sim fumaça...Um belo dia o oceano vai acordar e, no meu lugar, encontrará um leito vazio...

Marilina Baccarat no livro "Corre como um Rio" página 33
























          SÓ ENTÃO EU COMECEI

   
      Me perdi exatamente no momento em que comecei a navegar por este rio abaixo... Só sei  que tudo começou  quando o rio sorriu para mim, eu já conhecia o seu sorrir, mas havia esquecido como era... Comecei a navegar nessas águas estéreis que, com os braços do rio feitos de águas tranquilas, fez calar a minha alma... E foi então que comecei a ouvir o canto dele, quando contornava os obstáculos... Um canto cheio de candura que o flúmen nos presenteia, quando vai de encontro ao mar... Principiei a singrar, mas nenhuma pessoa inicia a navegar antes do instante em que as águas estejam calmas... Só então comecei  a entender o que é este rio que habita em mim... Não importa com que águas eles venham... Ele simplesmente está lá... Não consigo saber exatamente, em que momento comecei  a navegar por suas águas abrandas.Somente Abanquei a recordar de suas margens e o céu que estava bem azul, sem nuvens e sem as brumas, a me impedir a visão... Deslizei perto de suas margens, a sair de meus caminhos  inabitados...E ao olhar, ainda que com timidez, para todas as paisagens, compreendi que havia um motivo, para que o ribeirão estivesse ali, a minha espera... Ninguém  poderia me ensinar a compreender este rio, que  com o passar do tempo soube me ensinar a entendê-lo, pois só é possível  compreender o rio, quando olhamos para ele com suas águas fleumas... Comecei a entender o respeito e a reverência que a experiência nos dá, quando em suas águas serenas sabemos navegar... A dar-me conta da deleita, que eu deixei que passasse despercebida durante a descida que fiz pelo rio afora singrando suas águas tranquilas... Agora não tenho tanta pressa, quero aproveitar suas paisagens, o céu azul e o sol a brilhar...Eu sou o navegar e o navegante, por esse flúmen afora... Não marquei no relógio, o momento que comecei a atravessar esse riacho...Só sei que comecei a querer brincar com suas águas, com uma percepção mais nítida do que é o sangrar   suas águas, mas também com um olhar mais sereno para o prazer de navegar serenamente, por suas águas serenas, a nos acalentar... Ostentar a ambição de navegar a cada manhã, tendo a certeza para o quê estou caminhando e comprometida com o sulcar, nas águas desse emito... Decididamente, cansei de de perambular por outros rios, sem um acordo seleto. E comecei a navegar por este rio, onde encontrei as águas atenuas... Assim, comecei a compreender de onde vim e a desejar mais a navegar aqui, a cada instante...Descobri então, que o antigo emito, está longe daqui, da minha própria essência... Segura estou em meu barco, neste rio onde as margens são floridas e sem que eu perceba, estou o tempo todo instituindo o que vivo...Que o meu navegar por este rio seja o gesto de uma vida toda, tentando chegar, através dele, até o oceano, que me levará para o outro lado do mundo... Não importa todas as curvas que já fiz descendo este rio, so sei que não me importo com o relógio, pois quero singrar as águas deste rio, até que eu possa chegar ao mar, onde eu poderei ver o nascer da lua...          O que me importa é o momento de poder ver o mar...É longe, o rio é comprido, mas seguirei até poder alcançar o oceano e atravessá-lo...Ao ouvir o canto do rio tenho a certeza, de que logo chegarei...Suas águas estão calmas e antes do anoitecer chegarei e poderei admirar o oceano.. Não sei exatamente, se o mar vai me dar a mão, para que eu possa atravessá-lo e, do outro lado, encontrar lugares distantes, que sempre esteve em minha alma...Se tenho medo?...Sim, o tenho, mas sei que começo a despertar antes do instante em que alguma coisa em mim consegue deixar a mostra o truque que o medo me faz...Então, eu começo devagarinho, para não assustar o medo, a refazer a trilha que me leva a enxergar as estrelas e querer presentear o mundo com seus brilhos do canto que o rio entoa Começo a entender o que é esse sol que nos encanta, quando reflete seus raios nas águas do emito... Não importa com que vestimenta o rio se veste, ele está lá, a me esperar, para que eu lance a minha canoa em suas águas, e ele me leve a navegar.:Que eu tenha o prazer, de poder admirar a paisagem de suas margense e que ele me leve a navegar, até que eu possa alcançar o oceano e abarcar do outro lado... Assim, poderei conhecer todo o mar e, do outro lado encontrar quem eu desejo abraçar...



Não sei em que instante comecei a despertar a minha vontade de navegar por este rio... Comecei a querer brincar, de  sulcar em suas águas, mais nítidas do que é o divertimento, mas, com o olhar mais puro para o que é o prazer de navegar, por suas águas...


       



O Mar dentro dos sonhos

O mar dentro dos sonhos

Sei bem quem fico,
Por certo oposta
No qual me perco
Onde se nota,
Nesse riacho,
Que esta sou eu...
Talvez, quem sabe?
(Marilina Baccarat)

Quando o vento fica lufando, por vários dias,
sobre o rio, é sinal de que suas tiorgas vão mudar o seu curso... Elas vão desembocar no mar, por outro trajeto...
Contudo, ele tem horror ao vazio, então, procura
contornar as pedras, que, pelo caminho, estão,
e, ao passar, consegue seguir o mesmo percurso,
que sempre fez, até que suas águas cheguem ao mar e se tornem salgadas... O que deveria brotar, naquele momento, deveria ser eu mesma... Estar, ali,naquela hora e poder assistir ao entrosamento do rio com o mar...
Mirando aquele oceano, o meu céu estava vazio,
eu não era uma pedra e, portanto, o sol podia me
esquentar... Mas, o que resultava desse aquecimento do sol, parecia-me ser um circuito elétrico. As minhas veias, os meus nervos eram a fiação, através da qual a eletricidade corria veloz, soltando faíscas... Nada parecia interessar-me... Mas, era, apenas, um sonho, para que eu pudesse recordar o passado...
Oh...lugar lindo, para que eu pudesse rememorar, onde ele me mostrava, deslumbrantemente, etapas de minha vida... Passagens maravilhosas, que, um dia, eu tive a doce alegria de palmilhar... Vontade de correr atrás, insistir... Pedir uma explicação... Mas, pedir a quem, ao sonho?
Não é sempre que temos a oportunidade de que os devaneios sejam repassáveis, ainda que, dentro deles, seja como se o passado estivesse em construção e o futuro prometendo ser lindo, tal qual a onda do mar, que ele traz até a praia e nos encanta, com suas espumas bem brancas, a nos deslumbrar...
Talvez, coisas que não servem para nada sejam as mais importantes... Até as sonhadas expressavam nosso temperamento vital, cheio de alento, incapaz de enxergar as sombras... Seriam elas, também, divididas, esfaceladas, quebradas em mil pedaços, até serem forçadas, algum dia, a recolher os fragmentos e a tentar recompor as sobras... Pois, pessoas só ficariam inteiras, quando aprendessem a vencer as sombras...
Em certas épocas da nossa vida, dentro de nossas noites, passeamos pelas mais lindas praias, que, antes, não conhecíamos, somente os nossos sonhares nos mostraram...
A cor do mar, em tom sobre tom, vai do verde esmeralda ao verde água clarinho, e a temperatura da água, como imaginamos, é morna e o vento está, sempre, soprando a nosso favor, levando-nos a passeios, de barco, até os lugares mais lindos do nosso passado, que, em nossa memória, ficou...
Nesse mar, quando a maré desce, é a hora em que podemos mergulhar, para que possamos avistar, lá no fundo, épocas, que já passaram e enxergaremos peixes de todas as cores e desenhos... A água desse pélago é tão transparente, que dá para ver, claramente, todos os mergulhos, que já oferecemos, até aqui, no presente...
Mas, quando a maré se tornou encapelada, eu sabia bem quem eu era, ilógica, no qual me perdia e, ali, me encontrava comigo mesma, nesse violento oceano e tinha a certeza de que aquela era eu... Quem sabe?
E tem muito mais beleza, na imensidão desse golfo e, o que é mais belo é o sol, o tempo todo refletindo em suas águas... Poderei ter a certeza, sem dúvida alguma, de que, dentro dessa enseada, que, em meus sonhos, aparece, existe o paraíso, que é, ali, dentro dos devaneios...
Então, naquela noite, dentro de meus sonhos, sentindo o cheiro do lagamar, que trazia suas ondas, com as espumas brancas e perfumadas, ví, em seu recôncavo, calmo, tranquilo, sereno, como sempre foi, em meu sono...
Ouvindo o barulho das ondas, a bater nas rochas, como a pureza de um cristal, contrastando com
o timbre da minha voz, achei que havia encontrado o meu porto seguro... Uma base, que, com alicerces seguros, daria novo alento à minha vida, dentro desse riacho, que é um imenso oceano, onde me acho...
O passado foi bom e é afável recordá-lo, principalmente, quando estou dentro dos sonhos, apreciando a calmaria do imenso mar. Isso é maravilhoso, pois são poucos que têm o privilégio de sonhar com o aguapé e tudo que há nele...
Observava um garoto a jogar uma bola para o seu cão, uma criança seguia de mãos dadas com seus pais, que a erguiam de vez em quando para fazê-la voar, e suas risadas confundiam-se com o rumorejar das ondas, que o mar, generosamente, as jogava de encontro às pedras...
À noite, chovera, abundantemente, o ar estava frio e nuvens carregadas e escuras corriam ao longe do horizonte... Na praia do meu sonho não havia ninguém, naquela noite...
Enquanto caminhava, nas areias brancas do mar, segui em silêncio e consegui reviver o passado, onde, no mar, me achei, dentro dos meus sonhos...
Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro  "Corre Como um Rio" página 21








La vai o barco


          LA  VAI  O  BARCO


Lá vai a vela, a desejar que o vento seja lento, só para não chegar ao cais e poder aproveitar esse mar...Balança, mesmo com o mar calmo, mas não naufraga, pois as águas são serenas,  mesmo o mar sendo perigoso, a vela prefere o oceano, a chegar ao porto que é seguro, para atracar sua embarcação...Como nós, que temos medo de chegar...De tropeço em tropeço vamos indo bem devagar, para não chegar aO porto de partida...